O ano que começa já está reservando muitas surpresas. A “crise militar” alimentada pelos setores conservadores foi visivelmente ampliada com a inestimável colaboração dos grandes veículos de imprensa. Está sendo uma demonstração concreta de como a mídia conservadora brasileira está se venezuelando, ou seja, está agindo mais como um partido político defensor de poderosos grupos econômicos do que uma empresa jornalística propriamente dita.
Os fatos estão a demonstrar que no caso da “crise”, a maior parte do que foi escrito e analisado não passou de uma mexida no tabuleiro de xadrez da sucessão presidencial. Em outros termos: uma oposição sem bandeira precisa de pretextos para tentar cercar pelos sete lados a candidatura Dilma Roussef, como o presidente eleito do Uruguai José Pepe Mujica, uma ex-presa política.
Para “resolver a crise militar” (sempre entre aspas), o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou um termo do texto do arrazoado da Comissão de Verdade. Aí o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, partiu para o Haiti dizendo apenas que “da minha parte está tudo resolvido”. E apareceu por lá com o seu uniforme de campanha preferido, sorrindo ao desembarcar. E o Ministro Paulo Vannuchi, segundo o noticiário da imprensa, voltou às férias. A mudança está sendo interpretada a bel prazer: para uns, Lula capitulou diante das pressões conservadoras, para outro o importante foi manter a Comissão de Verdade e Justiça.
No restante nada mudou, apesar das pressões da Confederação Nacional da Agricultura, que fez duras críticas ao fato de o projeto a ser submetido ao Congresso assinalar que antes de qualquer ação de reintegração de posse em terras ocupadas haveria uma tentativa de diálogo entre as partes. Mas o setor ruralista não quer papo, pois entende que para começar qualquer conversa é necessário agir com rigor, se possível na base do prende e arrebenta, como faziam na época da ditadura por aqui. A mídia corporativa entrou também de sola ao lado dos ruralistas.
Teve até um analista de plantão lembrando que as reformas de base de Jango eram café pequeno se comparadas ao que Lula está propondo e ainda por cima chegou ao ponto de perguntar onde estão as Forças Armadas? Nome do analista pregador do golpe: José Neumane,Pinto, no SBT. Entidades que agrupam o patronato do setor falam em cerceamento da liberdade de imprensa, quando isso não está em questão.
Passada então a “crise”, que ainda continua a exigir dos analistas de plantão muitas considerações, restará aguardar qual a próxima grita do setor conservador. E quanto mais próximo da eleição presidencial melhor para os demo-tucanos e ex- comunistas que se bandearam para a direita.
Enquanto isso, o mundo assiste chocado a tragédia do Haiti provocada por um devastador terremoto que deixou um número incalculável de vítimas fatais e arrasou o pouco que ainda tinha em matéria de infraestrutura naquele país. Os analistas de sempre têm se ocupado do Haiti e de um modo geral omitem a questão principal: o país caribenho, mais pobre da América, é vítima secular da cobiça colonial e imperialista. Ou seja, o Haiti, que há pouco mais de 200 anos foi o primeiro país das Américas a ganhar a independência, sofreu as consequências ao longo de sua história do colonialismo da Espanha, França e mais recentemente do imperialismo estadunidense, países que a única coisa que almejam do Haiti é favorecer empresas transnacionais em busca do lucro fácil.
Nos últimos tempos, os sucessivos governos estadunidenses exigiam que o Haiti permitisse a fixação de grandes empresas que explorassem o país sem nenhuma regra. Em outras palavras em nome da “modernização” e da consolidação do processo democrático os dominadores do Haiti exigem que o país caribenho reestruture sua economia para eliminar barreiras comerciais e tornando-a ainda mais dependente. Resultado: o Haiti que algum dia foi celeiro de açúcar que ia para a França e tinha arroz para dar e vender, hoje importa 80% desse alimento básico para a população. Tudo isso tem um nome: exploração do capital em detrimento de milhões de seres humanos que vivem em condições precaríssimas.
