sexta-feira, 31 de outubro de 2008

DESCOMPROMISSO COM A EDUCAÇÃO



Piso: professores protestam contra Adin de governadores


Sindicatos ligados à área da educação e parlamentares protestaram nesta quinta-feira (30) contra o ingresso, ontem, no Supremo Tribunal Federal (STF) de uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin), assinada pelos governadores do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná, do Mato Grosso do Sul e do Ceará, contra a implementação da lei do Piso Salarial Nacional para o magistério.

“Ao ingressar no STF contra a lei a governadora Yeda Crusius (PSDB) deixa claro que o seu governo não tem nenhuma preocupação com a qualidade do ensino prestado aos gaúchos”, critica em nota o Cepers-Sindicato (Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul).

“É um retrocesso. Os professores se empenharam em uma luta histórica para conquistar um piso salarial”, agrega o deputado do Estado do Mato Grosso do Sul, Pedro Kemp (PT), que é ligado à área de educação.

A CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), em resposta a Adin dos governadores, também ingressou com uma outra ação no STF, nesta mesma quarta, para garantir a implementação do piso.

A Lei 11.738, de julho deste ano, fixou o piso salarial nacional de R$ 950,00 para os professores da rede pública. A mesma lei diminuiu o número de horas que a categoria passa dentro da sala de aula e aumentou o tempo para atividades extraclasse - como qualificação profissional, correção de provas e preparação de material.

Quem tomou a iniciativa do movimento judicial contra o piso foi a governadora tucana. Ainda na quarta Yeda se encontrou com o vice-presidente do STF, Carlos Ayres Brito para debater o assunto. Ela alega que o estado não tem como contratar mais 27 mil professores para substituir aqueles que estiverem em atividades extraclasse.

Argumento falho

“A lei manda que 33% da carga horária dos professores seja hora extra aula. Eu teria que fazer concursos, contratar de 15% a 20% a mais de professores para cumprir a lei”, reclamou Yeda ao deixar o STF.

De acordo com a secretária da Educação do RS, Mariza Abreu, o estado não tem como pagar o piso nacional, pois não são levados em conta os benefícios que os servidores já possuem. Além disso, ela disse que a elevação do salário base dos professores para R$ 950,00 exigiria uma mudança completa do orçamento do Rio Grande do Sul.

Para o deputado Kemp, “este argumento não procede, por que a própria lei esclarece que o governo federal vai ajudar os estados que não puderem pagar os valores”.

Yeda e Cid protocolaram Adin

Os outros governadores que assinam a Adin são Luiz Henrique da Silveira (PMDB), de Santa Catarina, Roberto Requião (PMDB), do Paraná, André Puccinelli (PMDB), do Mato Grosso do Sul, e Cid Gomes (PSB), do Ceará. O objetivo do movimento de Yeda é fazer com que todos os governadores assinem a Adin.

Ela e o governador do Ceará fizeram questão de protocolar a ação pessoalmente. A base da argumentação da Adin é que a lei federal, na medida em que tratou de questão da competência dos estados, constitui “atentado à autonomia constitucionalmente assegurada”. Além disso, alegam que o aumento dos investimentos – em virtude da necessidade de contratação de novos docentes – é estimado em “milhões de reais anuais”.

A lei ''impôs aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios regras desproporcionais, por implicarem despesas exageradas e sem amparo orçamentário'', diz o documento. Os governadores ainda pediram a concessão de medida liminar, antes do julgamento do mérito da ação.

Na ação, eles citam os “prejuízos” causados pela lei: ''Ora, o impacto pedagógico - com a introdução de novos docentes, muitos provavelmente não sintonizados com as diretrizes dos sistemas estaduais de ensino e certamente não com os educandos -, além do já mencionado impacto financeiro, revela aqui também a ausência de proporcionalidade da norma''.

Governo de Sergipe garante piso

Pelo menos um estado já deixou claro que não participará do movimento liderado pela governadora tucana. A partir de janeiro de 2009, o governo de Sergipe reafirmou ontem em nota que vai iniciar o pagamento do piso.

O secretário de Educação, professor José Fernandes de Lima, reafirmou que o governo está preparado para cumprir a legislação pertinente e já está fazendo um estudo do impacto do pagamento na folha de pessoal.

Segundo o secretário, o governo sergipano sempre se posicionou a favor do piso salarial dos professores e foi uma das vozes que saiu em defesa do piso na última reunião do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).

