Recebo a segunda
parte de um interessante artigo escrito por Heitor Scalambrini Costa, da
Universidade Federal de Pernambuco, a respeito do modo de governar de Eduardo
Campos. O artigo leva o título de "O modo socialista de governar: caso de
Pernambuco". O artigo é declaradamente crítico, mas confesso que é a
primeira leitura global que li a respeito do governo Campos. Por isto, socializo.
Destaco alguns
excertos, abaixo:
1) Estratégia geral
Para o governo, ao
que parece, a solução para todos os problemas passa pela privatização. Hoje se
pratica uma política deliberada de favorecimento da iniciativa privada pelo
poder público, sendo esta a tônica da gestão que comanda nosso Estado. Agora o
modelo é o das concessões. Mudou o nome, mas o fato é que o PSB em Pernambuco
(e no Brasil) clona as privatizações dos governos do PSDB e do PT/PMDB.
2) Saúde
(...) A saúde pública
em Pernambuco caminha a passos largos para que o gerenciamento das unidades de
saúde venham a ser transferidas para as Organizações Sociais (OS´s). Em estados
em que este modelo foi adotado, como em São Paulo, as consequências foram
desastrosa, antidemocrática e antissocial. (...) Com a privatização dos
serviços públicos, os médicos, os profissionais da saúde e os usuários
assistiram a um processo acelerado de sucateamento, artifício utilizado pelo
gestor público para justificar a manutenção do serviço de privatização. Além
disso, a terceirização gera uma rotatividade desastrosa nas contratações.
Profissionais são contratados sem concurso público, sendo muitos deles sem
qualificação adequada, o que gera grande desassistência aos usuários do
sistema.
(...) Em Pernambuco
este é um dos serviços públicos que aparecem nas pesquisas de opinião como um
dos mais mal avaliados. Mesmo com as
construções (o que “dá mídia”) de prédios: hospitais, unidades de pronto
atendimento, recuperação física de hospitais e postos de saúde; a ausência de
profissionais, a falta de medicamentos e de condições de trabalho para os
profissionais são evidentes, e impossíveis de maquiar, de esconder da
população, que vive um martírio diário quando necessita de atendimento.
3) Educação
(...) A situação da
infraestrutura física das escolas é deplorável, juntamente com as condições de
trabalho, e com as condições salarias dos principais protagonistas, os
docentes. (...) Se levarmos em conta o Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica/ 2011 (Ideb), calculado com base no conhecimento dos alunos (Prova
Brasil) e na taxa de aprovação, mesmo considerando a grande facilidade de
maquiagem dos resultados, a situação das escolas estaduais é decepcionante e
trágica. Com uma levíssima evolução em relação ao IDEB de 2009, Pernambuco não
alcançou a meta proposta pelo Ministério da Educação, de 4,6. As escolas do
Estado tiveram uma média de 4,3 tendo a media do Brasil de 5,0 (de 0 a 10).
Onde se diferencia a gestão estadual na área da educação comparada com o
restante do Brasil?
Também números mais
recentes divulgados em maço/2013 pelo relatório De Olho nas Metas, elaborado
pelo Movimento Todos pela Educação, que acompanha os indicadores nacionais, de
acordo com o Ministério da Educação, mostram que a rede pública não atingiu as
metas estabelecidas. Foram quatro estados que não tem muito que comemorar na
educação, segundo este relatório além de Pernambuco, Alagoas, Amapá e Roraima.
Se escolas
consideradas pelo governo estadual como de referência, modelo de infraestrutura,
propagandeada como tendo aulas em turnos integrais (pelo menos duas vezes por
semana), e com ampla distribuição de tablets; apresentam deficiências visíveis
e denunciadas publicamente, com a falta de merenda, salas com mais de 45
alunos, sem ar-condicionado, laboratórios inutilizados e com equipamentos
eletrônicos doados a escola e aos alunos de péssima qualidade, apresentando
defeitos em poucos meses de uso; tentem imaginar o que acontece com as escolas
que não são de referência.
As denúncias vão
desde a drástica redução de mais de 30% no quadro de trabalhadores na educação
nos seis anos do atual governo de 2007 a 20012, até a tentativa midiática de
convencer a população que a educação vai bem, com as viagens ao exterior de bem
menos de 1% dos estudantes da rede pública para intercâmbio no exterior,
encobrindo as mazelas e as situações deploráveis encontradas nas escolas. Mesmo
naqueles espaços de tempo integral, chamadas de referencia como o Ginásio
Pernambuco, as promessas não são cumpridas.
