quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A DIREITA MORREU


Direita se fragiliza em todo o País
Messias Pontes.

As urnas mostraram, no último domingo 5, que a direita (PSDB, DEMO e PPS) no Brasil está se fragilizando cada vez mais. Na década de 1990 os partidos de direita, somados, detinham o maior número de governadores, prefeitos e vereadores, além da Presidência da República. De 2002 até hoje, com o rotundo fracasso do neoliberalismo e a conseqüente vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a direita, como água de serra a baixo, entra em declínio, e a esquerda e centro-esquerda não param de crescer eleitoralmente. Isto apesar da grande mídia conservadora, venal e golpista.
Em nível nacional, o antes todo poderoso FHC – o Coisa Ruim – está no maior ostracismo que um político brasileiro já enfrentou. O sociólogo francês Alain Tourane, seu amigo há décadas, assim o definiu recentemente: “FHC não está atualmente nem no centro, nem à direita e nem à esquerda. Ele está é em decadência”.

Já na Bahia, o carlismo está em processo de extinção; e no Ceará o tassismo segue no mesmo caminho. Nacionalmente, o PSDB perdeu 87 prefeituras, e o DEMO, 295. Somente no Ceará os tucanos ficarão de fora de 15 prefeituras conquistadas há quatro anos, inclusive a de Juazeiro do Norte, a mais importante da região Sul do estado, que será governada por um petista. Os únicos municípios de expressão a permanecerem dirigida por um tucano são Crato e Itapipoca.

Na Região Metropolitana de Fortaleza, que congrega mais de um terço do eleitorado e mais de dois terços do PIB (produto interno bruto), os tucanos e demos estão de fora, principalmente em Fortaleza, que eles nunca governaram. A rejeição ao tucano Tasso Jereissati – três vezes governador e atual senador – a maior liderança de direita no Ceará, é sempre crescente, o mesmo acontecendo com Moroni Torgan, do DEMO que está em acelerado processo de extinção.

Moroni , que perdeu as três últimas eleições para prefeito de Fortaleza e a de senador há dois anos, só não está completamente fora de combate por incompetência da esquerda. Ele, que foi vice-líder do desgoverno tucano-pefelista, é um dos responsáveis pela aprovação da reforma da Previdência que estabeleceu um aumento de cinco anos de contribuição para os trabalhadores brasileiros se aposentarem, ganhando o mesmo ou até menos do que ganhavam pela fórmula anterior: as mulheres passaram de 25 para 30 anos de contribuição, e os homens de 30 para 35 anos.

Também votou a favor do fim do Regime Jurídico Único, instituindo o regime de contração pela CLT no serviço público, sem direito à negociação, estabilidade ou aposentadoria integral. Também votou pela redução do prazo prescricional, prejudicando os trabalhadores rurais de todo o País, além de outras maldades. O DIAP detalha outras crueldades de Moroni contra os trabalhadores brasileiros. Mesmo assim, continua iludindo pessoas humildes, afirmando que ele é defensor intransigente dos aposentados.

O resultado da eleição do último domingo, em Fortaleza, deixou muito claro que Tasso Jereissati não é boa companhia em palanque de ninguém. A senadora Patrícia Saboya, do PDT, que tinha o tucano Antenor Naspoline como vice, embora uma boa candidata, não parou de cair nas pesquisas depois que teve colada nela a imagem do tucano-mor. Embora tivesse um pouco mais de votos do que da primeira vez que disputou a Prefeitura da Capital em 2000, obteve agora somente 15% dos votos, 2% a menos, amargando o terceiro lugar. Na vez anterior, ela ficou em quarto.

Durante todo o processo, Tasso Jereissati permaneceu escondido, só aparecendo na reta final da campanha eleitoral no rádio e na televisão, numa atitude de desespero e de alto risco, apostando numa hipotética diminuição de sua rejeição. O tiro saiu pela culatra porque sua candidata continuou em descenso.

A mensagem do senador soou falsa porque ele criticou com veemência o que chamou de caos na saúde, mas o eleitor não se deixou iludir por saber que ele é um dos responsáveis por isso, já que participou da tropa de choque que derrubou a CPMF, retirando da saúde mais de R$ 40 bilhões anuais em todo o País, anualmente, e mais de um bilhão somente num estado pobre como o Ceará. Não foi à toa que o governador Cid Gomes chamou os senadores que derrotaram a CPMF de irresponsáveis e inconseqüentes. Qualquer um pode criticar a situação em que se encontra a saúde não só em Fortaleza, mas em todo o País. Menos Tasso Jereissati. É oportuno lembrar que a sua candidata, Patrícia Gomes, votou a favor da saúde, juntamente com o senador Inácio Arruda, do PCdoB.

Os grandes derrotados nas eleições municipais em Fortaleza foram Tasso Jereissati, o ex-governador Lúcio Alcântara (quem é 100% Lúcio é 100% Adail) e o deputado Ciro Gomes. O senador jogou todas as suas fichas em Patrícia, mas tudo em vão. As urnas mostraram também que só um por cento dos eleitores fortalezenses é 100% Lúcio. Por sua vez, Ciro Gomes, o deputado mais votado na Capital em todos os tempos, não conseguiu transferir seus votos para sua ex-mulher.

A prefeita Luizianne Lins - que contou com o irrestrito apoio do governador Cid Gomes, do deputado federal e presidente estadual do PMDB Eunício Oliveira, e do senador comunista Inácio Arruda - foi a grande vitoriosa, pois liquidou a fatura logo no primeiro turno com 50,16% dos votos. Contudo precisa se conscientizar de que a metade do eleitorado votou contra ela. A casa está arrumada e portanto o seu segundo mandato tem tudo para ser melhor que o primeiro. É o que todos esperam e desejam.

Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho.
Comentários.
Sinto muito dizer ao único leitorcom perfil de direita deste blog:
A DIREITA MORREU.

Nenhum comentário: