É difícil para um cidadão que se pensa sério convencer a maioria, que nem sempre está levando a sério o que vem acontecendo no Brasil. Isso se torna mais grave quando ele considera, por exemplo, a atriz e cantora Bibi Ferreiramesmo sendo esta sem dúvida uma das mais talentosas artistas das últimas décadas, mas que isso não impediu a mesma dádiva participar de uma das cenas mais patéticas dos últimos tempos da tevê brasileira. Quem duvida, por favor, confira link http://globotv.globo.com/rede-globo/programa-do-jo/t/videos/v/em-es.... Na noite de sexta-feira última ela foi entrevistada no ‘Programa do Jô’, que se aproveitou para continuar a sua "cruzada santa" com intuito de "derrubar"(não se sabe direito de que forma) a atual Presidenta Dilma Rousself do cargo que ocupa. Ele e todos os seus 'seguidores' pensam em impeachmentou, quem sabe, fuzilamento? Falo isso porque pelo voto estamos ainda a algum tempo do instituto da reeleição, criado por iniciativa e obra de FHCquando a compra de votos no Congresso não era considerada corrupção."Noves fora"; vamos ao que mais chamou minha atenção nessa farsa de difícil digestão. Passado o primeiro bloco, onde a extraordinária cantora'desfilou', com razão, porque se que “se considera por dentro” uma menina de 20 anos, respondeu às diversas perguntas, inclusive uma do ator e seu amigo Juca de Oliveira. Só trouxe algum constrangimento para quem leva a dramaturgia brasileira a sério, quando o considerou o "melhor teatrólogo brasileiro de todos os tempos". Por ser uma opinião pessoal, é razoável que se respeite, também, o meu direito em achar essa afirmação uma ‘pegadinha’.
No segundo bloco do programa, novamente Juca de Oliveira foi chamado para dar "ensinamentos" enfaticamente a todos nós quando afirmou que o Brasil "finalmente acordou" e foi pras ruas se 'manifestar' contra os poderosos (desculpe-me, eu engasguei). Deixa ver se eu entendi! Juca de Oliveira falando, em avanço contra poderosos??? Se a juventude depender dos ensinamentos deste ator para se orientar na vida, está perdida. Como uma das pergunta que fez a Bibi Ferreira (armada, naturalmente) visto acarcajada febril de Jô Soares, acabou deixando a 'bola na marca do pênalti' para ela fazer o gol irregular. Chutou enaltecendo a juventude, obviamente como referência a sua, não deixando de lembrar que é preciso “lutar contra quem manda hoje no Brasil". E, como sei quem manda no Brasil, tem algum ‘ruído’ nesta conversa, pois, acho que devemos falar explicitamente sobre tudo e todos, a começar por estes personagens citados. Juca de Oliveira é um tremendo de um 'reaça' e, seria cômico se não fosse trágico, ele se postar como 'baluarte da vanguarda brasileira’.
O mesmo foi presidente do Sindicato dos Artistas de São Paulo e seria interessante perguntar para os próprios artistas, em especial àqueles com mais de 50 anos, qual a sua opinião sobre isso. Por outra, na dramaturgia ele produziu um rol de peças anticomunista, embora tenha sido um antigo militante do "Partidão". Numa de suas peças (Qualquer Gato Vira-Lata tem uma Vida Sexual mais Sadia que a Nossa) seu conteúdo é um terror, quando pretende interpretar a juventude brasileira pós Anistia.
Quanto à Bibi Ferreira mesmo considerando que, de fato é um Patrimônio das Artes Brasileiras parece ter omitido informações importantes, a saber: como atriz e empresaria do setor, desde o início da década de quarenta, viveu e presenciou muito mais coisas da nossa história recente de aproximadamente setenta anos. Ela iniciou suas atividades profissionais quando no palco era comum o sotaque 'lusitano', influência de nossos primeiros colonizadores, e, graças a várias gerações de diretores, esta praga não existe mais. Sem contar que o Brasil e o mundo mudaram e, lamentavelmente, a custo de muitas vidas que nesse momento não nos permite nenhum ufanismo. O curioso é que a arte de Bibi Ferreira nos revela, principalmente no timbre de sua voz, um tom trágico que o entorno'blasé', formado pelos bajuladores e empresários que enriquecem as custas dos contrastes sociais que produzem a miséria e desmandos.
Ainda na mesma entrevista/homenagem que teve à participação 'involuntária' de LIZA MINELLI quando recentemente cantaram juntas (num justo encanto) numa apresentação no Lincoln Center. É preciso que se diga que a cidade glamourizada da música de John Kander e Fred Ebb, não existe mais, deixou de sê-la a partir de setembro de 2001. A antiga Ilha, que se bastava num autoencanto ególatra deu lugar a uma cidade do medo. Seus moradores foram obrigados a entender que no restante do mundo existe uma fabulosa multidão de muçulmanos, que os obriga a ver em cada cidadão de origem árabe um inimigo. Numa palavra: New York, New Yorknão existe mais, ruiu com as Torres Gêmeas. Já no Brasil e mesmo na cidade sede do capitalismo à brasileira, existe uma população que pega ônibus e metrô em todos os dias do ano, todos os dias da vida e que daria para encher a Avenida Paulista centenas de vezes. Esta multidão não faz parte da "pauta de reivindicação" citada, principalmente por Juca e que nem sempre rima com corrupção.
Razoável perguntar à Bibi Ferreira, ao fazendeiro Juca de Oliveira (também um excelente ator) e ao humorista, Jô Soares, se a revolução acabou, pois, tão animados que estão com esta "onda jovem" se poderiam dizer quais planos levariam à Felicidade e a Paz Coletiva a Todos os Brasileiros, caso esta onda vingar? Os três fazem parte daquela geração que presenciou o surgimento de um jovem ator - Steve McQueen-, estrelando o filme "A Bolha Assassina" em 1958. Não seria este o enredo. Seria???
Jair A Alves - dramaturgo
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