terça-feira, 12 de agosto de 2008

ESSE ROUBA E HERDA


ACM Neto herda os muros e parece candidato único
SALVADOR - Estive outro dia em Salvador para fazer uma palestra sobre “Mídia e Eleições” no Tribunal Regional Eleitoral da Bahia. Um detalhe me chamou a atenção nos dois dias que passei lá.Ao contrário de outras cidades brasileiras, a começar por São Paulo, ali pela primeira vez encontrei sinais visuais e sonoros de que estamos em plena campanha, a menos de dois meses das eleições municipais.

No caminho do aeroporto até o hotel no Jardim de Alá, e nos vários outros lugares por onde andei nesta belíssima, mas mal cuidada cidade, me deu a impressão de que, apesar da disputa bastante acirrada, Salvador tem um candidato único: ACM Neto.

Quase todos os muros da cidade estão pichados com o nome dele e dos seus candidatos a vereador, o que pode ser uma das explicações para sua liderança nas pesquisas.

Além da grife e do prestígio do avô, que por quatro décadas foi o donatário da capitania baiana, ACM Neto tornou-se também o único herdeiro dos muros de Salvador.

No rádio do carro, quando estava indo para a sede do TRE, ouvi o dono de um dos programas mais populares da cidade, o radialista e ex-prefeito Mário Kertesz, meter bronca:

“Como é que a Justiça Eleitoral pode permitir que os candidatos emporcalhem os muros da cidade, ao mesmo tempo em que restringe o uso limpo e silencioso da internet na campanha?”.Definido pelo consultor político Ney Figueiredo, um especialista em processo eleitoral, como “o maior comício interativo permanente da história da humanidade”, esse foi também o tema mais polêmico do debate que se seguiu à minha palestra.

Jornalistas e funcionários da Justiça Eleitoral queriam discutir o uso cada vez mais intensivo da internet nas campanhas eleitorais e, de outro lado, as absurdas regras impostas pelo TSE, que só permite a utilização dos sites oficiais dos candidatos para a propaganda eleitoral. Como escreveu Figueiredo em seu artigo de hoje na “Folha”, “é tecnicamente impossível amordaçar a internet”.Claro que, além dos muros, sobrevivem outros tradicionais instrumentos de campanhas eleitorais, como os carros de som.

Ainda mais numa cidade como Salvador, o berço dos trios elétricos, o volume do som desses carros – sempre o mais alto possível –, vale mais do que qualquer argumento ou projeto de governo de candidato.

Alguém precisa avisar esse pessoal que os eleitores não são surdos. Mas podem ficar... Danem-se a poluição visual e a poluição sonora que assolam Salvador nestes dias de campanha eleitoral. Para muita gente, em matéria de eleições, antigamente como agora, só é feio perder.
Comentários.
Lembro-me de uma frase de minhã, na qual ela dizia, quando uma pessoa parecia com outra nos modos, nas atitudes: FULANO NÃO ESTÁ ROUBANDO NÃO, TÁ HERDANDO.
Pois minha mãe, ACM Neto, não só está herdando do avô, ele tá roubando também, literalmente.

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