sábado, 4 de outubro de 2008

A LUTA CONTINUA, COMPANHEIROS(AS)

Esquerda se fortalece no Brasil
A mídia e suas alquimias. A liderança do candidado Marcio Lacerda, do PSB, partido da base governista, tendo como vice Roberto Carvalho, à prefeitura de Belo Horizonte, tem sido considerada apenas como vitória de Aécio Neves, do PSDB. Não vejo bem assim. O mais importante, a meu ver, é a força da esquerda na capital mineira, tanto que obrigou um partido de centro-direita, a não apenas desistir de ter candidato próprio como apoiar partidos contra os quais faz oposição a nível nacional.

Aliás, de modo geral, a esquerda continua vivendo um momento de vigorosa expansão no Brasil, na esteira do que ocorre em toda a América Latina. A direita se vê acuada, em crise, com seus principais partidos encolhendo ou tendo que ocultar suas plataformas ideológicas e ludibriar eleitores mostrando seus candidatos junto a fotos montadas de Lula.

Que dizer de Geraldo Alckmin afirmando a seus eleitores que "com Lula, tudo bem, o problema é o PT"? Ou de Kassab divulgando fotos suas ao lado do presidente e afirmando, em todas as entrevistas, que Lula é um grande político e que tem ajudado tanto São Paulo? Onde está a oposição? Até Rosinha Garotinho, em Campos, mostrou fotos de Lula em sua propaganda! Rosinha Garotinho! Queria saber se o maridão, por causa disso, irá fazer outra greve de fome...

O Globo e suas malícias. Tá ficando difícil, Deus, cada dia mais difícil. Hoje, ele vem com manchete dizendo que "BC libera 28 bilhões de reais para bancos pequenos e médios". Tomei um susto porque, se existe uma coisa que estraga meu humor, é ver a boa vontade dos Estados com banqueiros em crise. A matéria procura confundir o leitor, porque não esclarece que não haverá dinheiro público envolvido, e sim a flexibilização de um regulamento, permitindo que os grandes bancos comprem carterias de crédito de instituições menores.

Se houvesse dinheiro público envolvido, eu seria contra, e continuo pasmo de ver com que placidez e empatia os editorialistas encaram ajuda estatal para instituições financeiras privadas, na contra-mão de seu ódio visceral contra qualquer investimento público na melhoria da vida dos mais pobres.

A manchete do Globo cumpre a velha estratégia da direita brasileira de "dividir para governar". Foi a direita que mais vendeu a teoria de que Lula e o PT teriam traído seus ideais, abrindo generosamente suas páginas para a extrema esquerda e para qualquer agente intelectual insatisfeito com as "concessões" do governo ao capital. O objetivo é dividir a esquerda, isolando o governo de suas bases ideológicas e políticas. Em 2003, quando o governo ainda tinha que administrar o país com orçamento aprovado pela gestão anterior, apostou-se pesadamente nessa estratégia, criando efetivamente uma divisão na esquerda, com dispersão de vários quadros históricos do PT. A reforma da Previdência, por exemplo, foi pintada como uma traição aos ideais socialistas, como se limitar a aposentadoria pública a R$ 2.400 ao mês (com possibilidade de muito mais, devido aos fundos de pensão especiais dos setores organizados do funcionalismo público), fosse um grande traição aos que lutam para combater a pobreza no país.
Bem, a história passou. Lula provou que não era contra o funcionalismo público. Ao contrário, seu governo proporcionou uma recuperação consistente das folhas salariais e muitas estruturas foram reformadas ou mesmo reconstruídas. Heloísa Helena, influente e respeitada senadora da República, eleita com recursos financeiros, políticos e humanos do PT, caiu na armadilha e passou a vociferar contra seu próprio partido e seu próprio presidente, usando os mesmos argumentos da direita midiática. Ela, Chico Alencar, Babá, entre outros, esqueceram que falta de lealdade também denota ausência de ética. Deslealdade e a ingratidão relevam mau-caratismo, obtusidade e arrogância. Não é questão de "ser cúmplice" de crimes ou corrupção, e sim evitar julgamentos precipitados e ter humildade e sabedoria de saber que todo ser humano é um criminoso em potencial. O tempo passou e hoje ela luta para eleger-se vereadora em Maceió, fazendo uma campanha obscura, fugidia, sem plataforma, com medo de despertar no eleitor nordestino (onde Lula tem índice de popularidade superior a 90%) a lembrança de seus discursos viperinos contra o governo.

Lembro-me de um discurso do senador Francisco Dornelles, um inveterado conservador que tem lá suas razões para apoiar Lula (é um político não midiático, que sempre ganhou votos por sua relação próxima com o eleitorado, não tem aquele nojentismo aristocrático de alguns caciques da direita), defendendo Renan Calheiros. Aprendi a respeitar Dornelles porque ele evoluiu para um político pragmático e progressista, que defende redução de juros, investimento na indústria nacional e mais verbas para os setores desassistidos. Pois bem, Dornelles subiu à tribuna logo após Pedro Simon, que havia feito um de seus surrados discursos éticos. Dornelles disse que havia senadores que confundiam a ética com a sua própria pessoa, e que consideravam qualquer pessoa que não seguisse o seu estrito comportamento pessoal, aí incluindo hábitos sexuais (o pivô do escândalo de Renan fora seu caso extra-conjugal com Mônica Veloso) não seria um "ético".

Sobre as eleições cariocas, o PT tinha que apoiar a Jandira. É um absurdo que o partido não tenha tido a visão e a generosidade de aliar-se a uma candidata forte, com penetração em todas as camadas sociais e regiões da cidade. Agora passa pela humilhação de terminar o pleito com menos de 4% dos votos, segundo as pesquisas, e deixar a esquerda de fora do segundo turno fluminense. Depois de tudo que o PCdoB fez e faz pelo PT e pelo governo, a falta de visão petista mostrou-se egoísta e muquirana. Resultado: Paes e Crivella no segundo turno e o meu voto nulo.
Fonte:www.oleododiabo.blogspot.com
Comentário.
Afora a análise referente à eleição de de Belo Horizonte, que entendo que há, no caso, muito mais aspirações pessoais em questão que ideologia, Aécio Neves(PSDB) só pensa em ser presidente do Brasil, Fernando Pimentel(PT), só pensa em ser governador de Minas Gerais, concordo com o resto da análise de Miguel do Rosário, sempre bem-feita, oportuna.

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