Jarbas Vasconcelos andou, no
dia de hoje, criticando Dilma por ter chamado de criminosos aqueles que espalharam boatos sobre a extinção do Bolsa Família. Jarbas sugeriu que o PT criasse a Bolsa Óleo de Peroba, e que muitos escândalos do PT terminaram "jogados para debaixo do tapete vermelho e cheio de estrelas".Ora, não vejo nenhuma autoridade moral em Jarbas para criticar quem
quer que seja.Primeiro, Jarbas nem devia ter se metido na questão relacionada ao Bolsa Família já que ele disse à Veja que o mencionado programa "é o maior programa de compra de voto do mundo".Em segundo lugar, Jarbas Vasconcelos também não tem autoridade moral para falar em escândalos. já que, conforme mostrado aqui no blog, esse escroque declarou à Receita Federal
bens(móveis e imóveis, carros) muito aquém do seu patrimônio, Jarbas Vasconcelos, além de senador, é aposentado da
Assembleia Legislativa de Pernambuco sem nunca ter dado um dia de
trabalho.Jarbas Vasconcelos, conforme inquérito da Polícia Federal, recebeu R$
510 mil reais da Construtora Camargo Correa.Então, que moral tem Jarbas
Vasconcelos para cobrar honestidade dos outros? Nenhuma!
Sobre Jarbas, o professsor
Luis Miguel Domingues disse tudo.Confira.
Jarbas Vasconcelos, o
Soberbo: a conversão do senador em escravocrata e vampiro da saúde pública
Por Luís Manuel Domingues
O Senador Jarbas Vasconcelos
é mais bem acabada metamorfose ambulante da política brasileira nas últimas
duas décadas. Transitou de político que se insinuava com espectro de esquerda
para condição de falangista da seara mais carcomida da direita e do reacionarismo
político brasileiro. Basta lembrar as espúrias alianças que realizou para
chegar ao poder e dilapidação pública e a oferta desgarrada dos bens públicos
feitas para as hostes privadas e terceirizadas durante os seus oito anos de
governo em Pernambuco.
No entanto, foi agora, como
Senador, que Jarbas Vasconcelos revelou a sua mais encardida e encarniçada
faceta como homo novus da associação dos optimates da resistência oligarquia
brasileira. Uma faceta de que vai de escravocrata a vampiro.Mas como? Mas
porque? Alguns perguntariam e gostariam de saber. Então vamos aos fatos e as
apreciações que deles podemos fazer. Primeiramente, porque o Senador Jarbas
Vasconcelos hoje se revela um escravocrata? Para responder a esta pergunta
basta relembrar um fato recente e a postura do Senador em relação ao mesmo.
Trata-se da reação senatorial de Jarbas Vasconcelos em relação aos trabalhos
desenvolvidos pela Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho
e Emprego (MTE). Principalmente, quando esta Secretaria, através dos auditores
fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), fiscalizaram as condições de
trabalho e intervieram na fazenda Pagrisa, voltada para a lavoura da
cana-de-açúcar e localizada em Ulianópolis (PA), e lá libertaram 1.064 trabalhadores
que trabalhavam na condição de escravos.
A reação do Senador Jarbas
Vasconcelos foi a de se associar a Senadora Kátia Abreu (DEM-TO) para
desqualificar a operação de libertação de escravos, proferir ameaças aos
trabalhos realizados pelos fiscais do trabalho, solicitar a abertura de um
inquérito na Polícia Federal para verificar os procedimentos adotados pelos
fiscais do trabalho na Pagrisa, tecer loas a administração desta empresa e
produzir a quimera de que a mesma tratava de forma civilizada a comunidade de
trabalhadores rurais. Contudo, todo este exercício de mistificação foi
desmontado pelas imagens que rodaram as telinhas quentes dos canais de TV,
mostrando, para quem quisesse ver, que os trabalhadores da Pagrisa tinham
condições de trabalho similares ou piores as de muitos escravos das senzalas do
Brasil escravista.
O Senador Jarbas Vasconcelos
não se fez de rogado em integrar a Comissão Temporária Externa do Senado
Federal, articulada pela Senadora Kátia Abreu (DEM-TO), e visitar a Pagrisa e
lá, perante a imprensa de plantão da mídia nativa oligárquica, verter
mistificações capciosas e jactâncias retóricas para inabilitar o trabalho dos
auditores fiscais do MTE. Comportou-se como um senhor escravocrata prestando
solidariedade e ofertando serviços a outros senhores escravocratas. Em momento
algum, Jarbas Vasconcelos expressou qualquer indignação, por menor que fosse,
em relação às condições de trabalho dos 1.064 trabalhadores que viviam e
trabalhavam como escravos na fazenda Pagrisa e, muito menos, procurou se
inteirar da violência e das ameaças perpetradas por fazendeiros contra os
auditores fiscais do trabalho, que inclusive já haviam produzido a chacina de
três auditores e um motorista do MTE, no dia 28 de janeiro de 2004, em Unaí
(MG), durante uma fiscalização de rotina.
Jarbas Vasconcelos abraçou,
isto sim, a causa da Senadora Kátia Abreu (DEM-TO), uma velha conhecida no
Tocantis por ser a maior opositora ao combate do trabalho escravo contemporâneo
na região e que já havia se destacado, quando deputada federal, pela defesa
encarniçada dos produtores rurais flagrados cometendo esse tipo de crime e pela
sua luta contra a aprovação de leis que contribuiriam para a erradicação do
trabalho escravo contemporâneo.
