Eleição aponta reaglutinação do conservadorismo sob Serra
A disputa presidencial de 2010, que estava latente, agora invade o tabuleiro da política brasileira com uma clivagem de forças cada vez mais definida e agressiva. A velocidade dessa reaglutinação que antecipa a luta pelo poder será vitaminada pelo desenrolar da crise mundial nos próximos meses. O processo eleitoral de 2008 terminou com uma clara reaglutinação do conservadorismo sob as asas do tucano José Serra.
Redação - Carta Maior
1. O processo eleitoral de 2008 termina com clara reaglutinação do conservadorismo brasileiro sob as asas do tucano José Serra.
2. A disputa presidencial de 2010, que estava latente, agora invade o tabuleiro da política brasileira com uma mistura de forças cada vez mais definida e agressiva. A velocidade dessa reaglutinação será vitaminada pelo desenrolar da crise mundial nos próximos meses.
3. O agravamento do quadro internacional, seus desdobramentos inevitáveis no país, apressará a identificação, no plano econômico, da clivagem de projetos que a partir de agora assume visibilidade incontestável no plano político. Estreitou, portanto, a arena dentro da qual o governo Lula conduzia sua liderança (e seu projeto econômico) de maneira quase incontestável, tanto no âmbito da sociedade quanto no manejo do leque parlamentar.
4. O conservadorismo nativo, que sempre bajulou José Serra mas tinha dúvidas sobre sua liderança no tucanato - contingenciada desde sempre por Fernando Henrique Cardoso, que se torna figura crepuscular no partido com a derrota de Alckmin e a vitória de Kassab em SP - tentará agora fazer da crise seu cabo eleitoral para extrair daí um projeto "mudancista" para 2010.
5. Empalmar o cetro da "mudança" não será tarefa fácil. A frente PSDB-DEM (PFL) desde sempre se posicionou como o patrono nativo e o ventríloco ideológico mais aguerrido da ressurreição do laissez-faire e o correspondente rebaixamento da dimensão pública da vida em todas as suas esferas, da economia à política, da cultura à subjetividade. Foi esse trator privatista que implodiu agora levando o sistema capitalista mundial a uma crise só equiparável a de 29 - ou pior, como diz o economista François Chesnais em palestra recente transcrita por Carta Maior.
6. O governo Lula que compreensivelmente tem procurado conduzir o enfrentamento da crise à frio, ou seja, sem evidenciar a disputa política que ela encerra, dificilmente manterá sua hegemonia no processo se a partir de agora não incorporar ao seu arsenal a derrota - e as conseqüências incontornáveis que ela traz - da plataforma abraçada até hoje pelo conservadorismo tucano/demo, a saber, o ideário do chamado Consenso de Washington.
7. A omissão do governo apenas facilitará a reanimação conservadora, que enfrentará por seu lado o mais duro teste de qualquer força política: realizar uma baldeação ideológica para se livrar, ao menos epidermicamente, da ruína que o seu ideário está produzindo e continuará a produzir no planeta nos próximos anos. Igual adversidade enfrentará sua nova liderança, o governador José Serra. Supostamente uma dissidência desenvolvimentista dentro do PSDB, Serra terá que exercitar inimagináveis malabarismos - claro que nisso terá o apoio obsequioso da mídia - para encontrar o ponto de amálgama entre a sua propalada visão econômica e os interesses da base composta por financistas, ruralista e de endinheirados da classe média vocalizados pelo bunker de direita, em nome do qual foi ungido o general-de-guerra da luta contra Lula, o PT e as forças de esquerda.
8. O cenário da semana que se inicia já será marcado pela movimentação submersa dessas variáveis. Com base nelas o governo terá que tomar decisões e assumir riscos políticos com densidade para montar uma estratégia capaz de:
a) destravar o crédito que continua paralisado;
b) forçar um acordo entre bancos e empresas que permita repartir prejuízos de até US$ 40 bi em operações especulativas com o dólar futuro;
c) estabilizar a taxa de câmbio, fator crucial para o cálculo econômico;
d) evitar nova alta dos juros no COPOM;
e) criar um consenso de forças políticas amplas (partidos, movimentos sociais e sindicatos) sobre a expansão do investimento público para evitar a recessão. Se fracassar nesses desafios uma safra de ações jurídicas, -com insolvências de bancos e empresas - afetará a vida econômica do país adicionando velocidade à luta pelo poder na sociedade.
