Presidente destaca,
durante evento em Salvador, a importância da participação popular no processo
de reforma política; "Eu acredito muito na inteligência, na sagacidade do
povo brasileiro. Eu não sou daqueles que acham que o povo é incapaz de entender
porque as perguntas são complicadas", afirmou, sobre a proposta de
plebiscito; ela foi recebida com gritos de apoio e aplausos na cerimônia que
anunciou medidas contra a seca no semiárido nordestino; sobre os protestos do
País, disse que "essas vozes devem nos orgulhar"
A presidente
Dilma Rousseff foi recebida aos gritos de apoio e aplausos nesta quinta-feira 4
em Salvador, no primeiro evento público que a presidente participa depois do
início das manifestações que ocorrem em centenas de cidades brasileiras. Dilma
anunciou, na capital da Bahia, o lançamento do Plano Safra Semiárido, que terá
uma série de medidas para o fortalecimento da produção agrícola e pecuária na
região.
Em relação aos
protestos, Dilma afirmou que "essas vozes devem nos orgulhar".
Segundo a presidente, diferentes de outros países, as manifestações do Brasil
clamam por "mais direitos", e não por democracia. "Nós somos
capazes de ouvir as vozes das ruas. Aqui nós temos democracia", afirmou.
"E eu quero dizer que essa presidente aqui ouviu claramente a voz das
ruas. Tanto porque essa voz é legítima como porque estamos numa
democracia", acrescentou.
Dilma Rousseff
destacou também a importância da participação popular no que diz respeito à
reforma política e rebateu críticas ao dizer que não concorda com o argumento
de que o povo é incapaz de entender as perguntas de um plebiscito. "Eu
acredito muito na inteligência, na sagacidade do povo brasileiro, que sempre
mostrou, ao longo de toda a nossa história, que fez escolhas acertadas. Eu não
sou daqueles que acham que o povo é incapaz de entender porque as perguntas são
complicadas", disse.
Na avaliação da
oposição, a melhor proposta para consultar a população sobre o tema é o
referendo, e não o plebiscito. Chegou a ser apresentado o argumento de que o primeiro
instrumento seria uma forma mais simples de saber a opinião da sociedade. Nesta
quinta-feira, o governo anunciou que a realização do plebiscito, que seria, a
princípio, ainda neste ano, deve acontecer apenas em 2014 e as novas regras
valerão a partir de 2016.
A presidente Dilma
citou os cinco pactos que apresentou em resposta às manifestações e agradeceu
ao Congresso por ter aprovado o projeto que destina parte dos royalties do
pré-sal para a educação. "Nós só seremos mais e melhores se tivermos educação
de qualidade. Nós precisamos de dar escola de qualidade, creche, educação em
tempo integral para todos os brasileiros e com igualdade. Agradecemos porque a
medida [dos royalties] foi aprovada no Congresso".
Medidas para o
semiárido
"É preciso
conviver com a seca", defendeu a presidente em seu discurso, ao anunciar o
Plano Safra Semiárido, que de acordo com o governo, pretende garantir segurança
produtiva, impulsionando sistemas de produção adaptados à realidade do clima da
região. Segundo Dilma Rousseff, "não são necessárias migalhas de
políticos", por isso é que o governo está, "pela primeira vez",
dedicando um plano para o semiárido nordestino.
"Era preciso
ter uma ação emergencial pra enfrentar essa que era uma das maiores secas dos
últimos cem anos. Essas ações emergenciais são importantes, mas mais importante
é saber que é possível estruturar uma política de combate a questões que nunca
foram enfrentadas antes", afirmou. A presidente disse que não irá prometer
que os resultados serão colhidos "amanhã", mas garantiu que
"eles virão". Ela afirmou também que não pretende descansar enquanto
não atender tudo aquilo que for possível.
Agenda positiva
A presença da
presidente diante do povo é uma tentativa de retomada da agenda positiva do
governo federal diante das manifestações populares. Desde a última vez em que
se expôs, na abertura da Copa das Confederações, em Brasília, a presidente
realizou encontros com integrantes da sociedade civil e propôs um plebiscito
para a reforma política.
Para quem apostou
que a presidente se esconderia após os atos públicos que varreram ruas de
centenas de cidades brasileiras, o movimento foi justamente o contrário: em
seus discursos, Dilma sempre defendeu as manifestações pacíficas e garantiu
estar ouvindo as "vozes das ruas", sem "transigir com
violência", em referência aos diversos atos de vandalismo registrados.
Propostas e
encontros com a sociedade
A fim de atender as
principais reivindicações das ruas, como investimentos em saúde, educação,
transporte e menos corrupção, Dilma Rousseff se encontrou com representantes do
Movimento Passe Livre (MPL), que deu início aos protestos, de movimentos
urbanos, do Movimento LGBT e estudantes, além de centrais sindicais. O próximo
encontro será na sexta-feira 5, com movimentos sociais do campo.
O ministro-chefe da
Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, disse nesta quinta-feira que também estão
previstos encontros com grupos de representantes de evangélicos, de cultura
digital e blogs, de movimentos sociais que defendem a reforma política,
movimento de mulheres e de luta contra a desigualdade social. "A
presidenta irá receber sistematicamente representantes da sociedade civil
principalmente para discutir a situação do país", disse.
Entre as principais
propostas feitas pelo Planalto estão cinco pactos destinados às áreas que mais
foram alvo de reivindicações dos manifestantes, além de um plebiscito sobre
pontos a serem discutidos em uma reforma política. O intuito é consultar a população
em relação principalmente a financiamentos de campanhas e sistema de votos.Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário