Recife (PE) - O
recente leilão do pré-sal no campo de Libra causou um estrago, não bem
econômico, como a oposição à presidenta Dilma esperava. Mas no campo da mídia e política no Brasil, sim, causou. Se
não constitui novidade que o tucano
Aécio tenha chamado o leilão de “fracasso” e atacado uma suposta contradição do governo ao abrir o
pré-sal ao capital privado, novidade foram militantes vinculados à esquerda que
se opuseram ao leilão e à presidenta com argumentos semelhantes aos dos
conservadores.
Ambos, direita e
setores da esquerda, cantaram que a
presidenta privatizava. A direita, com júbilo. A esquerda minoritária, até como
reforço à posição prévia contra o governo, como uma traição de compromissos históricos para com os
trabalhadores. Importa pouco, nesse ataque de contrários unidos em um só bloco,
a diferença conceitual, prática, entre a concessão de FHC, que entregava e
entregou o patrimônio público a empresas privadas, e o regime de partilha, em
que o Estado empresta por tempo determinado parte da riqueza brasileira. Que
diferença? Na briga política, assim como na guerra, a primeira vítima é a
verdade.
Daí que fizeram
ouvidos moucos à explicação didática, eloquente, da estadista Dilma
Roussef: "Por favor, prestem bem
atenção que vou explicar agora. Nos próximos 35 anos Libra pagará os seguintes
valores ao Estado brasileiro: primeiro, R$ 270 bilhões em royalties; segundo,
R$ 736 bilhões a título de excedente em óleo sob o regime de partilha;
terceiro, R$ 15 bilhões, pagos como bônus de assinatura do contrato. Isso
alcança um fabuloso montante de mais de R$ 1 trilhão. Repito: mais de R$ 1
trilhão....”
Neste momento,
enquanto um passo para o futuro é dado, pode ser visto um racha na esquerda
brasileira. Onde antes havia divergência teórica, agora é patente em razão
desse novo contrato. Teorias fazem vida, não? Os socialistas mais reflexivos,
como Saul Leblon, na Carta Maior, observaram que Brasil e China iniciaram a
partir do leilão de Libra uma parceria estatal das mais robustas, consistentes
e estáveis do século 21. Um editorial do
Vermelho, maior site de esquerda nas Américas, publicou a posição oficial do Partido
Comunista do Brasil, onde se declara que a exploração de Libra deve ser
iniciada o mais rápido possível. Com a necessidade da luta para aprofundar as
medidas do governo que resguardem os interesses nacionais.
Mas setores do PSOL,
PSTU, e outros independentes, mas que se assemelham a suas posições, negam em
absoluto o avanço, com a mesma cantilena que Dilma e Lula instituíram uma
democracia + ditadura = democradura, enquanto jogam, Lula e Dilma, ao mar, ao poço e ao campo de Libra a maior
traição à soberania nacional, em um leilão que não houve, e a um preço lesivo.
Isso tanto seria verdade que o bônus se fez a preço mínimo, de “apenas” 15
bilhões.
E vem a imagem do
copo meio cheio ou meio vazio. Os opositores não veem que o governo ao receber
pagamento mínimo pelo contrato significou também que o negócio foi mais
lucrativo para a Petrobras, para o povo brasileiro. Caso contrário, o bônus
acima viria da nuvem de gafanhotos para
a disputa. Pois foi justamente o excesso de “estatismo” que afugentou o ataque
de predadores. E continuam, na imagem do
copo meio vazio: nem mesmo uma alegada falta de capacidade financeira da
Petrobras para a exploração de Libra seria justificável. Ora, argumentam em
lógica implacável, se a Petrobras fosse a única empresa a operar o pré-sal,
suas ações subiriam, aumentando o capital. Ou então, o governo bem poderia
abrir linha de crédito para o Brasil em qualquer lugar do mundo. Pois os
banqueiros internacionais seriam mais camaradas, é claro.
A uma política grandiosa de Estado, a um salto
de qualidade para o destino maior do povo brasileiro, as oposições a Dilma
chamam de “truque eleitoreiro”, de política baixa para a reeleição. Não ouvem,
não acreditam e zombam da fala da presidenta, quando ela anuncia: "Vamos
transformar petróleo em educação, petróleo em saúde, vamos transformar petróleo
em desenvolvimento da indústria naval, da indústria de fornecedores, dos
prestadores de serviço, toda aquela indústria que gira em torno da exploração
de um campo". Petróleo por educação, saúde... Balelas. Tudo é virtual, a
oposição canta, como a construção de 18 super-plataformas, mais equipamentos de
produção, gasodutos, linhas de produção,
barcos de apoio, equipamentos submarinos fabricados no Brasil, com milhões de
empregos. Que fábula, hem? E passam à desqualificação.
Nesse particular,
pior que o cego é o enlouquecido de sectarismo. Esperamos que algum dia mais adiante os loucos entendam o
salto conseguido esta semana. Mas por enquanto bem que podiam viajar para ver
Lula e Dilma lá no exterior. Talvez no estrangeiro percebessem o Brasil neste
futuro contemporâneo.
Urariano Mota - RecifeÉ pernambucano, jornalista e autor dos livros "Soledad no Recife" e “O filho renegado de Deus”. O primeiro, recria os últimos dias de Soledad Barrett. O segundo, seu mais novo romance, é uma longa oração de amor para as mulheres vítimas da opressão de classes no Brasil.Direto da Redação.
Um comentário:
Vamos lutar para que Dilma vença ainda no primeiro turno.
www.platodocerrado.blogspot.com.br
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