A disputa presidencial de 2010, que estava latente, agora invade o tabuleiro da política brasileira com uma clivagem de forças cada vez mais definida e agressiva. A velocidade dessa reaglutinação que antecipa a luta pelo poder será vitaminada pelo desenrolar da crise mundial nos próximos meses. O processo eleitoral de 2008 terminou com uma clara reaglutinação do conservadorismo sob as asas do tucano José Serra.
Redação - Carta Maior
1. O processo eleitoral de 2008 termina com clara reaglutinação do conservadorismo brasileiro sob as asas do tucano José Serra.
2. A disputa presidencial de 2010, que estava latente, agora invade o tabuleiro da política brasileira com uma mistura de forças cada vez mais definida e agressiva. A velocidade dessa reaglutinação será vitaminada pelo desenrolar da crise mundial nos próximos meses.
3. O agravamento do quadro internacional, seus desdobramentos inevitáveis no país, apressará a identificação, no plano econômico, da clivagem de projetos que a partir de agora assume visibilidade incontestável no plano político. Estreitou, portanto, a arena dentro da qual o governo Lula conduzia sua liderança (e seu projeto econômico) de maneira quase incontestável, tanto no âmbito da sociedade quanto no manejo do leque parlamentar.
4. O conservadorismo nativo, que sempre bajulou José Serra mas tinha dúvidas sobre sua liderança no tucanato - contingenciada desde sempre por Fernando Henrique Cardoso, que se torna figura crepuscular no partido com a derrota de Alckmin e a vitória de Kassab em SP - tentará agora fazer da crise seu cabo eleitoral para extrair daí um projeto "mudancista" para 2010.
5. Empalmar o cetro da "mudança" não será tarefa fácil. A frente PSDB-DEM (PFL) desde sempre se posicionou como o patrono nativo e o ventríloco ideológico mais aguerrido da ressurreição do laissez-faire e o correspondente rebaixamento da dimensão pública da vida em todas as suas esferas, da economia à política, da cultura à subjetividade. Foi esse trator privatista que implodiu agora levando o sistema capitalista mundial a uma crise só equiparável a de 29 - ou pior, como diz o economista François Chesnais em palestra recente transcrita por Carta Maior.
6. O governo Lula que compreensivelmente tem procurado conduzir o enfrentamento da crise à frio, ou seja, sem evidenciar a disputa política que ela encerra, dificilmente manterá sua hegemonia no processo se a partir de agora não incorporar ao seu arsenal a derrota - e as conseqüências incontornáveis que ela traz - da plataforma abraçada até hoje pelo conservadorismo tucano/demo, a saber, o ideário do chamado Consenso de Washington.
7. A omissão do governo apenas facilitará a reanimação conservadora, que enfrentará por seu lado o mais duro teste de qualquer força política: realizar uma baldeação ideológica para se livrar, ao menos epidermicamente, da ruína que o seu ideário está produzindo e continuará a produzir no planeta nos próximos anos. Igual adversidade enfrentará sua nova liderança, o governador José Serra. Supostamente uma dissidência desenvolvimentista dentro do PSDB, Serra terá que exercitar inimagináveis malabarismos - claro que nisso terá o apoio obsequioso da mídia - para encontrar o ponto de amálgama entre a sua propalada visão econômica e os interesses da base composta por financistas, ruralista e de endinheirados da classe média vocalizados pelo bunker de direita, em nome do qual foi ungido o general-de-guerra da luta contra Lula, o PT e as forças de esquerda.
8. O cenário da semana que se inicia já será marcado pela movimentação submersa dessas variáveis. Com base nelas o governo terá que tomar decisões e assumir riscos políticos com densidade para montar uma estratégia capaz de:
a) destravar o crédito que continua paralisado;
b) forçar um acordo entre bancos e empresas que permita repartir prejuízos de até US$ 40 bi em operações especulativas com o dólar futuro;
c) estabilizar a taxa de câmbio, fator crucial para o cálculo econômico;
d) evitar nova alta dos juros no COPOM;
e) criar um consenso de forças políticas amplas (partidos, movimentos sociais e sindicatos) sobre a expansão do investimento público para evitar a recessão. Se fracassar nesses desafios uma safra de ações jurídicas, -com insolvências de bancos e empresas - afetará a vida econômica do país adicionando velocidade à luta pelo poder na sociedade.
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