A disputa pelo petróleo já levou a várias guerras no mundo, golpes de Estado, criação de governos títeres, assassinatos e outras operações escusas. Tudo isso já foi retratado em livros e filmes, como o recente Syriana, com George Clooney no papel de um agente da CIA. Por isso, a criação da CPI da Petrobras não pode ser vista apenas pelo viés eleitoral brasileiro, se bem que ele importa e muito.
Mas isso até a grande mídia reconhece. O ataque organizado à maior empresa brasileira, que se mantém importante e eficiente mesmo em mãos do Estado, deve ser entendido dentro de uma perspectiva mais ampla de ganância pelo petróleo brasileiro no momento em que foi anunciada ao mundo a descoberta de uma das maiores reservas de todos os tempos, na área do pré-sal.
Seria ingenuidade achar que as grandes corporações petrolíferas e seus representantes não estariam de olho nesta riqueza brasileira, capaz de transformar o país em um dos maiores produtores mundiais. E para botar a mão nela é preciso agir o quanto antes e com a maior eficiência.
O tempo dos golpes de Estado financiados pelas petroleiras ficou para trás e as conspirações precisam ser mais ardilosas. O atual governo interrompeu um processo de privatizações, embora não tenha sido tão eficaz em relação aos leilões de novas áreas de petróleo, mas sinalizou firme quanto ao pré-sal, buscando assegurar a primazia nacional, seja por meio da Petrobras ou de uma empresa a ser criada exclusivamente para administrar estas novas reservas.
Tal movimentação é vista com preocupação pelas partes interessadas em flexibilizar, para usar palavra tão ao gosto dos neoliberais, esse controle estatal sobre as reservas brasileiras. O empenho dos parlamentares do PSDB pela CPI faz todo o sentido, já que foi o partido que tentou privatizar a Petrobras no governo de Fernando Henrique Cardoso, inclusive alterando o seu nome para Petrobrax para torná-la mais internacional e menos brasileira.
Seguindo essa linha de raciocínio, enfraquecer e desacreditar a Petrobras nesse momento soa como música aos privatistas. Se a empresa é corrupta e mal administrada, como seus acusadores parecem querer provar, está aberto o caminho para tachar o Estado de incompetente e invocar a competência administrativa da iniciativa privada.
Os tentáculos dos interesses maiores não estão apenas no parlamento, onde não deve ser muito difícil nem tão caro arregimentar aliados, mas espalham-se por vários setores da sociedade, principalmente na mídia, estratégica na batalha da informação.
A guerra está deflagrada, mas os golpes começam a ser identificados pelos olhos atentos. Neste sentido, recomendo a leitura do artigo “Petrobrax para iniciantes”, de Leandro Fortes, no blog “Brasília, eu vi”, sobre matéria da Folha de S. Paulo. Mais um exemplo do papel fundamental da internet como contraponto ao que está na grande imprensa.
Mair Pena Neto, Direto da Redação.
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