''Desde o princípio que firmamos o compromisso de pagar o piso salarial nacional dos professores. Estamos preparados para cumprir com a determinação, a partir de janeiro de 2009, como manda a Lei'', reforçou.

Veja abaixo a nota do Cepers/Sindicato:

Piso: Yeda mostra que a qualidade da educação não é prioridade do governo

Ao ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a lei que instituiu o Piso Salarial Nacional Profissional para o magistério, a governadora Yeda Crusius deixa claro que o seu governo não tem nenhuma preocupação com a qualidade do ensino prestado aos gaúchos.

Acompanhada de outros quatro governadores - Ceará, Roraima, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina - Yeda ingressou na quarta-feira 29 com o pedido de inconstitucionalidade do piso, alegando que a ''lei fere o princípio de autonomia da administração pública''.

Para o Cpers/Sindicato, é inadmissível esse questionamento, pois o valor estipulado pela lei está bem aquém do aceitável para realmente valorizar a categoria. É mais uma aprova de que o governo não tem preocupação com a educação.

O Cpers/Sindicato continuará lutando pela implantação da lei do piso em sua totalidade e preparando a Campanha Salarial que tem como eixos o reajuste salarial emergencial, a defesa dos planos de carreira, a implantação do piso nacional a e a defesa do IPE com previdência e qualidade na saúde.

João dos Santos e Silva, assessor de imprensa do Cpers/Sindicato
Comentário.
Vale destacar que José Serra, Aécio Neves só não assinaram a petição porque são candidatos a candidatos ao cargo de presidente da República em 2010.Isto mostra a falta de caráter de ambos, em particular de José Serra. Para escapar do desgaste, usaram meia dúzia de cobaia para ajuizar ação e, ao final, saírem bem na fita.Mas as páginas dos matutinos estão ai para mostrar que eles são totalmente contra essa lei.Meu HD de 250 GB tem tudo guardadinho, só espera o momento certo para reproduzir a matéria. Por fim, resta parabenizar Eduardo Campos(PSB-PE), Marcelo Deda(PT-SE) Wellington Dias(PT-PI), J. Wagner(PT-BA),´Sérgio Cabral(PMDB-RJ) por estarem pagando o piso nacional do magistério.

4 comentários:

necolima disse...

Sr. Terror,
Volto ao tema para esclarecer meu ponto de vista.

Realmente, e ao contrário do que imaginei de início, O piso Nacional para os Professores não agredi a Constituição.
Houve, antes da lei de julho, uma alteração constitucional ( emenda 53/06) que permitiu a fixação do piso.
Portanto, creio que a Ação de inconstitucionalidade não prosperará.
Coisa de tucanos, sem dúvida....

E, afinal, 950 reais representa pouco mais que dois salarios minimos. Quem não puder pagar é melhor fechar...
Por outro lado, parece que a reclamação maior reside na carga horaria extra-classe ( os tais 30%). Aí, neste ponto especifico, talvez a Ação possa ter algum sucesso. Parece que aqui o corporativismo falou mais alto...

Afinal, um amigo conhecedor da area da educação já diagnosticou: O grande problema da educação no Brasil é que apesar de todos defenderem a importancia da atividade há duas categorias que detestam aula: Aluno e Professor....

necolima disse...

Sr. Terror,

"agredi" é realmente terrivel!!!!

O TERROR DO NORDESTE disse...

Sr. Neco Lima

Acho que até que enfim concordamos com alguma coisa.Lamento apenas o fato de o Sr. ficar sabendo da EC 53/06 só agora. Quanto aos tucanos, esse bicho do bico grande, que adora cagar ralo não presta.Em relação ao erro verbal, não se avexe não, faz parte. Este blogueiro, de vez em quando, comete erros gramaticais inadmissíveis, mas nada que invalide o entendimento dos meus 50fiéis leitores. O importante é que sua opinião é irretocável,tanto é que estou pensando colocar o Sr. como assessor jurídico deste blog.Pense nisso.

Cadu disse...

Professor gosta de dar aulas sim, ao contrário do que você, necolima, pensa. Você já deu aula? Creio que 30% de carga horária para atividades extra-classe são ainda pouco ante o volume de trabalho que um professor tem depois da sala de aula.
Claro, muitos irão desperdiçar esse tempo, mas creio ser uma questão de costume e mesmo cobrança institucional. Acredito que a medida é um passo fundamental na valorização do professorado que garante o seu tempo de lazer, e dá condições de cidadania para o mesmo, além de possibilitar a constante atualização.
enfim...
abraço!