segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A QUADRILHA QUE VAI GOVERNAR SÃO PAULO

DEM na quadrilha do Daniel Dantas



Eu avisei vocês. A Folha estava esperando passar o segundo turno da eleição para tirar da gaveta as matérias contra o DEM, não foi?. Está na Folha de hoje a ligação de Daniel Dantas, Orestes Quércia, que deu a vice para Kassab e o DEM.

Os diálogos captados pela Polícia Federal entre Carlos Rodenburg(braço direito de Daniel Dantas) e sua rede de contatos políticos mostram que, no começo de maio, o homem de confiança de Daniel Dantas organizou um leilão de gado para o qual convidou toda a bancada ruralista no Congresso Nacional. Captadas pela PF durante a Operação Satiagraha, com autorização da Justiça, as conversas apontam que o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) e o ex-governador Orestes Quércia (PMDB) também estavam entre a lista dos convidados:

Quércia: "Carlinhos!"

Rodenburg: "Ô meu governador!"

Rodenburg: "Queria só te lembrar do nosso leilão aqui no dia 1º".

Quércia: "Carlinhos, eu acho que não vou poder ir lá. Eu tava até programado de ir (...), mas aí deu um probleminha aqui (...). Mas vou ver se consigo contornar aqui, viu? (...) Eu tenho, inclusive, uma venda minha. Tenho até obrigação de ir".

Rodenburg: "Não, não tem obrigação nenhuma. Mas Quércia, deixa eu te falar. Eu tenho um outro assunto para te perguntar, daquela pessoa que eu te falei, para tomar um conselho".
Quércia: "(...) Nós podemos fazer o seguinte: chegando lá (...), a gente sai e conversa um pouquinho.
(...)

Rodenburg: "Então quarta-feira você me chama no telefone, quando você chegar, de repente eu te pego no aeroporto e a gente vai junto".

Rodenburg também combinou de buscar Heráclito para o leilão:
Heráclito: "Onde estás?"

Rodenburg: "Ainda estou solto!"

Heráclito: "Que milagre!".
(...)
Heráclito: "Carlinhos, estou indo para aí agora".
Rodenburg: "Que horas que você chega?"

Heráclito: "Três, três e pouquinho"

Rodenburg: "Então eu te pego lá e a gente vem para a fazenda direto".

Heráclito: "Não, não. Eu vou ficar com Mariana, a gente tem um hotel reservado".
Rodenburg: "Não vai ficar em hotel, tem uma casa boa aqui".

Rodenburg chegou a tratar da estadia da bancada ruralista em sua fazenda com Lupion e Bornhausen:

Bornhausen: "Você convidou a senadora [Kátia Abreu, DEM-TO], né?"
Rodenburg: "Falei, eu te liguei até. O problema é o seguinte: eu estava preocupado com a programação de Uberaba, que [inaudível] já tinha me dito que vocês iam por Uberaba. Então eu disse: bom, vou convidar para ficar lá em casa, porque pelo menos dá outro rumo, né?"

Pelas conversas captadas pela PF, parecia estar tudo acertado para a hospedagem dos congressistas durante o leilão.

"Eu falei com o Jonas também, vê quem é que vocês precisam que fique na minha fazenda de Uberaba. Até o dia 3, eu tô com a casa lotada, porque vêm o Ronaldo Caiado, o Lupion, o Ônyx Lorenzoni, os deputados da bancada ruralista, mais a senadora Kátia Abreu", disse Rodenburg à secretária do fazendeiro Jonas Barcelos. Entre os citados nos diálogos captados, somente o deputado federal Abelardo Lupion confirmou ter passado uns dias na propriedade do empresário.

De um lado, as conversas revelam uma relação de amizade de Carlos Rodenburg, homem de confiança de Daniel Dantas, com o ex-senador e ex-presidente do DEM Jorge Bornhausen, o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia (PMDB), o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) e integrantes da bancada ruralista no Congresso Nacional, como o deputado federal Abelardo Lupion (DEM-PR).

A Folha teve acesso ao áudio dos grampos, realizados com autorização judicial pela Polícia Federal. Nas conversas, Bornhausen, Quércia e Heráclito se referem a Rodenburg como "Carlinhos". Com freqüência, Rodenburg coloca à disposição dos políticos carro e motorista para buscá-los em aeroportos e eventos sociais.

Três dias após a Folha ter revelado, em 26 de abril, a existência de uma investigação da PF sobre o Opportunity e seus sócios, Bornhausen procura Rodenburg para lhe oferecer ajuda. O sócio de Dantas comenta com o ex-senador que está com medo de ser preso.

Bornhausen: "Me disse o Rafa [...] que é uma ação absolutamente ilegal, né?".

Rodenburg: "Totalmente, totalmente [...]. É um negócio feio. A sensação é horrível, porque você não sabe o que está acontecendo. Aí acorda de manhã achando que tem carro de polícia".

Bornhausen: "Se você precisar de mim, me avise".
Helena.

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