No post anterior,
relatei fraude grosseira do jornal Folha de São Paulo em matéria que pretendeu
vender ao seu leitorado – composto pela fina flor de um antipetismo de classe
alta que hoje se vê atucanado por falta de opções mais à direita – que o governo
Dilma estaria entregando unidades residenciais do Programa Minha Casa, Minha
Vida, sem água e luz.
A reportagem em
questão pertence àquela categoria do jornalismo corporativo terceiro-mundista
que, na eleição de 2010, tentou transformar uma bolinha de papel do tamanho de
uma bolinha de pingue-pongue – atirada contra o então candidato José Serra em
um comício – em um artefato de “um quilo” (segundo invenção do Jornal Nacional,
formulada para ajudar o candidato do PSDB, que já caminhava para a derrota).
Exacerbar ou inventar
fatos negativos contra o grupo político que comanda o país tornou-se uma
verdadeira obsessão para a grande mídia. Com redações cheias de jornalistas
recém-formados que praticamente trucidam uns aos outros na ânsia de acariciarem
o antipetismo dos patrões, produzem-se micos como a reportagem da Folha
supracitada.
A “denúncia”,
publicada em destaque no alto da primeira página do jornal no último dia 16, é
confusa. A matéria que a veiculou fez malabarismos para impedir o leitor de
entender por que haveria gente vivendo sem água e luz em imóveis
recém-entregues pelo governo federal. Assim, em uma matéria de 427 palavras,
apenas 30 foram dedicadas ao que diz o título.
Eis o trecho da
matéria que tenta “explicar” o título que acusa Dilma de “entregar casas sem
água e luz”.
“(…) Beneficiários
passam as noites a luz de velas, usam baldes com água trazida de outros locais
e contam com ajuda de vizinhos que já têm água ou energia em casa (…)”.
O resto do texto
contém depoimentos de meia dúzia de pessoas que viviam em barracos e que foram
contempladas com casas novinhas, bem construídas e que os novos moradores
poderão mobiliar e equipar com eletrodomésticos no âmbito do Minha Casa, Minha
vida.
Contudo, alguns dos
entrevistados criticaram a matéria da Folha, que teria distorcido suas palavras
e transformado seus elogios ao programa em críticas.
Um blog baiano, de um
morador da cidade de Vitória da Conquista (BA), onde o governo federal estaria
entregando “casas sem água e luz”, noticiou que uma das pessoas entrevistadas
pela Folha pretende processar o jornal por distorcer suas palavras sobre o
Minha Casa, Minha Vida – que essa pessoa diz que elogiou – e por usar sua
imagem sem autorização.
A matéria foi tão
escandalosa, a fraude que a Folha praticou foi tão grosseira que, apesar de se
negar a reconhecer a natureza desonesta do que publicou, sua ombudsman, Suzana
Singer, teve que voltar à questão do antipetismo do jornal em que trabalha.
Os três primeiros
parágrafos da crítica de Suzana são mais do que suficientes para explicar a
fraude que o dito “maior jornal do país” levou para o alto de sua primeira
página:
—–
“A Folha acusou a
presidente Dilma de entregar casas sem água nem luz no interior da Bahia. O
jornal mostrou, na quarta-feira, que parte das moradias inauguradas em Vitória
da Conquista, no programa Minha Casa Minha Vida, estavam no escuro e a seco. Os
moradores usavam velas à noite e enchiam baldes nas casas dos vizinhos.
Bastava ler o “outro
lado” para concluir que a acusação não fazia sentido. O Ministério das Cidades
explicou que as casas foram entregues com instalações elétricas e hidráulicas e
que cabia ao beneficiário do programa pedir a ligação dos serviços às empresas
de distribuição do Estado.
Acontece o mesmo com
quem compra um imóvel sem ajuda federal: é a pessoa que, depois de receber as
chaves, aciona o fornecimento de água, luz, gás, telefone (…)”.
—–
Parece brincadeira,
mas não é. Se você for um milionário e comprar uma cobertura recém-construída
nos Jardins paulistanos, por exemplo, terá que esperar tanto quanto os
pobretões do conjunto habitacional de Vitória da Conquista, na Bahia, para ter
água, luz e telefone ligados.
