segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Em Pernambuco, Eduardo Campos pratica a ‘velha política’

Crítico ao que chama de “política mofada” e das “raposas” do cenário nacional, o governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos (PSB) segue em casa a lógica tradicional. Dono de uma coligação de 14 partidos, Campos aloja em sua administração os aliados que o ajudaram na eleição de 2006 e na reeleição em 2010.
O presidente nacional do PSB, que prega ter chegado “a hora de aposentar um bocado de raposas que já encheram a paciência do povo brasileiro”, governa ao lado de aliados como o deputado federal Inocêncio Oliveira (PR), o ex-presidente da Câmara dos Deputados Severino Cavalcanti e quadros oriundos do PFL, como o ex-governador Joaquim Francisco, convertido por Campos ao socialismo ao ser indicado suplente de senador pelo estado.
Para derrotar Mendonça Filho, à época no PFL, na disputa pelo governo do estado em 2006, o candidato Eduardo Campos aceitou dar a Inocêncio Oliveira as duas secretarias negadas pelo adversário, então vice-governador de Jarbas Vasconcelos (PMDB). Como prêmio por ajudar a tirar Campos do isolamento no início da campanha, Inocêncio nomeou um aliado na Agricultura e o primo Sebastião Oliveira, então deputado estadual, para a pasta de Transportes.
No atual governo de Campos, o PR de Inocêncio Oliveira controla a Secretaria de Turismo, com o deputado estadual licenciado Alberto Feitosa. No segundo escalão, o PR administra o Porto do Recife, com Rogério Leão.
O PSD de Gilberto Kassab assumiu o Instituto de Recursos Humanos. O partido foi criado com a ajuda de Campos. O PP de Severino Cavalcanti, ex-prefeito de João Alfredo, comanda a Secretaria de Esportes, com a indicação da filha Ana Cavalcanti.
Já o PTB, de Roberto Jefferson, comandado em Pernambuco pelo senador Armando Monteiro, controlava até sexta-feira, quando devolveu os cargos, a Secretaria de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo e o Detran local.
Leque de alianças garante controle absoluto da Assembleia
Eduardo, inevitavelmente, vai ter um conflito com o que prega Marina e o que ele faz aqui. Ele condena a entrega de fatias de governo no plano federal, mas faz o mesmo aqui. Ele fatia o governo e entrega para as forças mais conservadoras. Não existe raposa política que não tenha um cargo no governo — diz o líder da oposição na Assembleia Legislativa, deputado Daniel Coelho (PSDB).
Eduardo utiliza de cooptação, fatiando o governo com as figuras políticas mais atrasadas, sem distinção ideológica. A política dele é antiga aqui acrescenta Coelho.
Campos nomeou até um ex-deputado estadual do PSDB, único partido que lhe faz oposição, Pedro Eurico, como secretário da Criança e Juventude. A força gravitacional do governador é tão grande que inclusive o PMDB do senador Jarbas Vasconcelos aderiu ao governo na última eleição municipal, quando o prefeito Geraldo Júlio (PSB) assumiu o poder no Recife.
O PMDB indicou cargos no governo municipal e ainda negocia participação na chapa majoritária de 2014, com uma possível indicação do deputado federal Raul Henry para vice-governador.
Com um leque tão grande de alianças, Campos domina a Assembleia Legislativa (Alepe).
— Há um clima de terror. Os deputados e os prefeitos têm medo do coronel moderno, que controla a Alepe e o TCE — conta a deputada estadual tucana Terezinha Nunes.
A oposição se resume a quatro deputados do PSDB. Com a saída anunciada de PT e PTB, o quadro começa a mudar.
— Agora, sim, poderemos ter uma oposição de verdade e forte — acredita Terezinha Nunes.

Os Amigos do Presidente Lula.

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