Ao Senador Jarbas
Vasconcelos, juntaram-se, na Comissão Temporária Externa do Senado Federal,
figuras do calibre de um Romeu Tuma (PTB-SP), o xerife do DOPS e da Polícia
Federal durante a Ditadura Militar, o Sr. Flexa Ribeiro (PSDB-PA), o
lobista-mor dos empresários e latifundiários do Pará e o Cícero Lucena
(PSDB-PB), o homem que conhece como ninguém o desvio de verbas na Paraíba. Este
último Senador, é bom destacar, foi preso durante a Operação Confraria, da
Polícia Federal, em 2005, quando era secretário de Planejamento e Gestão do Estado
da Paraíba, e responde a dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal por crimes
contra a administração pública. Eis portanto a facção a quem o Senador Jarbas
Vasconcelos se associou para exercer a sua índole escravocrata.
Agora, após a votação no Senado
Federal para aprovação ou não da CPMF, o Senador Jarbas Vasconcelos revela a
sua faceta de vampiro, como aquele que suga os recursos destinados a saúde
pública no Brasil, impedindo-a de se reestruturar e avançar na oferta de
serviços públicos de saúde mais condizentes e de qualidade para a população
brasileira. Pois ao votar contra CPMF, o Jarbas Vasconcelos, junto a outros a
quem se associou para este fim, inclusive todos aqueles que com ele integraram
a famigerada Comissão Temporária Externa do Senado Federal em defesa da
Pagrisa, procuraram criar obstáculos e instituir meios para impedir a execução
de políticas públicas capazes de resolverem os problemas sociais e econômicos
da grande maioria da população brasileira.
Mas, o desleixo para com a
saúde pública, a assistência médica pública e os serviços de medicina
preventiva não é uma marca nova no perfil político do Senador Jarbas
Vasconcelos. Basta, para os mais atentos, observar a depredação dos hospitais e
serviços de saúde, a pauperização das condições de trabalho na saúde pública e
a negligencia premeditada para com a medicina preventiva que o ex-governador
perpetrou em Pernambuco durante os seus oito anos de governo (1999 a 2006). Foi
neste período que o sistema de saúde pública de Pernambuco praticamente entrou
em colapso, enquanto o sistema de saúde privado crescia incomensuravelmente a
custa de generosos incentivos e subsídios do governo estadual, constituindo,
dessa forma, no terceiro maior pólo médico do país e do qual o ex-governador tanto
se orgulha. Além disto, é bom lembrar a proliferação de planos de saúde de toda
ordem no Estado de Pernambuco e a omissão do governo estadual à época para as
falcatruas e manobras lesivas desses planos para com os seus clientes. A título
de exemplo, basta lembrar o caso da ADMED, no qual o ex-governador se fez de
cego e mudo para o que ocorria.
Ou seja, o Senador Jarbas
Vasconcelos votou contra CPMF para continuar a viabilizar a expansão do sistema
de saúde privado em detrimento do sistema de saúde público e para que cada vez
mais as empresas de planos de saúde possam ocupar o lugar do SUS, transformando
a demanda por serviços de saúde e a medicina em mais um produto de mercado
regulado pela lei do quem pode pagar para ter e pelo controle oligopolista que
impõe preços e condições orientados pela suas perspectivas de lucros.
A postura política do atual
Senador Jarbas Vasconcelos poderia muito bem ser explicada a partir de uma
palavra que o Senador tanto gosta de usar quando dirige críticas aos governos Lula
e aos que a este governo se aliam. A palavra no caso é soberba, utilizada
inclusive durante o discurso do Senador na noite de 12 de dezembro de 2007,
quando do seu discurso na sessão do Senado Federal para aprovação ou não da
CPMF e em entrevistas posteriores a mesma. É mesma palavra que a oligarquia
patrícia, na Roma Antiga, utilizava para qualificar os reis, tribunos,
cônsules, legisladores e magistrados que propunham reformas políticas, sociais
e econômicas para melhorar a situação econômica e social dos plebeus em Roma e,
por tabela, retirar e/ou alterar os privilégios dos patrícios.
Desta forma, os patrícios
qualificaram Tarquino de “Soberbo” por este querer promover uma integração dos
plebeus a comunidade política de Roma. Na mesma toada, séculos depois, os
patrícios voltaram a qualificar de soberbos os irmãos Graco por querem repartir
com os sem terras da época as terras públicas apropriadas ilegalmente pelos
patrícios e, no último século da República Romana, os optimates, partido
político composto por todos aqueles patrícios incumbidos de promover uma
resistência oligárquica as reformas sociais e econômicas em benefício do povo
romano, classificaram todos e qualquer líder político que se insurgia contra os
seus privilégios de soberbo.
Nestes termos, a soberba
proferida pelo Senador Jarbas Vasconcelos tem o mesmo significado dado pela
oligarquia romana: a desqualificação dos que propõe reformas políticas, sociais
e econômicas para melhorar a situação econômica e social dos brasileiros e
retirar e/ou alterar os privilégios dos oligarcas das terras do Brasil.Só isto
explica o trajeto de Jarbas Vasconcelos para a condição de escravocrata e
vampiro. Só isto nos esclarece a sua condição de homo novus da oligarquia
brasileira. Só isto elucida a razão pela qual podemos denominar Jarbas
Vasconcelos de o “Soberbo”, aquele que se acha grandioso, sublime, magnífico e
que se acha mais elevado que os outros.
Avé Senador Jarbas
Vasconcelos, o Soberbo.
Luís Manuel Domingues é
Historiador, com Doutorado pela UFPE e lecionando no Ensino Superior na área de
História Antiga e Contemporânea
Fonte:Centrífuga
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