A matéria é tão
grosseiramente falsa que desmonta a si mesma. A ombudsman da Folha diz
exatamente isso, mas com outras palavras:
—–
“(…) Os casos
relatados indicavam que nem havia um problema exagerado de demora na entrega
desses serviços. Apenas uma dona de casa esperava a instalação de luz havia
oito dias, três a mais que o prazo dado pela companhia elétrica (…)”
—–
Apesar do que diz a
ombudsman, colunistas e blogueiros ligados à grande mídia e ao PSDB, tais como
Reinaldo Azevedo, da Veja, e Josias de Souza, da Folha/UOL, entre dezenas de
outros, tentaram reforçar a insinuação de que Dilma estaria entregando casas
sem ligações de água e luz que pudessem ser acionadas como em qualquer outro
imóvel novo.
Não seria necessário
o governo rebater a matéria se a Redação da Folha tivesse jornalistas em lugar
de bajuladores que se matam entre si para agradar o patrão. O filtro
jornalístico, se existisse nesse jornal, deveria ter “derrubado” a matéria,
como diz a ombudsman:
—–
“(…) Diante das
explicações dadas pelo governo e pelas concessionárias de serviços estaduais, o
jornal deveria ter derrubado a reportagem. Não adianta registrar
burocraticamente o ‘outro lado’, como prega o ‘Manual da Redação’, mas insistir
numa acusação vazia (…)”.
—–
Você que vive
acusando blogueiros como este que escreve de serem “pagos pelo governo”, note
que Suzana Singer, ex-secretária de Redação da Folha, responsável por muitas
matérias contra o PT na década passada, reproduz o diagnóstico desta e de
outras páginas sobre matéria que a mesma Folha insiste em manter: tratou-se de
uma “acusação vazia”.
Sim, você leu bem: a
Folha insiste em manter a acusação a Dilma. Cobrada pela ombudsman, a Redação
do jornal oferece uma explicação estarrecedora e que, além de má fé, exala
burrice. Veja a explicação da Folha, que Suzana relata:
—–
“(…) A Redação não
concorda: ‘a informação de que as casas foram entregues sem água nem luz é
relevante por mostrar a pressa com que o governo tem organizado essas
inaugurações, por motivos obviamente eleitorais. O objetivo da reportagem era
mostrar isso e não culpar a presidente pela falta de água e luz’, diz a
editoria Poder (…)”.
—–
Dissequemos, pois,
essa “explicação”.
1 – Onde está a
“pressa” do governo em inaugurar um dos muitos conjuntos habitacionais do Minha
Casa, Minha Vida que terá para entregar até o ano que vem se a água e a luz de
QUALQUER imóvel têm que ser ligadas em nome do morador desse imóvel?
2 – Por que o governo
entregaria imóveis novos a pessoas paupérrimas ligando antes a água e a luz,
gerando contas para os novos moradores pagarem assim que entrassem? Eles teriam
que pagar pelo que não consumiram, ora.
3 – Por que Dilma
teria “pressa” de inaugurar qualquer coisa se estamos a um ano da eleição de
2014 e há uma imensidão de obras – inclusive do Minha Casa, Minha Vida para
inaugurar?
Ao fim, para aqueles
que têm cérebro – e honestidade nesse cérebro – a fraude jornalística da Folha
mostrou que o programa Minha Casa, Minha Vida é muito bom, pois tudo o que
encontraram para criticar nele foi o que jamais poderia ser criticado porque existe
em qualquer imóvel que alguém compre ou alugue.
Eduardo Guimarães-Blog da Cidadania
2 comentários:
Recomendação
“Se passar na banca e ver a FOLHA, não compre.
Se comprar, não abra.
Se abrir, não leia.
Se ler, não acredite.
Se acreditar, RELINCHE.
Recomendação
“Se passar na banca e ver a FOLHA, não compre.
Se comprar, não abra.
Se abrir, não leia.
Se ler, não acredite.
Se acreditar, RELINCHE.
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