Guerra eleitoral tem
batalha de baionetas entre economistas PhD; "Governo Dilma é fechado,
antiquado e vai nos dar dor de cabeça", diz tucano Armínio Fraga;
"Não levo fé"; também ex-BC, Gustavo Franco dispara contra a
"contabilidade criativa" e vê Brasil "escorregando";
ministro Guido Mantega sai brabo da trincheira: "Se os tucanos estivessem
à frente da economia brasileira na crise de 2008, Brasil teria quebrado";
País vai completar 10 anos com inflação dentro da meta, mas Fraga vê "frustração"
e "tensão no ar"; titular da Fazenda solta granada: "Não dá para
alguém que foi do governo e teve uma inflação média de 8,77% dizer que nós
temos inflação alta"
A guerra
eleitoral em pleno curso por meio de trocas de farpas e criticas entre os
pré-candidatos a presidente da República chegou ao nível dos economistas com
PhD. Aqueles que estudaram em escolas globais, ocuparam e ocupam cargos na alta
administração pública e conseguem, com suas análises, alterar os humores dos
mercados e mexer em perspectivas.
Nos últimos dias,
três desses professores tiraram suas baoinetas do armário e entraram,
definitivamente, no teatro de operações.
Armínio Fraga, tucano
de quatro costados, ex-presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique,
foi o primeiro a disparar. Em entrevista de dois terços de página no jornal O
Estado de S. Paulo, na quinta-feira 17, o golfista Fraga mostrou seu lado de
Black Bloc do debate econômico.
- Aqui no Brasil, a
sensação de frustração com crescimento baixo e inflação alta é grande, disse
ele ao jornalista Fernando Dantas. O governo continua, até prova em contrário,
com uma postura geral muito fechada, antiquada.
Neste ponto, avançou
sem dó.
- Esse governo repete
muita coisa que a gente já viveu, principalmente nos anos 70, no governo
Geisel, cutucuou Armínio.
Explica-se: na
ditadura militar, o governo Erneste Geisel vendeu a idéia do Brasil Grande, com
fórmula de crescimento baseada na forte presença estatal na economia.
O que mais doeu no
ministro Guido Mantega, o titular da Fazenda que até então estava em sua
trincheira mais pilotando o dia a dia da economia do que terçando armas com os
adversários, foi o golpe de Fraga sobre o jeito atual de se combater a
inflação.
- Não dá para alguém
que foi do governo, e teve uma inflação média de 8,77% no período dele a frente
do BC, dizer que temos inflação alta, retrucou Mantega, no dia seguinte, no
mesmo O Estado de S. Paulo.
- Ele trouxe esse sistema
de metas para o Brasil, mas não cumpriu, descarregou o ministro sobre o peito
do ex-presidente do BC tucano.
Detalhe: o Estadão
deu a entrevista de Fraga, hoje líder do Gávea Investimentos, em forma de
ping-pong, numa entrevista de 16 perguntas do jornalista Dantas.
Para Mantega, apesar
de o jornal ter destacado quatro profissionais para ouvir o ministro, nenhuma
pergunta e resposta foi publicada na íntegra. Num gráfico com o BC como fonte,
a publicação mostrou, entre outros dados, que a inflação durante o governo FHC,
quando Fraga estava no BC, chegou a mais de 11% ao ano, enquanto a projeção,
para 2013, no terceiro ano do governo Dilma Rousseff, é de 5,7%.
Armínio Fraga, hoje,
também assessora informalmente o presidenciável tucano Aécio Neves. Ele não
descartou voltar a um cargo de primeiro escalão na área econômica se o PSDB
vencer as eleições. "Eu já participei duas vezes de governo, não posso
descartar", afirmou.
Com um tanto menos
estofo, mas igualmente um PhD, o também tucano e também ex-presidente do BC
Gustavo Franco igualmente deu seus disparos. Ele se notabilizou, durante sua
passagem pelo Banco Central, por inundar o mercado com bilhões de dólares de
reservas brasileiras numa tentativa inútil de manter a paridade entre a moeda
americana e o real.
Neste momento, Franco
também está no ataque dos adversários da atual política econômica.
- O custo de uma
política econômica mal formulada se transforma em um setor público que funciona
mal, destravou Frano em seminário econômico na quinta-feira 17, no Rio de
Janeiro.
Ele elogiou a postura
da ex-senador Marina Silva, hoje no PSB, de fazer uma profissão de fé no tripé
econômico de controle de contas públicas, austeridade fiscal e combate à
inflação.
- É sinal de que
alguma coisa está mudando.
O que não muda, pelo
que se vê, é o acirramento de posições, mesmo entre PhDs, quando o campo da
batalha acontece em meio as paixões da política.Brasil-247
Um comentário:
Simpatizo com o PT e aprovo Dilma em muitas, gosto tbm do PSDB, o que me dar raiva e que eles falam como se fizesse as coisas perfeitas e fossem os corretos e especialistas. Entretanto, tiveram a chance e o nao fizeram e apelam pra voltar ao governo.
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