A França e os Estados Unidos decidiram em 2004 remover o Presidente Jean Bertrand Aristide, que criava problemas, mesmo não sendo uma figura impoluta, e se valeram posteriormente das forças de paz das Nações Unidas para fazer o serviço. Em quase seis anos, o que fizeram as forças de paz em matéria de melhorar a qualidade de vida do povo sofrido do Haiti e proteger a propriedade de quem tem? No meio da história de dominação, o pobre Haiti sofreu as consequências de vários furacões e agora do terremoto devastador, o maior em 200 anos e que pode ter matado mais de 100 mil pessoas.
Aí aparecem os líderes dos países ricos dizendo que estão rezando e se oferecendo para proporcionar algumas migalhas, sem alterar em nada o que fizeram ao longo do tempo. Isto é, ajuda assistencial de emergência, mas sem mudar em nada o esquema de dominação, que é atávico. Barack Obama não fugiu a regra, tampouco o presidente francês Nicolas Sarkozy, e com a colaboração da mídia conservadora aparecem como “generosos salvadores da pátria haitiana”.
O que os Estados Unidos gastaram com as ações militares no Iraque para abocanhar o petróleo daria para o Haiti investir na infraestrutura básica para melhorar as condições de vida do povo sofrido. Mas não fizeram nada nesse sentido e agora aparecem como bonzinhos.
Esqueceram de informar uma série de questões, entre as quais a de que os haitianos que tentam deixar o país em arriscadas viagens por mar rumo aos Estados Unidos são imediatamente repatriados quando localizados pela Guarda Costeira. Completamente diferente do tratamento que recebem os cubanos que tentam chegar ao “paraíso de Miami”. A lei os protege, tanto que basta os cubanos pisarem solo estadunidense para serem reconhecidos e receberam as boas vindas.
Agora, como a tragédia expõe para o mundo as precárias condições de vida dos haitianos, os mesmos países que lucraram ao longo do tempo com o Haiti aparecem como “salvadores” e os meios de comunicação conservadores preferem omitir a história de rapina que resulta em miséria de milhões de seres humanos.
Os fatos estão a demonstrar que no caso da “crise”, a maior parte do que foi escrito e analisado não passou de uma mexida no tabuleiro de xadrez da sucessão presidencial. Em outros termos: uma oposição sem bandeira precisa de pretextos para tentar cercar pelos sete lados a candidatura Dilma Roussef, como o presidente eleito do Uruguai José Pepe Mujica, uma ex-presa política.
Para “resolver a crise militar” (sempre entre aspas), o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou um termo do texto do arrazoado da Comissão de Verdade. Aí o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, partiu para o Haiti dizendo apenas que “da minha parte está tudo resolvido”. E apareceu por lá com o seu uniforme de campanha preferido, sorrindo ao desembarcar. E o Ministro Paulo Vannuchi, segundo o noticiário da imprensa, voltou às férias. A mudança está sendo interpretada a bel prazer: para uns, Lula capitulou diante das pressões conservadoras, para outro o importante foi manter a Comissão de Verdade e Justiça.
No restante nada mudou, apesar das pressões da Confederação Nacional da Agricultura, que fez duras críticas ao fato de o projeto a ser submetido ao Congresso assinalar que antes de qualquer ação de reintegração de posse em terras ocupadas haveria uma tentativa de diálogo entre as partes. Mas o setor ruralista não quer papo, pois entende que para começar qualquer conversa é necessário agir com rigor, se possível na base do prende e arrebenta, como faziam na época da ditadura por aqui. A mídia corporativa entrou também de sola ao lado dos ruralistas.
Teve até um analista de plantão lembrando que as reformas de base de Jango eram café pequeno se comparadas ao que Lula está propondo e ainda por cima chegou ao ponto de perguntar onde estão as Forças Armadas? Nome do analista pregador do golpe: José Neumane,Pinto, no SBT. Entidades que agrupam o patronato do setor falam em cerceamento da liberdade de imprensa, quando isso não está em questão.