4) Saneamento
A eliminação da
enorme lacuna nos serviços de água e esgoto constitui um dos maiores desafios
para a política pública brasileira. A situação do saneamento é trágica. Em
2010, mais da metade da população (54%) não possuía acesso à rede de esgoto. Do
esgoto coletado, apenas 30% era tratado.
A Lei do Saneamento (11.445/07) prevê como princípio a universalização
do acesso. Mais daí avançar, é que são “outros quinhentos”.
Segundo a Agência
Nacional de Águas, 55% dos municípios podem sofrer desabastecimentos nos
próximos quatro anos, 84% das cidades necessitam de investimentos para
adequação de seus sistemas produtores de água, e 16% apresentam déficits
decorrentes dos mananciais.
A falta de saneamento
tem efeitos nefastos sobre a saúde e o meio ambiente. Segundo estudo da
Fundação Getúlio Vargas (FGV) as doenças por veiculação hídrica ampliam a
mortalidade infantil e podem causar perda da capacidade de aprendizado escolar
de até 18% em crianças com até cinco anos. Segundo o Ranking do Saneamento do
Instituto Trata Brasil, que considera os cem maiores municípios brasileiros, a
média de internações por diarreia é 546% maior para os dez piores do que nos 20
municípios mais bem colocados.
(...) Mesmo com a
pouca discussão, e as enormes perguntas não respondidas a Companhia
Pernambucana de Saneamento (Compesa) assinou em 15/2/2013 o contrato de
Parceria Publico e Privada para execução da ampliação e da recuperação dos
sistemas de coleta e tratamento de esgotos para 14 municípios da Região
Metropolitana do Recife e da cidade de Goiânia, na Mata Norte do Estado. Com
investimentos estimados em 4,5 bilhões de reais nos próximos 12 anos. O
consócio vencedor é formado pela Foz do Brasil (braço da Odebrecht) e a
Lidemarc.
Neste episódio da
assinatura do contrato que validou a PPP, merece destacar à posição do Tribunal
de Contas do Estado (TCE), que mesmo inicialmente ter verificado
irregularidades no contrato, voltou atrás na decisão e acabou acatando e
aceitando a remuneração média do valor investido proposto pelo consórcio de
8,41%. Enquanto a média desse valor para as PPP´s no País varia de 6 a 6,5%.
Também o atual governo socialista sustentava que com a assinatura desta
parceria público-privada não haveria aumento nas tarifas. Pois no dia seguinte
foi anunciado o aumento nas tarifas de água.
A Compesa é uma das
empresas mais criticadas pela população pelos péssimos serviços prestados. A
desfaçatez da direção da empresa é tão grande, que seu presidente, um dos
meninos de ouro do atual governador, “administrador eficiente (?)”, chegou a se
comprometer junto à imprensa, que logo após o anúncio federal da redução das
tarifas elétricas, a empresa iria reduzir a conta de água dos pernambucanos. O
que se viu foi um aumento nas tarifas da ordem de 7.98%. Com a chiadeira geral,
e querendo seduzir a população, anunciou que o valor do aumento ficaria em
5,19%.
5) Infância e
Juventude
(...) A Secretaria da
Infância e da Juventude não se pronuncia quando ocorrem as barbáries. Deixa a
bomba chiando nas mãos da própria Fundação de Atendimento Socioeducativo, a
famigerada Funase. Sucedem-se as rebeliões, motins, mortes e mutilações nas
unidades da Funase em todo o Estado.
Fonte:De Esquerda em Esquerda
Um comentário:
A CERCA DESTE CIDADÃO GOVERNAR, QUEM NÃO TE CONHECE QUE TE COMPRE...UPA EM BARRA DE JANGADA JABOATÃO SEM ATENDIMENTO EM PERNAMBUCO, A SAÚDE ESTÁ NA UTI
O GOVERNADOR QUER SER PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
PORÉM A UPA DE BARRA DE JANGADA ESTÁ SEM ATENDIMENTO, SEGUNDO UM MÉDICO A CERCA DE 5 MESES O RAIO-X ESTÁ QUEBRADO, NÃO FALTOU DINHEIRO PARA ARENA DA COPA QUE ESTÁ PRONTA MAS A SAÚDE ESTADUAL ESTÁ NA UTI.
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