quinta-feira, 10 de maio de 2012

A prova que Gurgel prevaricou

Procurador-geral usa escutas de 2009 contra senador

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, usou 22 gravações telefônicas da Operação Vegas, de 2009, no pedido de abertura de inquérito contra o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) entregue no dia 27 de março deste ano ao STF (Supremo Tribunal Federal).


Em depoimento à CPI do Cachoeira, o delegado Raul Alexandre de Souza, da Polícia Federal, disse na terça-feira (8) que a Procuradoria paralisou as investigações após receber os autos que citavam o senador, em setembro de 2009.


A bancada governista na CPI cobra Gurgel por não ter aberto inquérito contra Demóstenes na época e tenta levá-lo a se explicar na CPI.


Ao receber as primeiras críticas, no fim de abril, o procurador afirmou em nota que o material da Vegas não era suficiente para pedir investigação contra Demóstenes.


Argumentou ainda que o material de 2009 ficou "suspenso" até a chegada da Operação Monte Carlo --iniciada um ano e dois meses depois, em novembro de 2010, e deflagrada em fevereiro de 2012.


No pedido ao STF, Gurgel incluiu, além do material descoberto na Monte Carlo, 22 diálogos gravados em 2009 entre Demóstenes e Cachoeira para ajudar a embasar o documento. "Desde então, o senador Demóstenes Torres buscava atender com presteza os pleitos de Carlos Cachoeira", afirmou o procurador.


Entre essas gravações de 2009, estão aquela em que Demóstenes pede a Cachoeira para pagar R$ 3.000 em aluguel de táxi-aéreo, a conversa para nomear servidores no Senado a pedido do empresário e a discussão sobre legalização dos bingos.


Gurgel menciona ainda uma gravação de 4 de abril de 2009 em que o senador, "atendendo a pedido de Carlos Cachoeira", pediu a um desembargador de Goiás para "agilizar o trâmite de um processo" que o interessava.


No pedido ao STF, o procurador manteve a interpretação de que os diálogos não eram suficientes para abrir investigação criminal. Disse, porém, que a relação entre Demóstenes e Cachoeira já ultrapassava os limites éticos.


"Muito embora não mostrassem fatos que pudessem ser enquadrados em um tipo penal para efeito de autorizar a imediata instauração de inquérito, já revelavam que os vínculos entre eles extrapolavam a ética exigida de um parlamentar", sustentou.


A assessoria de Gurgel disse ontem que não há contradição por parte dele ao usar a transcrição de 22 gravações que recebeu em 2009.


"O material da Vegas sozinho não trazia elementos, mas juntamente com o material que recebeu oriundo da Monte Carlo formou-se o entendimento e portanto encaminhou-se o pedido de abertura de inquérito no STF."Folha

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