Quando
gente como Silas Malafaia ou Marco Feliciano abre a boca para vomitar
ódio contra homossexuais, deve-se pensar cada vez menos em religião e
mais em dinheiro.
Siga o dinheiro, sempre ele.
O que faz o sucesso de um pastor? Um rebanho grande, uma multidão
disposta a tudo para expulsar de suas vidas o que identificam como o
demônio, o diabo, o tranca-rua, o coisa-ruim, aquele que atrasa as
coisas; o “inimigo”, enfim.
O inimigo tem as faces de sempre: as drogas e o álcool, o adultério, o vício no jogo, o fracasso financeiro, etc etc.
O rebanho paga bem, muito bem, para se ver livre do demônio. Milhões e milhões de reais livres de impostos.
E o “demônio” que mais assusta o Brasil conservador, você imagina
qual é: é um diabo que faz você ouvir Madonna e bebericar cosmopolitans.
Em pesquisa do Ibope feita há três anos, 24% dos brasileiros disseram
que se afastariam de um colega de trabalho caso descobrissem que ele é
gay. No mesmo estudo, 55% se colocaram contra a união de pessoas do
mesmo sexo. Entre as pessoas de mais de 50 anos, o número subia para
73%.
Toda vez, portanto, que Malafaia aparece dizendo que está “aqui pra
dizer que a família é milenar, homem, mulher e sua prole”, ele está
ouvindo o dinheiro tilintar na caixa registradora. Quando ganha fachada
ao pedir o boicote a uma novela ou um comercial de perfume que ousem
retratar a realidade, ele ouve o farfalhar das notas.
Toda vez que Marco Feliciano escreve (sic) no Twitter que “A podridão
dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, à rejeição”,
ele liga para o salão de beleza e encomenda o alisamento capilar mais
caro que o dinheiro pode comprar.
Até quando vira notícia porque seu site é invadido por hackers que
pintaram a página inicial com as cores do arco-íris, Feliciano vai
sorrindo a caminho do banco.
Você não precisa acreditar em mim. Acredite (se conseguir) em Malafaia. Veja um tweet dele:
São homens que vivem do medo, que vivem de incitar o preconceito e o ódio para vender a solução em seus templos. São homens ricos que ficarão mais ricos em meio a cada polêmica.
Porque simplesmente não há punição contra seus crimes de ódio contra cidadãos brasileiros que nada de errado fizeram.
Instilando o desespero na mente das pessoas, associando os gays à
decadência moral, a doenças e comportamento criminoso, eles conseguem,
lá na frente, cacife político para colocar um Eduardo Cunha na
presidência da Câmara. O mesmo abominável que trava toda a agenda de
inclusão GLBT e que, em silêncio, aprovou na semana passada mais isenção
tributária a igrejas.
(Cunha, aliás, é dono de uma mega rádio gospel, onde se criou como
força política. Seu apetite para ganhar dinheiro em nome do Senhor é tão
grande que o rapaz se adonou de 154 domínios de internet com a palavra
“Jesus”.)
Ter preconceito contra homossexuais, portanto, é um bom negócio. Quem
sabe não se arranja até espaço para promover a “cura gay”, como quis
Feliciano enquanto presidia a Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Imagine quanto se cobra a uma faxineira para “endireitar” o filho boiola por aí.
Uma das raízes da palavra homofobia é, não à tôa, “medo”; na socidade
ocidental, há séculos o homossexualismo é alvo do que pode se
classificar de medo irracional.
Algumas linhas da psicologia afirmam que a homofobia não passa da
projeção de um medo interior de sentir atração por alguém do mesmo sexo.
Proibindo que a homossexualidade aconteça fora dele, o indivíduo
acredita estar em segurança com seus impulsos indesejáveis. É um
mecanismo rudimentar de autopreservação do aparelho psicológico.
É comum achar que sim, mas não acho que nossos pastores sejam gays enrustidos. Duvido até que sejam, realmente, homofóbicos.
São capitalistas declarados, isso sim. Gênios da publicidade
gratuita, manipulam o medo dos pobres e segregam quem nada tem a ver com
seu sonho de poder.
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