quinta-feira, 21 de maio de 2009

PSDB FEZ CAIXA 3 E NEGA CAIXA 2

21/05/2009


UOL Notícias


O PSDB gaúcho informou nesta terça-feira (21) que arrecadou R$ 610 mil para a campanha eleitoral depois das eleições de outubro de 2006. Documentos apresentados pelos então coordenadores de campanha mostram que os recursos ingressaram nas contas do partido entre os dias 27 e 28 de novembro de 2006, mais de dois meses depois do segundo turno que elegeu a candidata tucana Yeda Crusius.


No dia 29 de novembro, data-limite para a prestação de contas da campanha de 2006, R$ 596 mil foram transferidos para a conta de campanha da governadora eleita. Os recursos entraram na conta por meio de doação realizada pelo diretório estadual do partido. Segundo Bercílio Silva, presidente do PSDB gaúcho em 2006, a lei autoriza a captação de recursos depois das eleições. "Não há nenhuma irregularidade. As doações foram dentro da lei e aprovadas pela Justiça eleitoral", disse Silva. O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) gaúcho ainda não analisou as contas.

A resolução 22.250/06, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), diz que os partidos podem arrecadar recursos até o dia da eleição. Depois desse prazo, é permitido "excepcionalmente" receber doações para o pagamento de dívidas contraídas durante o período eleitoral. A prestação de contas deve ser apresentada até 30 dias depois de terminada a eleição - no caso de 2006, um mês após o segundo turno, realizado em 29 de outubro.

O ex-presidente tucano disse que os R$ 200 mil repassados à campanha de Yeda Crusius pela empresa do setor do fumo Alliance One fazem parte dessa doação, contabilizada depois da eleição. A operação foi apontada por reportagem da revista "Veja" como parte de um esquema de caixa 2 para desviar recursos da campanha da governadora. Os documentos apresentados pelo PSDB, entretanto, não discriminam as empresas que teriam feito essa doação.

Os documentos também não fazem menção aos R$ 25 mil recebidos pelo vice-governador Paulo Feijó de uma concessionária de automóveis com sede em Porto Alegre. O dinheiro, segundo o vice, foi entregue em espécie para o então tesoureiro da campanha, Rubens Bordini. "Se ele [Feijó] arrecadou de forma ilícita, que se responsabilize", atacou Bordini.

No total, a campanha de Yeda Crusius movimentou recursos superiores a R$ 6,2 milhões segundo a prestação de contas apresentada pelo PSDB. O deputado federal Cláudio Diaz, que foi um dos coordenadores da campanha de Yeda Crusius, disse que a lisura das operações financeiras é um assunto encerrado para o partido. "Graças a Deus demos uma demonstração de lisura. Isso comprova de forma idônea que todas as doações foram contabilizadas", disse o parlamentar.

Diaz, entretanto, disse que não pode se responsabilizar por arrecadações de pessoas de fora do escritório eleitoral. "Pelo comitê financeiro, tenho certeza de que não houve ilícito. Mas não podemos impedir que alguém saia por aí arrecadando em nome do partido numa forma de extorsão", afirmou.

CPI

Os deputados estaduais Paulo Borges e Marquinho Lang, do DEM, assinaram nesta quinta-feira (21) o requerimento de criação de uma CPI para investigar denúncias de corrupção no governo de Yeda Crusius. José Sperotto, que completa a bancada democrata na Assembleia, reafirmou que não vai assinar o requerimento.

Com isso, subiu a 17 o número de parlamentares que apoiam a investigação. São necessárias 19 assinaturas para garantir a criação da CPI. Os parlamentares democratas decidiram assinar o pedido depois que o PSDB ameaçou o vice-governador Paulo Feijó com um pedido de impeachment por conta de contratos irregulares de consultoria.

A ameaça partiu do deputado estadual Coffy Rodrigues, que acusou Feijó de improbidade administrativa por conta de um contrato de consultoria junto à Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). Como vice-governador, Feijó não poderia prestar consultoria a uma empresa que tem convênios com o governo.

"É uma acusação que visa a forçar a barra. É uma chantagem. Não temos medo de intimidação, de investigação ou de CPI", disse Borges. O deputado petista Daniel Bordignon acompanhou a assinatura do requerimento por parte dos parlamentares democratas. "Tenho certeza que até a próxima segunda-feira a CPI sai", disse.

O alvo da oposição agora passa ser o deputado Gerson Burmann (PDT). Ele já admitiu que pode mudar de posição na hipótese de surgirem fatos novos que comprovem as denúncias de caixa 2 na campanha eleitoral de 2006.

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