terça-feira, 1 de maio de 2012

A nomeação de Brizola Neto e o primeiro de maio


Data simbólica do movimento dos trabalhadores em todo o mundo, o primeiro de maio é também o momento de nomeação do neto do líder maior do trabalhismo no Brasil, Leonel de Moura Brizola, como titular do Ministério do Trabalho.


Carlos Daudt Brizola, ou Brizola Neto como é conhecido nos meios políticos, nasceu em Porto Alegre, tem 33 anos, foi vereador e secretário estadual pelo Rio de Janeiro e atualmente exerce mandato de deputado federal pelo PDT daquele estado. Dilma Rousseff o escolheu em uma lista composta também por outro gaúcho deputado federal, Vieira da Cunha, e por Manuel Dias, secretário geral do PDT. Segundo os pedetistas, foi uma escolha pessoal da presidenta.


Tendo que respeitar o acordo com o PDT e, por este motivo, nomear um pedetista para suceder a Carlos Lupi, presidente daquele partido que foi exonerado do cargo de ministro do Trabalho em meio a acusações de corrupção e má gestão, Dilma optou por um nome que encontra resistência em seu partido, mas que lhe permite deixar claro que suas escolhas se fazem mais por questões de princípios políticos do que pelo simples cumprimento de acertos partidários.


Se a nomeação de Brizola Neto contraria amplos setores do PDT, principalmente o seu setor gaúcho, ela permite sinalizar, em contrapartida, que o compromisso maior de Dilma Rousseff é com o trabalhismo histórico e não apenas com a sigla pedetista. Rompida com o PDT gaúcho, ao qual era filiada, desde 2001, quando este partido passou para a oposição e o então deputado estadual Vieira da Cunha assumiu a função de relator da CPI que tentava vincular o governo petista de Olívio Dutra com o jogo do bicho, Dilma Rousseff optou por deixar claro que a reconciliação com seus antigos companheiros ainda não se deu completamente.


A decisão de nomear Carlos Daudt Brizola, neto de Leonel Brizola, para o Ministério do Trabalho sinaliza o posicionamento de Dilma Rousseff de manter-se fiel aos compromissos que assumiu desde sua juventude ao lado dos trabalhadores e do desenvolvimento nacional autônomo. Princípios que nortearam, no seu nascedouro, os dois partidos legais aos quais Dilma Rousseff já se filiou, o PDT e o PT. Princípios que se mantêm presentes na agenda política do país, apesar das condições adversas da ordem econômica internacional, hegemonizada pelo capital financeiro.


O Dia do Trabalhador nasceu como uma homenagem aos operários mortos em Chicago em 1886, durante manifestações pela jornada diária de oito horas de trabalho. Que a memória da trajetória de lutas travadas pelos trabalhadores, em diferentes países, para a conquista de melhores condições de trabalho e de vida se mantenha viva. Que Brizola Neto, como Ministro do Trabalho, se revele digno desta tradição.Editorial Sul21

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