O PSDB anda se proclamando “de esquerda” e é preciso desmontar essa empulhação. Esquerda não pode ser privatizante e o PSDB é; esquerda não pode dizer que programas sociais são “esmola” e o PSDB diz; esquerda não pode defender “Estado mínimo” e o PSDB defende.
Por Eduardo Guimarães, no blog Cidadania.com
Claro que os tucanos negam tudo isso. No Brasil, sobretudo depois de Lula, ninguém quer ser de direita. Contudo, os milhares de textos que simpatizantes e militantes tucanos escreveram nos últimos sete anos provam o contrário. Está tudo escrito e será apresentado como prova do transformismo ideológico desse pessoal.
A eleição deste ano, pois, deveria ser uma barbada para Dilma Rousseff em razão dos resultados que o país vem colhendo de políticas diametralmente diferentes das pregadas pelo PSDB, mas não será. E uma boa indicação disso é o que está acontecendo no processo sucessório no Chile.
Michele Bachelet, presidente chilena, tem uma aprovação tão alta quanto a de Lula e, ainda assim, seu candidato, apesar de chegar à eleição deste domingo tecnicamente empatado com o candidato da assustadora direita chilena, corre o risco de perder uma eleição que deveria estar ganha.
Como escrevo antes de ser conhecido o resultado da eleição no Chile, é até possível que o ex-presidente Eduardo Frei, candidato de Bachelet, vença. Contudo, ao se dar crédito às pesquisas de intenção de voto, seria uma vitória por margem extremamente apertada.
Para entender o que acontece naquele país e que a direita brasileira acha que poderá acontecer por aqui, basta lançar um olhar sobre os erros cometidos pela Concertação (aliança de centro-esquerda que governa o Chile desde que Pinochet largou o osso) diante da tática da direita de negar ser o que é exatamente como os tucanos estão fazendo.
No primeiro turno chileno, a esquerda se dividiu graças a um candidato que se diz “de esquerda”, Marco Enríquez Ominami. Foi ele quem mais colaborou para o fortalecimento da candidatura de Sebastián Piñera, apoiado pela ultradireita pinochetista.
Ominami teve nada mais, nada menos do que 20% dos votos no primeiro turno da eleição chilena, no mês passado. Se tivesse apoiado Frei, a eleição teria sido liquidada em primeiro turno e teria sido eliminado o risco de volta dos seguidores póstumos de Pinochet.
Em vez disso, vejam a declaração que o tal candidato “de esquerda” acaba de dar lá no Chile depois de votar: “Continuo acreditando que os dois candidatos representam o passado. Não vou negociar nada, não participarei de nenhum governo, serei opositor de ambos”.
Os eleitores de Ominami, contudo, não pensam como ele. Frei passou de 36% no primeiro turno para 49% nas pesquisas para o segundo, ou seja, a maioria de seus eleitores não quer a volta dos pinochetistas ao poder.
Aqui no Brasil, acontece a mesma coisa. Políticos que se dizem de “esquerda” estão trabalhando pela candidatura Serra ao dizerem que Lula é “de direita”.
Ao agirem assim, esses que se dizem “de esquerda” apoiam, indiretamente, um político ligado a gente que quer entregar o Pré Sal a empresas petrolíferas estrangeiras, que prega “Estado mínimo”, que quer novas privatizações, que chama programas sociais de “esmola”, que queria que o governo cortasse gastos para combater a crise etc.
Tanto no Chile quanto no Brasil, portanto, esquerda e direita estão muito bem definidas. Ser de esquerda é acreditar que um país como este precisa de um Bolsa Família e de um Estado forte e é repudiar o apoio de gente que cultua a memória e os métodos de um dos maiores assassinos que o mundo já conheceu.
Nesse aspecto, o discurso de Lula e de Dilma procura marcar diferença em relação a Serra ao martelar que o Estado precisa ser o promotor do desenvolvimento e o regulador das tensões sociais.
Mas é pouco, penso eu. É preciso desmascarar essa tentativa dos tucanos e de seu candidato de ludibriarem a sociedade dizendo-se “de esquerda”. A diferença entre as propostas do PSDB e do PT é flagrante.
Acho, inclusive, que, conforme a eleição for ficando mais dura para Serra, ele poderá adotar o discurso de Lula sobre o papel do Estado, sobre os programas sociais, etc. Por isso, a melhor vacina contra a empulhação tucana será resgatar seus discursos nestes anos todos.
