O PSB, assim como o PSDB, não gosta do povo.Eduardo e seus aliados preferem governar com o chicote na mão.
Por Bruna Serra, do
Jornal do Commercio
O Orçamento
Participativo (OP) acabou no Recife. Assim como o amor, na crônica de Paulo
Mendes Campos. Numa segunda-feira nublada, o principal programa de participação
popular do PT no Recife – implementado em 2001 no primeiro ano da administração
de João Paulo – deixou de existir, ainda que oficialmente seja tratado como “em
reformulação”.
“O meu mandato de
delegado está acabando. Quando vai ser a nova eleição?”, questionou ao
secretário de Governo e Participação Popular, Sileno Guedes, um dos delegados presentes
nessa segunda-feira (15) ao Centro de Formação de Professores, Paulo Freire, na
Madalena. “Não precisa se preocupar com isso. Não vai ter eleição”, rebateu de
pronto o secretário. No modelo de participação popular a ser gerido de agora em
diante na gestão Geraldo Julio (PSB), os delegados não são mais protagonistas.
Afirmando que é
necessário “oxigenar” o debate de prioridades para a cidade, o secretário
explicou que as antigas plenárias, agora chamadas somente de reuniões, contarão
com representantes de outras entidades, sindicatos e associações de moradores.
Os antigos ciclos –
meses usados para debates das obras que iriam à votação – também assumem outro
formato: serão fóruns. Deles, qualquer interessado pode participar, não
precisando ser eleito representante de sua comunidade ou bairro.
Assim como acontece
com o programa estadual “Todos por Pernambuco”, o modelo do Recife tratará os
debates separados por áreas de atuação do governo. Na gestão petista eram os
setoriais: saúde, mulher, educação, para citar alguns exemplos. Também não
haverá eleição de novas obras para serem executadas nos próximos anos da
administração Geraldo Julio.
Em sua primeira
reunião do ano com os delegados do OP, o secretário apresentou uma extensa
lista de obras inacabadas. No passivo deixado pelo Partido dos Trabalhadores
após dez anos de programa, 1.045 obras não foram executadas e apenas 190 estão
com o projeto executivo, ponto de partida das obras, finalizado.
“O prefeito
garantiu que todas essas obras serão executadas. Em respeito à decisão da
população. Nossa prioridade será executar aquilo que já está com o projeto e
concluir o que está em curso. Para até o ano que vem zerar essas demandas. O
que ficar para o próximo ano vai virar lei, porque colocaremos o orçamento no
Plano Plurianual (PPA)”, assegurou Guedes.
Entre os quase 80
delegados presentes, a maioria estava perdida. Paulo Santos, 48 anos, é
conselheiro do OP no bairro da Iputinga desde 2001. Reclamou ao microfone do
atraso na conversa a ser estabelecida pelo novo governo com os delegados.
“Ninguém procurou
por nós para dizer o que iria acontecer com o OP, com as obras que elegemos com
sacrifício. Saio daqui entendendo menos do que quando não tinha informação
nenhuma”, atestou.
A mudança na forma
de escuta popular a ser realizada pelo município será oficializada entre os
dias 26 e 28 deste mês, num evento que contará com a presença do prefeito, que
nessa segunda (15) não compareceu, denotando seu interesse em se desvincular do
principal programa das gestões que o antecederam.
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