sábado, 12 de outubro de 2013

Após aliança com o PSB, Rede ameniza tom ambientalista





Em nome da governabilidade, partido que ainda busca registro definitivo no TSE admite equacionar divergências programáticas com a legenda de Eduardo Campos

Luciana Lima - iG

Poucos dias depois de a ex-senadora Marina Silva se filiar ao PSB do govenador de Pernambuco, Eduardo Campos, a Rede, partido idealizado pela ex-verde e que teve o registro recusado pelo TSE, se mostra disposta a flexibilizar o discurso sobre polêmicas relacionadas à área ambiental para se ajustar às posições dos novos aliados.

Marina sempre defendeu uma posição antagônica à de nomes como o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, quando o assunto é energia nuclear. Mas, de acordo com o deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ), que coordenou a campanha da ex-senadora ao Planalto em 2010 e é um dos envolvidos na montagem do programa de governo do PSB para 2014, as divergências poderão ser “equacionadas” em nome da “governabilidade”.: Alan Sampaio / iG Brasília
Marina Silva, principal liderança da Rede

Marina adotou um discurso duro em relação ao tema - ela comandou o Ministério do Meio Ambiente no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ex-senadora já declarou, por exemplo, que o uso desse tipo de energia deixa um “castigo” para gerações futuras. Já Amaral é árduo defensor do uso da energia nuclear e, quando foi ministro da Ciência e Tecnologia, também no início do governo de Lula, defendeu que o Brasil deveria dominar a tecnologia para a construção da bomba atômica.


Sirkis empenha-se em minimizar a contradição entre os dois. “Eu diria que é um ponto delicado, mas não necessariamente antagônico”, avaliou. “Acho que dá para equacionar, até porque, a frente da aliança que nós precisaríamos para ter governabilidade vai muito além daquilo que os ambientalistas defendem. Basicamente, temos que buscar compromissos com os quais a gente possa conviver e os outros também”, ressaltou Sirkis.

Amaral, por sua vez, diz acreditar as diferenças não atrapalharão a campanha de Eduardo Campos e Marina para a Presidência da República em 2014 nem a vivência partidária. "O que fizemos foi uma coligação, de fato. Isso não impede que cada partido tenha sua forma de pensar. Não ocorreu uma fusão. Cada partido segue de acordo com sua própria identidade”, explicou Amaral, que não perdeu a oportunidade de defender sua posição. “Eu continuo defendendo meu ponto de vista a favor da energia nuclear e posso até tentar convencer Marina e os integrantes da Rede disso”, destacou.

Sirkis afirma ainda haver, por parte de Eduardo Campos, uma posição “simpática” a uma maior utilização de fontes energéticas consideradas “limpas” do ponto de vista ambiental. Este, segundo ele, poderá ser um ponto de entendimento para a elaboração do programa de governo.

Os integrantes da Rede – que funciona como um partido informal acoplado ao PSB desde que a Justiça Eleitoral negou o registro para que disputasse a eleição do ano que vem – acreditam, no entanto, que o abandono momentâneo do discurso ambientalista votado para a questão energética não produzirá grandes efeitos. “Em relação ao uso militar da energia nuclear, eu acho que esse problema já está resolvido na Constituição Federal, que prevê que nós não vamos construir armamento nuclear”, justificou Sirkis.


Já em relação à construção de usinas nucleares, para Sirkis, a própria inviabilidade econômica será um fator de impedimento. “São custos comparativamente muito elevados em relação a outras formas de produção de energia, ao ponto do próprio governo, apesar do lobby que existe no Ministério de Minas e Energia, não ter avançado com a ideia de se construir usinas nucleares para além de Angra 3”, avaliou.

Nenhum comentário: