Folha de S. Paulo - 24/09/2009
Presidente diz que Zelaya ficará em embaixada o tempo que for preciso e se nega a cumprir exigência de dar asilo ou entregar hondurenho
A pedido do Brasil, Conselho de Segurança da ONU se reúne amanhã para debater ações do governo golpista contra missão brasileira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem em Nova York que o governo brasileiro apoia a permanência por tempo indefinido do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Lula disse que não cumprirá as exigências feitas pelo governo de fato de Honduras de dar asilo formal a Zelaya no Brasil ou então entregá-lo à Justiça hondurenha porque não reconhece um "governo golpista".
Presidente diz que Zelaya ficará em embaixada o tempo que for preciso e se nega a cumprir exigência de dar asilo ou entregar hondurenho
A pedido do Brasil, Conselho de Segurança da ONU se reúne amanhã para debater ações do governo golpista contra missão brasileira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem em Nova York que o governo brasileiro apoia a permanência por tempo indefinido do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Lula disse que não cumprirá as exigências feitas pelo governo de fato de Honduras de dar asilo formal a Zelaya no Brasil ou então entregá-lo à Justiça hondurenha porque não reconhece um "governo golpista".
Segundo o chanceler Celso Amorim, a situação de Zelaya será discutida em reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU amanhã -hoje, o organismo também se reúne, mas para debater a proliferação nuclear. O Brasil solicitou a reunião anteontem, depois que a embaixada brasileira teve o fornecimento de água e luz cortado -ontem, ele foi restabelecido- e bombas de gás lacrimogêneo foram atiradas nas imediações.
Questionado sobre até quando o Brasil poderia sustentar a permanência de Zelaya na embaixada, Lula evitou comentar prazos, mas disse que ele é um presidente legítimo e que o governo brasileiro quer garantias de sua segurança.
"Nós não precisamos gastar meia palavra para falar do que aconteceu em Honduras. O presidente eleito foi retirado de sua casa de madrugada à força. Esse presidente resolveu voltar ao seu país. Nós queremos que ele fique com garantias lá e queremos que os golpistas não façam nada com a embaixada brasileira. Isso faz parte de convenções internacionais."
Lula chegou a dizer que a nomenclatura "governo de fato" não se adequa ao governo de Roberto Micheletti. "Vocês estão sofisticando o golpismo." Durante jantar de encerramento da reunião do clima anteontem, Lula combinou de conversar sobre a situação de Honduras com o presidente dos EUA, Barack Obama, na reunião do G20, que começa hoje em Pittsburgh.
Lula reiterou que a comunidade internacional não pode deixar que o caso de Honduras abra um precedente para outros golpes na América Central.
Segundo ele, a direita não estava acostumada a perder eleições e, caso não sejam tomadas providências para resolver a situação em Honduras, isso poderia estimular que vizinhos seguissem o mesmo caminho.
Mais cedo, em discurso na abertura da 64ª Assembleia Geral da ONU, ele já havia afirmado que a comunidade internacional repudia o golpe e quer a restituição de Zelaya ao poder.
Lula disse ontem que, caso o governo golpista insista em conduzir eleições em novembro, o resultado não será respeitado pela comunidade internacional. Afirmou ainda que Zelaya já cedeu muito nas negociações e que os golpistas parecem se sentir inatingíveis. Questionado se Zelaya poderia usar a embaixada brasileira como palanque para manifestações políticas, Lula disse que a presença dele no país pode levar os golpistas a iniciar um processo de negociação. "Não sei se ele está convocando comício. Obviamente não está lá escondido embaixo da cama."
No Brasil, o presidente em exercício José Alencar pediu, porém, que Zelaya se contivesse. "É preciso que haja respeito pela situação e que ele não faça da embaixada uma base política, eleitoral, ou coisa que o valha. Ele está lá na condição de abrigado, não é exilado."
Suspensão
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, divulgou nota em que diz que a organização decidiu suspender temporariamente a assistência técnica da organização ao Supremo Tribunal Eleitoral de Honduras.
Ele disse não acreditar que existam hoje condições no país para a realização de eleições consideradas válidas.
O secretário fez um apelo para que os direitos humanos sejam respeitados no país e que a inviolabilidade da missão diplomática do Brasil em Tegucigalpa seja preservada.
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