sábado, 18 de outubro de 2008

TRUCULÊNCIA TUCANA

18/10/2008 -

Pai de Nayara foi expulso de QG de negociações

Ele garantiu não ter sido consultado quando a filha voltou ao cativeiro

Marcela Spinosa e José Dacauaziliquá - O Estado de São Paulo

O pai de Nayara, o metalúrgico Luciano Vieira da Silva, foi expulso na noite de anteontem da Central de Negociações da Polícia Militar, montada em uma escola estadual ao lado do conjunto habitacional onde a jovem Eloá era mantida refém pelo ex-namorado desde segunda-feira. Ele cobrava informações da filha. Estava nervoso. Parecia inconformado com a volta da menina ao cativeiro. Previu o pior. Sua filha foi atingida na operação de resgate, machucou a boca, sangrou, mas passava bem.

Silva chegou ontem ao local do seqüestro por volta do meio-dia. Ainda não havia obtido informações sobre a filha. Nayara foi feita refém por Lindembergue Alves juntamente com Eloá. Depois de 33 horas de terror, foi solta. Anteontem, porém, o Comando da Operação decidiu atender o pedido do seqüestrador e mandou Nayara de volta ao apartamento que servia de cárcere. A manobra foi chamada pela policia de “estratégia de negociação”.

A última informação que Luciano Vieira da Silva teve da filha foi dada às 23h30 de anteontem, quando discutiu com policiais militares porque queria conversar com o chefe do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), que comandava as tratativas com Lindembergue Alves. Diante da recusa, o metalúrgico se revoltou. Disse que iria procurar seus direitos. Ainda segundo ele, um dos policiais do Gate o avisou para parar de reclamar e de gritar. Estava atrapalhando. Todos ficaram nervosos. “Foi quando ele me disse para eu procurar os meus direitos e me mandou embora.”

Expulso do local, Luciano Vieira da Silva foi escoltado por homens da Tropa de Choque até o cordão de isolamento. Juntou-se aos comuns. O avô da menina, José Vieira da Silva, de 61 anos, presenciou a história. Vieira chegou a chama a operação de “palhaçada”. “E a primeira vez que eu vejo uma pessoa que foi refém e acabou libertada do seqüestrador voltar ao cativeiro.”

POR CONTA PRÓPRIA

Ele garantiu que os negociadores não pediram autorização para mandar sua filha de volta. Soube somente por uma emissora de televisão que a menina retornaria ao apartamento da família de Eloá. O pai foi informado pelo Comando das Operações que Nayara não era considerada refém. O Secretário Geral do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe), Ariel de Castro Alves, avisou Vieira da Silva que sua filha não poderia ter voltado nem com sua autorização.

O comandante da operação alegou que Nayara decidiu voltar ao cativeiro por conta própria. A notícia não foi confirmada pelo seu pai, que ontem ainda buscava informações sobre o que ocorreu.
Comentário
Se eu fosse pai dessa menina mandaria José Serra pro quinto dos infernos.

Um comentário:

NOÉ disse...

Se uma pessoa é menor de idade, seus responsáveis são seus pais, para qualquer outro ato da vida pública é considerada incapaz, por que para polícia de São Paulo ela pode ter vontade própria num caso tão delicado?