domingo, 26 de outubro de 2008

DATATERROR NÃO VAI PUBLICAR BOCA-DE-URNA

Pré-análises eleitorais

Entendo que a disputa pelas prefeituras faz parte de uma luta política maior, mas creio que, para a esquerda brasileira, o que ela conseguiu já está de bom tamanho. Terminado o segundo turno, poderemos fazer análises mais aprofundadas; já se pode afirmar, porém, que os partidos de esquerda cresceram de maneira formidável no primeiro turno. Por outro lado, reportagem publicada pela Folha sinaliza que os partidos de oposição devem perder este ano, mesmo vencendo em SP, mais de 10 milhões de eleitores. O PSDB deverá governar 16 milhões de eleitores a partir de 2009, uma boa queda sobre os 22 milhões de eleitores atuais. Enquanto isso, o eleitorado do PT deve subir de 17,7 milhões hoje para 19,6 milhões em 2009, consolidando-se como o segundo maior partido brasileiro, depois do PMDB. O DEM, que já chegou a governar 25,7 milhões de pessoas em 2004, liderando o ranking dos partidos, deverá iniciar 2009, caso ganhe o pleito em São Paulo, administrando 16,9 milhões de eleitores.

Quanto à Gabeira, notei divisão entre meus leitores, embora a enquete do blog tenha apontado vitória esmagadora de Eduardo Paes (50% Paes, 14% Gabeira e 35% Nenhum dos dois). Permitam-me um clichê: respeito a opinião de todos, seja quem vota em Kassab, Paes, Gabeira, ou Crivella. Não acho que ninguém é pior ou melhor porque vota na esquerda ou na direita. Ao contrário, já topei com muito mau caráter de esquerda.

É preciso entender que, mesmo Kassab ganhando, ele terá duas opções: ou faz um bom governo, que contemple também as camadas mais humildes, ou sua gestão representará a pá de cal sobre o túmulo que o Partido dos Democratas, o DEM, vem cavando para si nos últimos anos, com sua defesa aloprada de magnatas, banqueiros e donos de jornais. Se ele optar pelo primeiro item, ótimo. Não torço, a priori, contra governo nenhum. Seria ótimo que DEM e PSDB aprendessem com seus erros e se mostrassem realmente capazes de realizar políticas públicas de qualidade. A direita, em todo mundo, é nacionalista (na maior parte das vezes de forma burra, xenófoba e preconceituosa) e defende a classe média baixa (embora de forma hipócrita e eleitoreira). Só aqui no Brasil temos essa direita entreguista e elitista.

O que venho martelando por aqui é que o tratamento maternal que a mídia dá a seus partidos de estimação (PSDB e DEM) infantiliza-os e debilita-os moralmente. José Serra, por exemplo, não pode exercer o sagrado direito (e a diversão) de lutar o bom combate político, defendendo suas idéias junto à sociedade, porque a mídia alinha-se em torno dele com tal ferocidade e submissão, que ele se cala, tolamente satisfeito. Parece um príncipe chinês preso na Cidade Proibida. Aquela de culpar PT e CUT pela greve (e o embate com a PM) da Polícia Civil de São Paulo, por exemplo, merecia longos editoriais e reportagens mostrando que o movimento agiu com independência partidária.

No Rio, voto Paes, pelas razões já apresentadas, mas a maior parte das pessoas que conheço votarão no Gabeira. Um leitor achou ridiculo eu criticar Gabeira por ele ter "virado a casaca", saindo do PT e se tornado ferrenho opositor, alegando que Eduardo Paes fez o mesmo, mas no sentido contrário. É verdade, mas eu sempre soube que o Eduardo Paes tem seus problemas. Tanto que cheguei a cogitar dar meu voto ao Gabeira. O importante, todavia, é as pessoas observarem quem está por trás dos candidatos, qual o seu "entourage". Lembrei também que Gabeira apoiou a candidatura de César Maia em 2004, o que reforça a minha crença de que sua administração representará a continuidade da gestão atual.
Comentário.
Vários entrevistadores, inclusive um que trabalhou voluntariamente no IBGE, do DATATERROR, alegaram toda sorte de doença, uns até aderiram à greve da Polícia Civil de São Paulo, para não caírem em campo na eleição de São Paulo, por isso este infalível instituto de pesquisas não vai publicar hoje o resultado da boca-de-urna.No entanto, para não deixar meus 50 fiéis e amáveis leitores na mão, eu decidi colar/copiar este incensurável artigo de Miguel de Rosário.

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