Ricardo Berzoíne: os tucanos estão “descontrolados e derrotistas”

Polarização anunciada

Correio Braziliense - 21/01/2010

Generais dos exércitos tucanos e petistas deixaram as trincheiras e assumiram a polarização anunciada para as eleições presidenciais. O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, e Sérgio Guerra, titular de mesma patente no PSDB, divulgaram notas oficiais. Berzoini qualifica o PSDB de “descontrolado” e defensor de um discurso derrotista. Guerra acusa a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, de usar a mentira como método. O pano de fundo é uma entrevista concedida pelo presidente nacional do PSDB à revista Veja. Na ocasião, Guerra afirmou que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não decolou. “Açodado, Guerra deu a senha para que, a cada inauguração, possamos desmentir o discurso derrotista da oposição”, escreveu Berzoini.

Na terça, Dilma também deixou de lado a diplomacia. Durante inaugurações de obras do PAC no interior mineiro, a pré-candidata petista à sucessão de Lula cutucou os tucanos. “Vira e mexe, querem acabar com algum programa do governo Lula. Em 2006, queriam acabar com o Bolsa Família. Em 2010, querem acabar com obras como essa”, comentou, diante de milhares de pessoas que acompanhavam a entrega de uma barragem em Jenipapo de Minas.

Em resposta rápida, a senadora tucana Marisa Serrano (MS) classificou o programa de obras e inaugurações protagonizado pelo PT como “slogan publicitário” e adiantou que, caso vença as eleições, o PSDB vai “aperfeiçoar” estatais e dar continuidade ao Bolsa Família.

Berzoini aproveitou a deixa. “A nota assinada pela senadora reflete o dilema tucano: quer se opor às legítimas manifestações de nossa pré-candidata, mas escorrega na aprovação do governo que Lula lidera, Dilma coordena e o povo brasileiro aprova”, argumentou. Irônico, o dirigente petista disse ainda “torcer” para que o PSDB “se encontre”, a fim de que haja um debate de alto nível.

No fim da tarde, Guerra divulgou nota acrescentando pimenta ao cardápio. Segundo ele, Dilma mentiu no passado sobre o currículo e mente hoje sobre os rivais. “Usa a mentira como método. Aposta na desinformação do povo e abusa da boa-fé do cidadão”, afirmou. Para ele, a pré-candidata mente inclusive sobre sua função. “Não é gerente de um programa de governo e, sim, de uma embalagem publicitária que amarra obras municipais, estaduais, federais e privadas. Mente ao somar todos os recursos investidos por essas instâncias e apresentá-los como se fossem resultado da ação do governo federal”, disse. Segundo Guerra, em 32 meses, 10% das obras do PAC foram concluídas.

O único elo da disputa que prefere, por ora, o silêncio, é representado pelo governador de São Paulo, José Serra, provável antagonista de Dilma na corrida pelo Planalto. “Não é fácil escapar do bate-boca pré-eleitoral, mas não entrarei”, disse, em visita a Vinhedo, no interior de São Paulo.

Está claro que mentir, omitir, esconder-se, dissimular e transferir responsabilidades são a base do discurso de Dilma. Mas, ao contrário do que ela pensa, o Brasil não é um país de bobos”