por Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 2000
Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista
. O Ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, foi quem apresentou o Presidente George W. Bush aos integrantes do Grupo dos 20, em Washington.
. Na reunião, sentaram-se, da esquerda para a direita, Ben Bernanke, presidente do Banco Central americano; Henry Paulson, Secretário do Tesouro americano; Bush; e Mantega.
. Do PiG, o Estadão, num cochilo, foi o único que deu essa foto na primeira página.
. Não tem, de fato, a menor importância.
. O Ministro da Fazenda do Brasil ao lado dos três caras que mandam no mundo – ou mandavam ...
. Ah, se fosse o Pedro Malan !
. Ah, se fosse o Armínio Fraga !
. Ah, se fosse o Luiz Carlos Mendonça de Barros (cuja reputação precede o talento) ...
. Uma das discussões em jogo é ampliar o G-8, dos países mais ricos, para um G-20, que engloba países como os Brics, Brasil, Índia e China (a Russia já está).
. Aqui, no Brasil, no PiG provinciano e golpista, sempre se considerou que o Brasil, sob a presidência de Lula, não deveria ter assento nesses clubes fechados, importantes, muito menos no Conselho de Segurança da ONU.
. Teríamos que esperar o José Serra, muito mais preparado (para que ?), assumir.
. O PiG, de resto, faz a cobertura mais catastrófica desta crise.
. Provavelmente, nem os jornais da Islândia tratam a crise com a fúria da Miriam Leitão.
. A Miriam neste domingo recebeu o apoio decisivo de Elio Gaspari, que, como a Miriam, considera que houve uma maxi-desvalorização.
. E que, segundo o Estadão, a maxi significa a crise do “sub-prime” brasileiro.
. Como diz a manchete do Globo, o mundo derreteu.
. (E o Brasil derreterá mais cedo ainda, está implícito na manchete do Globo.)
. Tivemos uma maxi, ou os diretores financeiros da Votorantim, Sadia e Aracruz deveriam ser demitidos ?
. Tivemos uma maxi ou a dívida da Globo em dólares voltou a ficar desagradável ?
. O mundo não derreteu.
. Ainda não é dessa vez que o capitalismo vai acabar.
. Quem derreteu ou terá que derreter é o Governo Lula, segundo o PiG e seus colonistas.
. O PiG é alarmista, porque quer aprofundar a crise e atolar o Brasil nela – até que Serra tome posse.
. É a tese do “sangramento” de Lula, concebida por Fernando Henrique, também chamada de “quanto pior, melhor”.
. A crise é grave.
. Mas, não derreteu nem derreterá o Brasil.
. A crise se tornará mais grave, se o Banco Central presidido pelo presidente do BankBoston não mandar os bancos comerciais reabrirem os financiamentos.
. Os bancos brasileiros se fecharam.
. E o Henrique Meirelles não tem peito – nem a intenção ? – de chamá-los “às falas”, como diria o Supremo Presidente Gilmar Mendes.
. Aliás, Julio Gomes de Almeida, na coluna “Mercado Aberto”, de Guilherme Bastos, na Folha (da Tarde *) – clique aqui para ler o texto do Julio – é o único que trata desse assunto: ou seja, como diz o Conversa Afiada, Meirelles joga para a platéia – clique aqui para ler.
. Diz o Julio: Meirelles pensa que a crise é de liquidez (como Paulson pensava, antes de o pacote de US$ 700 bilhões dar com os burros n’água) e não de reativação do crédito.
. Almeida sugere baixar os juros; e baixar o compulsório, desde que os bancos apliquem em financiamentos e não em compras de títulos públicos.
. Ou seja, Meirelles está duas semanas atrasado na crise.
. Não adianta nada ir a Washington.
. E muitos anos atrasado em noções elementares de responsabilidade com a coisa pública: ele não é mais presidente do BankBoston.
. Faça como Mendes, e chame os bancos “às falas”.
(*) Já estava na hora de a Folha tirar os cães de guarda do armário e confessar que foi “Cão de Guarda” do regime militar. Instigado pelo Azenha – clique aqui para ir ao Viomundo – acabei de ler o excelente livro “Cães de Guarda – jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1989”, de Beatriz Kushnir, Boitempo Editorial, que trata das relações especiais da Folha (e a Folha da Tarde) com a repressão dos anos militares. Octavio Frias Filho, publisher da Folha (da Tarde), não quis dar entrevista a Kushnir.
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