sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Dilma: pé na estrada


Leonardo Augusto
Correio Braziliense - 15/01/2010

Pré-candidata à Presidência quer colar sua imagem à de Lula em viagens pelo país


A cúpula nacional do PT não vai abrir mão de colocar a ministra Dilma Rousseff ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagens oficiais por todo o país, e a estratégia vai ser reforçada este ano. Depois das férias de fim de ano, Lula e Dilma põem o pé na estrada e retomam as viagens para lançar e inaugurar obras. Os dois embarcaram ontem para São Luís, no Maranhão, onde hoje lançam a pedra fundamental de uma refinaria da Petrobras, em Bacabeira, a 60km da capital maranhense. Ontem à noite, a dupla participou de um jantar oferecido pela governadora Roseana Sarney e seu pai, o senador José Sarney (PMDB-AP). Na semana que vem, Lula e a ministra vão a Minas Gerais.

O primeiro compromisso em Minas será na cidade de Jenipapo de Minas, no Vale do Jequitinhonha, para a inauguração da barragem de Setúbal, que terá a função de perenizar o rio de mesmo nome. A obra, orçada em R$ 188 milhões, está prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A barragem foi projetada no fim dos anos 1980 durante o governo de Newton Cardoso. Depois de um ciclo de retomadas e paralisações, a obra foi reiniciada pelos governos federal, que liberou a maior parte dos recursos, e estadual. Segundo prefeito de Jenipapo de Minas, Marlio Geraldo Costa (PDT), a barragem vai ajudar a desenvolver projetos nos setores de psicultura e turismo.

Em seguida, Lula e Dilma vão a Juiz de Fora, na Zona da Mata. O presidente visita a primeira termelétrica da Petrobras movida a etanol. A agenda inclui ainda inauguração de duas unidades de pronto atendimento (UPAs) nos bairros Cidade Alta e Santa Luzia. A administração de cada UPA custa R$ 600 mil por mês. Por regulamentação nacional, 50% do valor é repassado pelo governo federal. Os 50% restantes são divididos em partes iguais pelo governo do estado e a prefeitura.

O número

R$ 188 milhões

Valor orçado da barragem de Setúbal, que está prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e será visita obrigatória de Dilma em Minas Gerais

Voo solo em Minas

Mantendo a estratégia de colar a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas viagens oficiais, a cúpula do PT pretende montar um cronograma específico de visitas para a pré-candidata, sozinha, em Minas Gerais, nos fins de semana, para contatos com a população e reuniões políticas. “O estado é o segundo colégio eleitoral do Brasil e foi onde o presidente Lula teve excelentes votações nas duas últimas eleições, portanto, exige atenção especial”, afirma um dos principais dirigentes nacionais da legenda, preocupado em não ver reduzido o volume de votos a candidatos petistas.

A estratégia vale até a desincompatibilização da ministra, prevista para abril. O PT nacional quer também não deixar brechas para que a oposição explore o fato de Dilma, apesar de ser mineira, ter passado a maior parte da vida no Rio Grande do Sul, apenas o quinto maior colégio eleitoral do país. A ministra viveu em Belo Horizonte até os 19 anos e ainda tem parte da família morando na capital mineira. Conforme o dirigente nacional da legenda, as primeiras visitas de fim de semana serão definidas na semana que vem, quando a maior parte dos integrantes da cúpula do PT retornam das férias.

Homenagens

A ministra também vai a Belo Horizonte, mas em datas ainda não definidas. O vereador Paulo Lamac (PT) entrou com proposição para concessão, pela Câmara Municipal, de diploma de honra ao mérito à ministra, título que, diante da estratégia já colocada em prática pelo PT, não resta dúvidas que será entregue em mãos. Na Assembleia, o deputado Durval Ângelo (PT) foi encarregado de conceder voto de congratulação à ministra, honraria que deverá ser feita pela comissão que preside, a de Direitos Humanos. A justificativa, não política, para os dois títulos são os recursos que o governo federal liberou para a capital e para o estado.

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