terça-feira, 11 de agosto de 2009

Crise no Senado, direita em “xeque”

10 de Agosto de 2009

Eron Bezerra *

A crise no Senado, animada por fatos reais e outros fabricados, finalmente começa a ser enfrentada pelas forças políticas que dão sustentação ao governo Lula, a partir da representação feita pelo PMDB contra o líder do PSDB, Senador Artur Virgilio.

Mas é bom ter presente que ela ainda não está em “xeque-mate”. A direita ainda tem margem de manobra. A principal delas é precisamente a confusão ou o oportunismo que contamina boa parte da base de sustentação do governo. Uma parte ainda não percebeu ou finge não perceber que o alvo não é Sarney. O alvo é Lula e o objetivo é paralisar o governo e impedir as suas realizações.

Mas estas realizações são boas para o povo, ponderará o desatento, como pode a direita querer impedir que elas aconteçam?

A direita brasileira e mundial tem características que são próprias de seu conteúdo de classe, dentre elas a vocação golpista, o elitismo e o desprezo pelo povo. Basta uma simples busca pela história recente para a comprovação dessa assertiva. Sempre que ela não consegue se apoderar do poder pelo voto - e aí faz apologia à democracia burguesa – ela recorre aos golpes de estado ou assaltos às instituições como fez com Severino Cavalcanti – que ela elegeu – e agora tenta contra Sarney.

Com a ação do PMDB a direita entrou em check, na medida em que terá dificuldade de explicar porque considera grave os “pecados” de Sarney – muitos dos quais cometidos pelo PFL e o próprio PSDB nos longos de comando da mesa da casa – mas considera irrelevantes, injustificados e até mesmo “retaliação”, os delitos assumidos publicamente pelo representado.
A partir de agora qualquer pessoa que analise com isenção os fatos perceberá que a motivação da direita em representar contra Sarney – por pecados reais ou fabricados, repito – se orienta não por uma saudável busca da moralidade. Perceberá que os motivos são exclusivamente politiqueiros, em certa medida golpistas.

Se a motivação fosse de caráter ético, com o intuito de passar a limpo o senado – o que mereceria de todos nós aplausos – como explicar a reação diante de uma ação movida pelo PMDB que nada faz do que relatar fatos já assumidos na tribuna do senado pelo denunciado?

Se forem irrelevantes o conselho de ética certamente recomendará o arquivamento da ação. Se assim não agir ficará evidente a parcialidade e caberá ao judiciário a mediação final para reparar eventuais desvios ou perseguições.

Doravante a direita perde o discurso de que deseja sanear o Senado – que piada – salvo se fizer uma manobra radical e entregar alguns dos seus ao cadafalso. Se não fizer estará desmoralizada e então entrará em “xeque-mate”, situação em que um contendedor não tem mais margem alguma para se movimentar.
Engenheiro Agrônomo, Professor da UFAM, Deputado Estadual Licenciado, Secretário de Agricultura do Estado do Amazonas, Membro do CC do PCdoB.
Portal Vermelho.

Um comentário:

Anônimo disse...

O Sarney virou santo depois que passou a apadrinhar o Lula. Quem hoje critica o "ex-ladrão" do Lula é de direita. Sinal dos tempos. Tempos lulescos. Fim dos tempos.