sábado, 2 de janeiro de 2010

Nem Cristo salva o PPS

Nem Cristo salva o PPS, um partideco alugado aos demotucanos.

PPS entrega comando do partido a ''Cristo'' Durante dez anos, Cláudio Abrantes subiu o morro da Capelinha, tradicional local de encenação da Via Sacra, na Semana Santa no Distrito Federal, carregando uma cruz. No último mês, depois do escândalo do esquema de suposto pagamento de propina em Brasília, detonado pela operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, o "Cristo" foi chamado para comandar o PPS, cuja cúpula local foi flagrada como personagem desse enredo policial.

Conhecido pelo papel que desempenhou por uma década em Planaltina, cidade distante 38 quilômetros do Plano Piloto, Cláudio Abrantes, secretário-geral do PPS tem como uma das missões resgatar a credibilidade do partido. Seus principais dirigentes, o deputado federal Augusto Carvalho, fundador da ONG CONTAS ABERTAS, e o deputado distrital Alírio Neto, ocupavam secretarias do governador José Roberto Arruda e foram citados pelo ex-secretário de Relações Institucionais do DF Durval Barbosa como envolvidos no suposto "mensalão". O então presidente do PPS, Fernando Antunes, sub de Augusto Carvalho na Secretaria da Saúde, também mencionado nas denúncias, teve de se afastar da direção.

Todos negam qualquer envolvimento no esquema.

"O importante é que, nesse momento o partido está se reinventando, buscando resgatar sua identidade, sua trajetória de luta histórica que vem muito antes de se chamar PPS, quando ainda era o antigo Partidão", disse o católico Abrantes, referindo-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), origem do PPS, depois do fim do modelo comunista internacional simbolicamente representado pela queda do muro de Berlim.

Nesse momento, o secretário-geral prepara uma conferência política do PPS para o final de fevereiro, quando serão discutidos os rumos do partido na sucessão no Distrito Federal, ao mesmo tempo em que procura outros parceiros para fechar alianças eleitorais. Com o escândalo do mensalão do DEM no Distrito Federal e o consequente afastamento de Arruda da disputa de 2010, o PPS ficou sem seu candidato natural.

Então vale a frase, chamaram um Cristo para salvar o PPS? "Não tenho esse poder todo de salvação não", responde o político e ator. "O PPS vai se salvar por si só. Ele tem muita história, tem excelentes quadros", diz.

Não dá para segurar a pergunta: é mais difícil atuar como Cristo ou coordenar o PPS? "A cruz da política é mais pesada do que a cruz da encenação, sem dúvida nenhuma. Agora, não menos importante. O meio político é muito mais complexo, mas nada que nos amedronte ou nos afaste", prega.

Suplente de deputado, Abrantes assumiu neste ano uma vaga na Câmara Legislativa do Distrito Federal enquanto Alírio Neto ocupou a Secretaria de Justiça de Arruda. Policial civil de carreira, ele é um dos coordenadores do grupo de teatro amador Via Sacra, ligado a uma associação sem fins lucrativos, responsável pela encenação do calvário de Jesus na Semana Santa. O espetáculo popular, com 1.400 pessoas em cena, reúne mais de 100 mil espectadores no morro da Capelinha em Planaltina e foi alçado à condição de Bem Cultural do Distrito Federal por Arruda.

A representação de Cristo lhe rendeu votos nas últimas eleições. "Não sei se muitos votos, porque fiquei em uma suplência. Mas que ajuda, ajuda sim", assume. A ajuda nos 4.550 votos veio também da carreira policial e da atuação no movimento cultural. "Em nenhum momento da campanha eu citei que era o Cristo da Via Sacra. Não gosto muito de misturar a questão religiosa."

Em 2010, Cláudio Abrantes deverá se candidatar novamente à Câmara Legislativa do DF, mas suas pretensões políticas não são eternas. "Não vejo a política como uma profissão. Vai chegar um momento em que eu também vou sair de cena e espero que outras pessoas entrem no meu lugar e deem uma contribuição positiva. O fato é que um dia a política vai passar na minha vida", sentencia. AE

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