Relatório aponta casos de violência na Fundação Casa São Paulo - Relatório elaborado por oito entidades defensoras dos direitos humanos em complexos e unidades da Fundação Casa (ex-Febem), no último trimestre de 2009, constata problemas de infraestrutura e de violência corporal e psicológica contra adolescentes. Há jovens com cortes na cabeça e no rosto, que teriam ocorrido após briga com funcionários, internação em "solitária" improvisada embaixo de escada e relatos de ausência de tratamento médico adequado.
As informações constam de relatório de 70 páginas, obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, que foi encaminhado em novembro para o gabinete do governador José Serra (PSDB) e para o secretário de Justiça, Luiz Antônio Marrey. O documento é baseado em depoimentos dos adolescentes e na constatação das equipes no local. Participaram da elaboração Conectas Direitos Humanos, Ilanud, Instituto Pro Bono, ACAT, AMAR, Comissão Teotônio Vilela e Cedeca Sapopemba e Interlagos. As equipes visitaram 12 unidades, a maior parte delas ligadas a três complexos (Raposo Tavares, Vila Maria e Brás), onde havia 905 adolescentes - a Fundação Casa atende a 6.581 jovens em todo o Estado de São Paulo.
Os piores casos estão nos complexos Raposo Tavares e Vila Maria. Há relatos de falta de higiene e depredação nas instalações e depoimentos de funcionários alegando que com a falta de servidores não há como prestar o serviço adequado aos jovens - inclusive levá-los para as consultas médicas. Os adolescentes dizem que o Grupo de Apoio, que faz a guarda das unidades, canta a seguinte música: "Grupo de apoio/qual é sua missão?/Entrar na unidade/ Pra quebrar ladrão/ Grupo de apoio/qual é sua missão?/ Bater nos ladrão e derramar sangue no chão".
Na unidade 28 do Raposo Tavares, um jovem ficou 20 dias isolado do convívio por ser alvo de ameaças dos outros internos. De acordo com jovens da unidade, agentes quebraram TV e rádio em cima deles durante uma briga. Um jovem tinha dois cortes grandes na cabeça, "mal suturados". Outro tinha o mesmo tipo de ferimento, segundo ele decorrente do estilhaçamento de um aparelho de som contra sua cabeça.
Assistência médica
Um dos principais problemas detectados pelas entidades de direitos humanos é o tratamento de saúde considerado inadequado na maior parte das unidades visitadas. No Núcleo de Ação Integral à Saúde do Complexo Raposo Tavares, por exemplo, foi constatado que um terço dos jovens são medicados com psicotrópicos.
Na unidade 38, do Complexo Raposo Tavares, um adolescente que tem uma bolsa de colostomia disse que "a demora e os atrasos no seu atendimento regular lhe causam graves problemas, inclusive uma vez se viu obrigado a substituir a sua bolsa de coleta por um saco plástico de supermercado".
Na mesma unidade, outro jovem que estava com o braço quebrado disse que a fratura aconteceu quando "o choquinho e o chocão entraram na unidade", no dia 27 de maio de 2009. O adolescente usa um pino metálico na região do cotovelo e não consegue mais esticar o braço. Disse às entidades sentir dor. "Foi informado de que não há como fazer fisioterapia", afirmam as entidades no relatório.
No Complexo Vila Maria, as equipes constataram que muitos jovens "mostraram doenças de pele, arranhões e até mesmo hematomas por causa dos maus tratos dos funcionários". Um menino com o dedo quebrado relatou ter de tirar o gesso sozinho, pois apanhava quando pedia para ir ao ambulatório. Há relatos de adolescentes da unidade 28, do Complexo Raposo Tavares, de que tiveram de "fazer as suas necessidades" na embalagem de marmitex. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
As informações constam de relatório de 70 páginas, obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, que foi encaminhado em novembro para o gabinete do governador José Serra (PSDB) e para o secretário de Justiça, Luiz Antônio Marrey. O documento é baseado em depoimentos dos adolescentes e na constatação das equipes no local. Participaram da elaboração Conectas Direitos Humanos, Ilanud, Instituto Pro Bono, ACAT, AMAR, Comissão Teotônio Vilela e Cedeca Sapopemba e Interlagos. As equipes visitaram 12 unidades, a maior parte delas ligadas a três complexos (Raposo Tavares, Vila Maria e Brás), onde havia 905 adolescentes - a Fundação Casa atende a 6.581 jovens em todo o Estado de São Paulo.
Os piores casos estão nos complexos Raposo Tavares e Vila Maria. Há relatos de falta de higiene e depredação nas instalações e depoimentos de funcionários alegando que com a falta de servidores não há como prestar o serviço adequado aos jovens - inclusive levá-los para as consultas médicas. Os adolescentes dizem que o Grupo de Apoio, que faz a guarda das unidades, canta a seguinte música: "Grupo de apoio/qual é sua missão?/Entrar na unidade/ Pra quebrar ladrão/ Grupo de apoio/qual é sua missão?/ Bater nos ladrão e derramar sangue no chão".
Na unidade 28 do Raposo Tavares, um jovem ficou 20 dias isolado do convívio por ser alvo de ameaças dos outros internos. De acordo com jovens da unidade, agentes quebraram TV e rádio em cima deles durante uma briga. Um jovem tinha dois cortes grandes na cabeça, "mal suturados". Outro tinha o mesmo tipo de ferimento, segundo ele decorrente do estilhaçamento de um aparelho de som contra sua cabeça.
Assistência médica
Um dos principais problemas detectados pelas entidades de direitos humanos é o tratamento de saúde considerado inadequado na maior parte das unidades visitadas. No Núcleo de Ação Integral à Saúde do Complexo Raposo Tavares, por exemplo, foi constatado que um terço dos jovens são medicados com psicotrópicos.
Na unidade 38, do Complexo Raposo Tavares, um adolescente que tem uma bolsa de colostomia disse que "a demora e os atrasos no seu atendimento regular lhe causam graves problemas, inclusive uma vez se viu obrigado a substituir a sua bolsa de coleta por um saco plástico de supermercado".
Na mesma unidade, outro jovem que estava com o braço quebrado disse que a fratura aconteceu quando "o choquinho e o chocão entraram na unidade", no dia 27 de maio de 2009. O adolescente usa um pino metálico na região do cotovelo e não consegue mais esticar o braço. Disse às entidades sentir dor. "Foi informado de que não há como fazer fisioterapia", afirmam as entidades no relatório.
No Complexo Vila Maria, as equipes constataram que muitos jovens "mostraram doenças de pele, arranhões e até mesmo hematomas por causa dos maus tratos dos funcionários". Um menino com o dedo quebrado relatou ter de tirar o gesso sozinho, pois apanhava quando pedia para ir ao ambulatório. Há relatos de adolescentes da unidade 28, do Complexo Raposo Tavares, de que tiveram de "fazer as suas necessidades" na embalagem de marmitex. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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