quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O JOGO DA VERDADE



Ao contrário do Brasil, onde os jornalões fingem que são imparciais mas apoiam desavergonhadamente o candidato que pode lhe ser útil mais tarde, favorecendo-o no noticiário, nos Estados Unidos o jogo é aberto e franco. Alguns jornais endossam abertamente o candidato que consideram o melhor de seu ponto de vista, sem interesses escusos e promessas de favorecimentos. E procuram ser imparciais no noticiário.

Um dos mais tradicionais e respeitados jornais dos Estados Unidos é, sem dúvida, o New York Times. E o jornal, mantendo uma tradição que vem desde a eleição de 1860, quando apoiou o republicano Abraham Lincoln, divulgou na quinta-feira (23), em seu principal editorial, seu apoio à candidatura de Barack Obama.

Com o título “Barack Obama for President”, logo nos três primeiros parágrafos, o editorial deixa claro as razões que o levaram a essa decisão:

Os Estados Unidos estão maltratados e desnorteados depois de oito anos da fracassada liderança do Presidente Bush. Ele vai sobrecarregar seu sucessor com duas guerras, uma péssima imagem internacional e um governo sistematicamente fraco em sua capacidade de proteger e ajudar seus cidadãos, seja durante as enchentes causadas pelos furacões, nos altos preços dos cuidados de saúde, ou pelos que lutam para manter suas casas, seus empregos, sua poupança e pensões, em meio a uma crise financeira previsível e que poderia ser evitada.

Nestes tempos difíceis, a escolha de um novo presidente torna-se fácil. Depois de quase dois anos enfrentando uma agressiva e feia campanha, o senador Barack Obama de Illinois provou que é a escolha certa para ser o 44 º presidente dos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, o senador John McCain do Arizona tem pregado em sua campanha a divisão partidária, de classes e até mesmo, levemente, racista. Sua visão política e de mundo são ultrapassadas. Escolher para vice em sua chapa uma pessoa manifestamente despreparada para o cargo, foi seu ato final de oportunismo e julgamento errado que eclipsou suas realizações de 26 anos no Congresso.

A nove dias do pleito, Obama aparece na frente da apuração. Mas como, perguntará o leitor, a votação não é no dia 4 de novembro? É verdade. Mas vários estados anteciparam a votação para aliviar o movimento que certamente vai haver no dia da eleição.

E uma das particularidades do processo eleitoral americano é que uma pessoa, quando se inscreve para tirar o título de eleitor, tem a opção de declarar-se democrata, republicano ou independente ou deixar em branco esse item. Isso não significa que, marcando uma cruzinha em determinado partido, ele esteja obrigado a votar para sempre naquele partido. Não, ele pode votar em quem bem entender. Mas o sistema sabe qual a preferência partidária de cada votante, embora a contagem oficial só comece no dia da eleição.

Através desse dispositivo, na sexta-feira Obama levava considerável nos Estados de Iowa, Carolina do Norte, Ohio, Nevada e Novo México, todos que elegeram George Bush em 2004. Na Flórida havia uma ligeira vantagem para McCain e no Colorado os dois estavam empatados.

E, pra não dizer que não falei de crise, vale comentar as cartas contendo um pó branco e uma ameaça que foram enviadas a cerca de cinquenta instituições financeiras nos EUA. As cartas saíram todas de Amarillo, no Texas. E devem ter assustado muita gente poderosa, pois o FBI foi acionado e está prometendo uma recompensa de 100 mil dólares a quem der pistas que levem ao misterioso missivista. O bilhete continha o seguinte recado:

Vocês roubaram dezenas de milhares de pessoas e esperavam não ter consequências? É hora da vingança. O pó que você respirou vai lhe matar em dez dias".

Os dez dias ainda não se passaram, mas o FBI garante que o pó é inofensivo.

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