terça-feira, 9 de julho de 2013

Na Globo, Jô e Cantanhêde passam a noite atacando Dilma, Lula e o PT



Concessão pública de TV entregue à família Marinho se transformou em palanque para ataques à presidente da República, ao ex-presidente e ao partido de ambos na madrugada de segunda para terça

A madrugada de segunda para terça-feira foi uma farra para a oposição ao governo Dilma Rousseff. A concessão pública de TV entregue à família Marinho se transformou em palanque para ataques à presidente da República, ao ex-presidente Lula e ao partido de ambos.

Em clima de festa, o apresentador global Jô Soares e sua entrevistada principal da noite, a colunista da Folha de São Paulo Eliane Cantanhêde, demonstravam uma excitação incontida com o cenário político desfavorável ao governo federal.

Quem tiver interesse em ver com os próprios olhos e ouvir com os próprios ouvidos o uso de uma concessão pública com fins político-partidários, pode clicar aqui. Ou, então, pode ler este relato.

Em um dos momentos mais bizarros, a dupla "acusou" Lula de ser o "culpado" por trazer para o Brasil a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 e por Dilma Rousseff e Fernando Haddad terem sido eleitos.

Além de terem passado 41 minutos e 30 segundos falando exclusivamente mal de Lula, Dilma e PT, o apresentador e sua convidada também agiram como porta-vozes do que chamaram de "o movimento", referindo-se à onda de protestos que eclodiu pelo país no mês de junho.

A dupla atribuiu esse movimento a uma revolta contra o "petismo", que "ninguém aguenta mais".

E não faltaram, claro, os elogios à "beleza" de um "movimento" que teve como subproduto 15 mortes, centenas de feridos, prejuízos bilionários ao patrimônio privado e público, desmoralização da imagem do país diante do mundo e problemas econômicos que ainda serão conhecidos.

Na maior parte do tempo, Jô e Cantanhêde referiam-se a Lula, Dilma e PT como "eles", enquanto se dirigiam a uma plateia selecionada com o óbvio intuito de vibrar com os ataques, batendo palmas, assoviando e gargalhando.

Não houve o menor traço de jornalismo, no programa. O tom de voz afetado da dupla, as ironias, o foco exclusivo em políticos petistas, ignorava que governos estaduais e municipais ocupados por partidos de oposição ao governo federal também foram alvos de protestos.

Jô e Cantanhêde vibraram especialmente com as agressões que militantes do PT sofreram por todo país ao tentarem participar dos protestos. Contudo, não falaram em agressões. Disseram, apenas, que o PT tentou "infiltrar" membros e os "infiltrados" foram convidados a se retirar.

A isso, seguiu-se uma longa demonização de partidos políticos, apresentados como ilegítimos em manifestações populares, apesar de serem a mais legítima expressão da vontade popular.

Em determinado momento, Cantanhêde opinou que "os políticos" correm o risco de ser "tirados de lá", ou seja, de serem depostos "pelas ruas". Como os alvos dos ataques foram todos petistas, a impressão que ficou é a de que o risco vale só para eles.

Não poderia faltar, também, pouco caso ao povo. Sobre o plebiscito pela reforma política, Cantanhêde disse que "a Maria" – referindo-se claramente a uma empregada doméstica – não teria condições de entender a consulta ao povo por "não ter estudado para isso".

O uso escancarado de grandes redes de televisão com fins político-partidários, a fim de atacar um grupo político específico, explica a situação política do governo Dilma e do partido do governo, o PT.

O ódio da classe social que mandou seus filhos à rua em junho nasceu do uso reiterado das televisões com finalidade de destruir aquele grupo político e seus expoentes, com a ajuda inestimável do imobilismo das autoridades diante do que é nitidamente ilegal, pois televisão não pode ser usada com esse fim fora do horário eleitoral do TSE.