Passada então a “crise”, que ainda continua a exigir dos analistas de plantão muitas considerações, restará aguardar qual a próxima grita do setor conservador. E quanto mais próximo da eleição presidencial melhor para os demo-tucanos e ex- comunistas que se bandearam para a direita.
Enquanto isso, o mundo assiste chocado a tragédia do Haiti provocada por um devastador terremoto que deixou um número incalculável de vítimas fatais e arrasou o pouco que ainda tinha em matéria de infraestrutura naquele país. Os analistas de sempre têm se ocupado do Haiti e de um modo geral omitem a questão principal: o país caribenho, mais pobre da América, é vítima secular da cobiça colonial e imperialista. Ou seja, o Haiti, que há pouco mais de 200 anos foi o primeiro país das Américas a ganhar a independência, sofreu as consequências ao longo de sua história do colonialismo da Espanha, França e mais recentemente do imperialismo estadunidense, países que a única coisa que almejam do Haiti é favorecer empresas transnacionais em busca do lucro fácil.
Nos últimos tempos, os sucessivos governos estadunidenses exigiam que o Haiti permitisse a fixação de grandes empresas que explorassem o país sem nenhuma regra. Em outras palavras em nome da “modernização” e da consolidação do processo democrático os dominadores do Haiti exigem que o país caribenho reestruture sua economia para eliminar barreiras comerciais e tornando-a ainda mais dependente. Resultado: o Haiti que algum dia foi celeiro de açúcar que ia para a França e tinha arroz para dar e vender, hoje importa 80% desse alimento básico para a população. Tudo isso tem um nome: exploração do capital em detrimento de milhões de seres humanos que vivem em condições precaríssimas.
A França e os Estados Unidos decidiram em 2004 remover o Presidente Jean Bertrand Aristide, que criava problemas, mesmo não sendo uma figura impoluta, e se valeram posteriormente das forças de paz das Nações Unidas para fazer o serviço. Em quase seis anos, o que fizeram as forças de paz em matéria de melhorar a qualidade de vida do povo sofrido do Haiti e proteger a propriedade de quem tem? No meio da história de dominação, o pobre Haiti sofreu as consequências de vários furacões e agora do terremoto devastador, o maior em 200 anos e que pode ter matado mais de 100 mil pessoas.
Aí aparecem os líderes dos países ricos dizendo que estão rezando e se oferecendo para proporcionar algumas migalhas, sem alterar em nada o que fizeram ao longo do tempo. Isto é, ajuda assistencial de emergência, mas sem mudar em nada o esquema de dominação, que é atávico. Barack Obama não fugiu a regra, tampouco o presidente francês Nicolas Sarkozy, e com a colaboração da mídia conservadora aparecem como “generosos salvadores da pátria haitiana”.
O que os Estados Unidos gastaram com as ações militares no Iraque para abocanhar o petróleo daria para o Haiti investir na infraestrutura básica para melhorar as condições de vida do povo sofrido. Mas não fizeram nada nesse sentido e agora aparecem como bonzinhos.
Esqueceram de informar uma série de questões, entre as quais a de que os haitianos que tentam deixar o país em arriscadas viagens por mar rumo aos Estados Unidos são imediatamente repatriados quando localizados pela Guarda Costeira. Completamente diferente do tratamento que recebem os cubanos que tentam chegar ao “paraíso de Miami”. A lei os protege, tanto que basta os cubanos pisarem solo estadunidense para serem reconhecidos e receberam as boas vindas.
Agora, como a tragédia expõe para o mundo as precárias condições de vida dos haitianos, os mesmos países que lucraram ao longo do tempo com o Haiti aparecem como “salvadores” e os meios de comunicação conservadores preferem omitir a história de rapina que resulta em miséria de milhões de seres humanos.
Mário Augusto Jakobskind, Direto da Redação
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