"Tudo o que catei de latinha em dezembro saiu boiando no rio. Mas o pior é que agora não dá para sair para catar mais nada porque tudo está embaixo da água." Laudelina Brito é uma das moradoras da Vila São José, favela que há seis dias virou um braço do rio Atibaia, na cidade de mesmo nome, a 60 km de São Paulo.
Os catadores de sucata são maioria na favela interiorana, que por conta da enchente tem galinhas nos telhados, porcos ilhados e uma cabra como única vítima fatal. Já outros animais se aproveitaram do aguaceiro para dar as caras. Cobras, ratos e sapos habitam os barracos como se fossem de estimação. "Está cheio de sanguessuga também. Teve uma que grudou em mim e não queria largar", conta a vizinha Cleonice Farias.
A enxurrada na capital do morango também se espalhou por bairros de outras classes sociais. No Parque das Nações, de classe média, as ruas têm profundidade de um metro de água, por onde os agentes da Defesa Civil são identificados como gondoleiros venezianos pelos moradores. Para maior ironia, uma das vias alagadas é a alameda Amsterdã, capital holandesa repleta de canais. "Está uma beleza. Nosso bairro virou Veneza por culpa da prefeitura", se queixa a dona de casa Neide Antonio.
Por seu lado, a prefeitura local aponta a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) como responsável, por abrir as comportas das barragens das represas de Nazaré Paulista e Piracaia, o que teria aumentado o volume do rio. Já a Sabesp, empresa de economia mista, diz que nenhuma ação que vem executando provocou as enchentes.
O culpado pode ser o governo local ou estadual. Um aponta para o outro. Descobrir os afetados é muito mais fácil. "Agora que a gente está embaixo d´àgua, o Gugu ou o Celso Portiolli podiam dar uma casa para gente", sonha a catadora de sucata Ivanete dos Santos, lembrando os programas televisivos dominicais que distribuem imóveis para histórias comoventes em troca de mais audiência.
Cerca de 500 famílias foram afetadas. Entre elas, 80 estão na condição de desabrigadas. A prefeitura alugou até contêineres com banheiros para receber os flagelados e promete locá-los posteriormente em conjunto habitacionais. Mas, mesmo com a água na cintura, as pessoas não querem deixar seus barracos. "A gente tem medo de sair, e a prefeitura vir e derrubar tudo", confessa a desempregada Ivaneia da Silva, que mora com os três filhos e mais cinco familiares em um cômodo.
Apesar de receberem botas de borracha para evitar o contato com a água poluída, a maioria não usava o calçado. "Ele machuca o pé. Não dá para usar o tempo todo", diz a catadora Ivanete dos Santos.
Outra área afetada é o bairro Kanimar, pontuado com chácaras e sítios. Piscinas e pomares ficaram enlameados.
Segundo a prefeitura, as chuvas afetam o município desde julho, com índices pluviométricos que prejudicaram as colheitas do morango, do pêssego e atualmente das ameixas. Este verão líquido não está para frutas da estação.
Os catadores de sucata são maioria na favela interiorana, que por conta da enchente tem galinhas nos telhados, porcos ilhados e uma cabra como única vítima fatal. Já outros animais se aproveitaram do aguaceiro para dar as caras. Cobras, ratos e sapos habitam os barracos como se fossem de estimação. "Está cheio de sanguessuga também. Teve uma que grudou em mim e não queria largar", conta a vizinha Cleonice Farias.
A enxurrada na capital do morango também se espalhou por bairros de outras classes sociais. No Parque das Nações, de classe média, as ruas têm profundidade de um metro de água, por onde os agentes da Defesa Civil são identificados como gondoleiros venezianos pelos moradores. Para maior ironia, uma das vias alagadas é a alameda Amsterdã, capital holandesa repleta de canais. "Está uma beleza. Nosso bairro virou Veneza por culpa da prefeitura", se queixa a dona de casa Neide Antonio.
Por seu lado, a prefeitura local aponta a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) como responsável, por abrir as comportas das barragens das represas de Nazaré Paulista e Piracaia, o que teria aumentado o volume do rio. Já a Sabesp, empresa de economia mista, diz que nenhuma ação que vem executando provocou as enchentes.
O culpado pode ser o governo local ou estadual. Um aponta para o outro. Descobrir os afetados é muito mais fácil. "Agora que a gente está embaixo d´àgua, o Gugu ou o Celso Portiolli podiam dar uma casa para gente", sonha a catadora de sucata Ivanete dos Santos, lembrando os programas televisivos dominicais que distribuem imóveis para histórias comoventes em troca de mais audiência.
Cerca de 500 famílias foram afetadas. Entre elas, 80 estão na condição de desabrigadas. A prefeitura alugou até contêineres com banheiros para receber os flagelados e promete locá-los posteriormente em conjunto habitacionais. Mas, mesmo com a água na cintura, as pessoas não querem deixar seus barracos. "A gente tem medo de sair, e a prefeitura vir e derrubar tudo", confessa a desempregada Ivaneia da Silva, que mora com os três filhos e mais cinco familiares em um cômodo.
Apesar de receberem botas de borracha para evitar o contato com a água poluída, a maioria não usava o calçado. "Ele machuca o pé. Não dá para usar o tempo todo", diz a catadora Ivanete dos Santos.
Outra área afetada é o bairro Kanimar, pontuado com chácaras e sítios. Piscinas e pomares ficaram enlameados.
Segundo a prefeitura, as chuvas afetam o município desde julho, com índices pluviométricos que prejudicaram as colheitas do morango, do pêssego e atualmente das ameixas. Este verão líquido não está para frutas da estação.
Um comentário:
Referência de mau gosto à invasão de sanguessugas em uma matéria até interessante. O título, entretanto, estragou o texto e nada tem de ligação com a a realidade dos fatos.
Adriana Carvalho
jornalista
Atibaia - SP
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