Nenhum programa semestral de partido político adversário do governo federal foi mais agressivo a ele e ao seu partido do que têm sido programas como esse do Jô Soares. Esse uso ilegal de concessão pública, esse abuso de poder econômico desequilibra a disputa política.

No mínimo, o Partido dos Trabalhadores e o governo Dilma Rousseff deveriam representar contra a Globo na Justiça Eleitoral. Caberia, inclusive, uma declaração forte da presidente. Acontecerá? Nunca.

Eis por que vai ficando cada vez mais difícil a reeleição da presidente da República. Ela e seu partido se renderam. Continuam acreditando que após o fatídico mês de junho podem continuar impassíveis diante de ilegalidades como essa sem serem atingidos.

O grande erro do PT e de Dilma tem sido o de acreditarem que podem vencer um jogo de cartas marcadas. O outro jogador está cheio de ases na manga e o jogador prejudicado não reclama.

Para onde se olha, não há entendimento do país que emergiu do último mês de junho. O Brasil está à deriva, sem liderança política. E esse vácuo vai sendo ocupado por empresas de comunicação como a Globo. O Brasil está voltando ao passado.

Enquanto o barco afunda, a orquestra continua tocando. Alheia ao naufrágio iminente.

Eduardo Guimarães

3 comentários:

Unknown disse...

O Povo Brasileiro sempre teve memória curta, vejam os protestos que ocorreram no governo FHC em agosto de 1999, que ele mesmo FHC taxou de "discurso vazio" e "golpista".
Eles agora estão posando de paladinos da Moral, mas leiam e vejam os motivos da marcha.
Qualquer semelhança não é mera coincidência.
Isso vem provar que a corrupção não foi inventada pelo governo do PT.
A MARCHA DOS 100 MIL
A Marcha dos 100 mil de Brasília em 1999 (também conhecida como Marcha de Brasília em 26 de Agosto, Marcha no Distrito Federal em 26 de Agosto, Marcha de Brasília, Marcha no Distrito Federal, ou simplesmente, Macha de 26 de Agosto de 1999), foi uma manifestação organizada em Brasília, Capital do Distrito Federal e do Brasil, realizada por entidades da sociedade civil, sindicatos e por partidos da oposição (que era liderado por maior partido da oposição Partido dos Trabalhadores), realizado na manhã do dia 26 de Agosto de 1999.
É a primeira e também se registra a maior manifestação contra o Governo FHC em seis anos. A marcha também protestava contra a corrupção do governo federal, que ao invés da base governista em investigar através das CPIs, preferia arquivar os inquéritos, quase sempre abertos por partidos da oposição, principalmente do PT.
Durante a manifestação, todos os partidos de esquerda também participaram da marcha, que terminou sem nenhum incidente, que contou apoio de sindicatos, políticos de esquerda, manifestantes brasilienses e de outros estados brasileiros.
Antecedentes
O modelo neo-liberal e da privatização do PSDB, implantado pelo FHC, além de dividir as opiniões dos brasileiros em 1999, estava sob sólida demonstração de repúdio de grande parte da Nação. Também dividia os brasileiros, a possibilidade do impeachment do presidente por conta das investigações sobre o caso da privatização da Telebrás (o que nunca ocorreu), o inconformismo com denúncias sobre corrupção, a CPI sobre a privatização da Telebrás.
A manifestação foi marcada no início de Agosto de 1999, em meio da queda de popularidade do Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, do PSDB (chegando entre 40% a 50% de rejeição, segundo pesquisas de maio a julho de 1999), pelos resultados negativos de combate ao desemprego que atingiu mais de 10 milhões de brasileiros (só 1 milhão em até Julho de 1999, por causa da crise de 1998-1999), pela alta de juros altos que impede a produção industrial nacional e o comércio.

Costa disse...

Eu estava assistindo, aí lembrei que o remédio para NÁUSEA E VÔMITO tinha acabado. Para não passar mal resolvi dormir.

Unknown disse...

Quem é esse NoJo Soares e essa Eliane Tacanhede??????