sábado, 18 de outubro de 2008

COM A BÊNÇÃO DE DEUS

8/10/2008
Padres ligados a pastorais lançam manifesto pró-Marta

O Estado SP

Texto que será distribuído em missas faz ataques ao prefeito, sem citá-lo, e fala em ‘resquícios da ditadura’

Com fortes críticas ao governador José Serra (PSDB) e ao prefeito Gilberto Kassab (DEM), cerca de 100 padres da Igreja Católica vinculados a pastorais sociais divulgaram ontem um manifesto de apoio à candidata do PT, Marta Suplicy, que será distribuído em missas a partir de hoje. O confronto entre policiais civis e militares pontuou o encontro: antes da leitura da carta aos cristãos, religiosos e petistas associaram Kassab ao projeto de Serra, definido ali como “excludente”.

Mesmo sem citar Kassab, o manifesto, assinado pelo “Fórum de Católicos pela Justiça, em favor dos mais pobres”, contém estocadas no prefeito e candidato à reeleição e diz que é dever de todo cristão dar um “basta definitivo aos resquícios da ditadura”. A mensagem pede respeito a moradores de rua, “tratados como lixo”, e até à classe média, “constantemente ludibriada por propagandas enganosas que constroem personagens políticos inexistentes, demonizando uns e tornando anjos outros”, para concluir que os cristãos não podem se omitir no segundo turno.

“Vocês estão fazendo a escolha dos mais fracos, dos pobres”, disse o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, diante de religiosos reunidos na Região Episcopal Belém.”Não vale a gente dizer que defende o povo e apoiar projetos que afastam o povo da rua nem dar cheque de R$ 5 mil, o cheque-despejo”, insistiu, numa referência a programa do governo Kassab.

Ex-seminarista e homem forte da gestão Lula, Carvalho foi um dos ideólogos do manifesto com o slogan “A esperança vai vencer de novo”, que embala a campanha de Marta.

Com tiragem de 500 mil exemplares, a carta foi redigida por três padres e tem o objetivo de combater “preconceitos e intrigas” divulgados contra a candidata do PT, defensora incansável do aborto e da união civil entre homossexuais.

Ao contrário da estratégia anterior da campanha de Marta, que procurava desvincular Kassab de Serra - por causa da boa avaliação do tucano -, todos os que ontem ocuparam o microfone fizeram a associação entre os dois, num sinal de que a má repercussão do confronto entre policiais será cada vez mais explorada.

“Espanta-nos que o governador queira debitar esse conflito na conta dos movimentos sindicais e de partidos”, argumentou o padre Júlio Lancellotti, ao dizer que Kassab e Serra têm o mesmo projeto político, que privilegia a “limpeza social”.

“Não escolhemos candidatos pela cor do cabelo, não queremos saber se usam botox ou não nem estamos discutindo opções sexuais”, afirmou o padre Tarcísio Marques Mesquita. “O que estamos discutindo aqui são os interesses da cidade de São Paulo.”

Um comentário:

Renan disse...

Apesar de não concordar com a participação ativa da Igreja na Política, creio ser necessárias certas manifestações, haja vista também ter sido a Igreja uma dos principais personagens contra a ditadura militar.