sexta-feira, 17 de outubro de 2008

GOVERNADOR ORDINÁRIO


Policiais civis rebatem declaração de Serra e culpam governo por confronto
da Folha Online

Policiais civis de São Paulo rebateram na noite desta quinta-feira as declarações do governador José Serra (PSDB) de que a manifestação realizada pela categoria à tarde teve motivação política.

O delegado André Dahmer, diretor da Adpesp (Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado de São Paulo), negou envolvimento político no movimento grevista e diz que a CUT e a Força Sindical apenas emprestam o carro de som usado nas manifestações.

"É lamentável ver um governador de Estado como São Paulo falar uma coisa dessas. Ou é porque ele é muito mal informado ou é porque quer ver o circo pegar fogo", afirmou.

O presidente do Sindicato dos Escrivães, Valter Honorato, também refutou as declarações do governador. "Nós não estamos sendo influenciados. Estamos tendo apoio de quem já viveu essa situação."

Confronto

Dahmer culpou o governo do Estado pelo confronto, que deixou ao menos 23 pessoas feridas. "Nós não queremos guerra. O governo não quer diálogo. Ele [governo] quer guerra."

O presidente do Sindicato da Polícia Civil de Campinas e região, Aparecido de Carvalho, também responsabilizou o governo estadual pelo confronto. "É uma irresponsabilidade sem tamanho um governador, que se diz democrático, sabendo que homens armados vêm reivindicar salários e dignidade, colocar a PM, que é uma co-irmã, armada, correndo todos os riscos. O saldo disso poderiam ser diversas mortes de policiais."

O presidente do sindicato dos investigadores, João Rebouças, acusou a área de Segurança do Estado de falta de comando e de diálogo. Ele disse que o departamento jurídico do sindicato avaliará pedir intervenção federal no setor.

"Em vez de apaziguar, ele [governo] jogou mais gasolina no fogo", disse.

Punição

Os policiais que participaram do protesto podem ser punidos pelas suas corporações, de acordo com Serra. "Quem cometeu ilegalidade, sem dúvida, será punido e isso tudo será apurado", afirmou o governador.

Segundo a Adepesp, 2.500 pessoas participaram da manifestação. O objetivo dos policiais civis era seguir em passeata até o Palácio dos Bandeirantes para pressionar o governo do Estado a retomar as negociações.

Os policiais civis reivindicam reajuste salarial. De acordo com a Adpesp, durante a reunião de quinta-feira passada (9), na Secretaria da Gestão Pública, o governo apresentou aos grevistas uma proposta de 6,2% de reajuste --os policiais reivindicam 15% de aumento somente neste ano.

Na ocasião, o governo afirmou, em nota, que as lideranças da greve "mais uma vez mantêm propostas que extrapolam a capacidade orçamentária do Estado".

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