Em nome da
governabilidade, partido que ainda busca registro definitivo no TSE admite
equacionar divergências programáticas com a legenda de Eduardo Campos
Luciana Lima - iG
Poucos dias depois de
a ex-senadora Marina Silva se filiar ao PSB do govenador de Pernambuco, Eduardo
Campos, a Rede, partido idealizado pela ex-verde e que teve o registro recusado
pelo TSE, se mostra disposta a flexibilizar o discurso sobre polêmicas
relacionadas à área ambiental para se ajustar às posições dos novos aliados.
Marina sempre
defendeu uma posição antagônica à de nomes como o vice-presidente do PSB,
Roberto Amaral, quando o assunto é energia nuclear. Mas, de acordo com o
deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ), que coordenou a campanha da ex-senadora ao
Planalto em 2010 e é um dos envolvidos na montagem do programa de governo do
PSB para 2014, as divergências poderão ser “equacionadas” em nome da
“governabilidade”.: Alan Sampaio / iG Brasília
Marina Silva,
principal liderança da Rede
Marina adotou um
discurso duro em relação ao tema - ela comandou o Ministério do Meio Ambiente
no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ex-senadora
já declarou, por exemplo, que o uso desse tipo de energia deixa um “castigo”
para gerações futuras. Já Amaral é árduo defensor do uso da energia nuclear e,
quando foi ministro da Ciência e Tecnologia, também no início do governo de
Lula, defendeu que o Brasil deveria dominar a tecnologia para a construção da
bomba atômica.
Sirkis empenha-se em
minimizar a contradição entre os dois. “Eu diria que é um ponto delicado, mas
não necessariamente antagônico”, avaliou. “Acho que dá para equacionar, até
porque, a frente da aliança que nós precisaríamos para ter governabilidade vai
muito além daquilo que os ambientalistas defendem. Basicamente, temos que
buscar compromissos com os quais a gente possa conviver e os outros também”,
ressaltou Sirkis.
Amaral, por sua vez,
diz acreditar as diferenças não atrapalharão a campanha de Eduardo Campos e
Marina para a Presidência da República em 2014 nem a vivência partidária.
"O que fizemos foi uma coligação, de fato. Isso não impede que cada
partido tenha sua forma de pensar. Não ocorreu uma fusão. Cada partido segue de
acordo com sua própria identidade”, explicou Amaral, que não perdeu a oportunidade
de defender sua posição. “Eu continuo defendendo meu ponto de vista a favor da
energia nuclear e posso até tentar convencer Marina e os integrantes da Rede
disso”, destacou.
Sirkis afirma ainda
haver, por parte de Eduardo Campos, uma posição “simpática” a uma maior
utilização de fontes energéticas consideradas “limpas” do ponto de vista
ambiental. Este, segundo ele, poderá ser um ponto de entendimento para a
elaboração do programa de governo.
Os integrantes da
Rede – que funciona como um partido informal acoplado ao PSB desde que a
Justiça Eleitoral negou o registro para que disputasse a eleição do ano que vem
– acreditam, no entanto, que o abandono momentâneo do discurso ambientalista
votado para a questão energética não produzirá grandes efeitos. “Em relação ao
uso militar da energia nuclear, eu acho que esse problema já está resolvido na
Constituição Federal, que prevê que nós não vamos construir armamento nuclear”,
justificou Sirkis.
Já em relação à
construção de usinas nucleares, para Sirkis, a própria inviabilidade econômica
será um fator de impedimento. “São custos comparativamente muito elevados em
relação a outras formas de produção de energia, ao ponto do próprio governo,
apesar do lobby que existe no Ministério de Minas e Energia, não ter avançado
com a ideia de se construir usinas nucleares para além de Angra 3”, avaliou.
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