Aliás, essas pessoas que vivem chamando o Bolsa Família de “esmola” precisam continuar escrevendo e falando. Eu mesmo darei a esse pessoal todo o espaço que quiser para recitar seus dogmas. Só pedirei que deixe bem claro em quem pretende votar.
Por Eduardo Guimarães, no blog Cidadania.com
Claro que os tucanos negam tudo isso. No Brasil, sobretudo depois de Lula, ninguém quer ser de direita. Contudo, os milhares de textos que simpatizantes e militantes tucanos escreveram nos últimos sete anos provam o contrário. Está tudo escrito e será apresentado como prova do transformismo ideológico desse pessoal.
A eleição deste ano, pois, deveria ser uma barbada para Dilma Rousseff em razão dos resultados que o país vem colhendo de políticas diametralmente diferentes das pregadas pelo PSDB, mas não será. E uma boa indicação disso é o que está acontecendo no processo sucessório no Chile.
Michele Bachelet, presidente chilena, tem uma aprovação tão alta quanto a de Lula e, ainda assim, seu candidato, apesar de chegar à eleição deste domingo tecnicamente empatado com o candidato da assustadora direita chilena, corre o risco de perder uma eleição que deveria estar ganha.
Como escrevo antes de ser conhecido o resultado da eleição no Chile, é até possível que o ex-presidente Eduardo Frei, candidato de Bachelet, vença. Contudo, ao se dar crédito às pesquisas de intenção de voto, seria uma vitória por margem extremamente apertada.
Para entender o que acontece naquele país e que a direita brasileira acha que poderá acontecer por aqui, basta lançar um olhar sobre os erros cometidos pela Concertação (aliança de centro-esquerda que governa o Chile desde que Pinochet largou o osso) diante da tática da direita de negar ser o que é exatamente como os tucanos estão fazendo.
No primeiro turno chileno, a esquerda se dividiu graças a um candidato que se diz “de esquerda”, Marco Enríquez Ominami. Foi ele quem mais colaborou para o fortalecimento da candidatura de Sebastián Piñera, apoiado pela ultradireita pinochetista.
Ominami teve nada mais, nada menos do que 20% dos votos no primeiro turno da eleição chilena, no mês passado. Se tivesse apoiado Frei, a eleição teria sido liquidada em primeiro turno e teria sido eliminado o risco de volta dos seguidores póstumos de Pinochet.
Em vez disso, vejam a declaração que o tal candidato “de esquerda” acaba de dar lá no Chile depois de votar: “Continuo acreditando que os dois candidatos representam o passado. Não vou negociar nada, não participarei de nenhum governo, serei opositor de ambos”.
Os eleitores de Ominami, contudo, não pensam como ele. Frei passou de 36% no primeiro turno para 49% nas pesquisas para o segundo, ou seja, a maioria de seus eleitores não quer a volta dos pinochetistas ao poder.
Aqui no Brasil, acontece a mesma coisa. Políticos que se dizem de “esquerda” estão trabalhando pela candidatura Serra ao dizerem que Lula é “de direita”.
Ao agirem assim, esses que se dizem “de esquerda” apoiam, indiretamente, um político ligado a gente que quer entregar o Pré Sal a empresas petrolíferas estrangeiras, que prega “Estado mínimo”, que quer novas privatizações, que chama programas sociais de “esmola”, que queria que o governo cortasse gastos para combater a crise etc.
Tanto no Chile quanto no Brasil, portanto, esquerda e direita estão muito bem definidas. Ser de esquerda é acreditar que um país como este precisa de um Bolsa Família e de um Estado forte e é repudiar o apoio de gente que cultua a memória e os métodos de um dos maiores assassinos que o mundo já conheceu.
Nesse aspecto, o discurso de Lula e de Dilma procura marcar diferença em relação a Serra ao martelar que o Estado precisa ser o promotor do desenvolvimento e o regulador das tensões sociais.
Mas é pouco, penso eu. É preciso desmascarar essa tentativa dos tucanos e de seu candidato de ludibriarem a sociedade dizendo-se “de esquerda”. A diferença entre as propostas do PSDB e do PT é flagrante.
Acho, inclusive, que, conforme a eleição for ficando mais dura para Serra, ele poderá adotar o discurso de Lula sobre o papel do Estado, sobre os programas sociais, etc. Por isso, a melhor vacina contra a empulhação tucana será resgatar seus discursos nestes anos todos.
Aliás, essas pessoas que vivem chamando o Bolsa Família de “esmola” precisam continuar escrevendo e falando. Eu mesmo darei a esse pessoal todo o espaço que quiser para recitar seus dogmas. Só pedirei que deixe bem claro em quem pretende votar.
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