"É difícil encontrar investimento em renda fixa que dê
alguma coisa", diz o ex-presidente, cuja gestão ficou marcada por taxas de
juros altíssimas; por isso mesmo, ele criou uma empresa com os sócios Pedro
Parente e Celso Lafer, que irá investir agora em projetos imobiliários; na
prática, FHC, que antes aplicava recursos com Armínio Fraga, deixa o rentismo e
entra para o setor produtivo da economia
A prova definitiva de que a redução das taxas de juros
reais provocou uma mudança estrutural na economia brasileira está na coluna
Painel, da Folha de S. Paulo, desta quarta-feira. Nela, o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso revela que criou uma empresa de investimentos com
dois sócios, Pedro Parente e Celso Lafer, que foram ministros da Casa Civil e
das Relações Exteriores em seu governo, para atuar no setor imobiliário.
"É difícil encontrar investimento em renda fixa que dê alguma coisa",
reconheceu o ex-presidente, cuja gestão ficou marcada por taxas altíssimas.
Na prática, FHC abandonou o rentismo, diante da constatação
de que o capital já não se multiplica mais tão facilmente no Brasil sem a
necessidade de trabalho ou de lastro na economia real. Até recentemente, o
ex-presidente confiava os seus recursos e os do Instituto FHC à Gávea
Investimentos, de Armínio Fraga, que presidiu o Banco Central e chegou a fixar
juros de 45% ao ano. Nesse tempo, o economista Delfim Netto classificava o
Brasil como "o último pernil com batatas" disponível no mundo.
Como a era do dinheiro fácil ficou para trás, FHC criou a
empresa Sarlat, cujo nome é inspirado numa cidade medieval francesa. O capital
da companhia é de R$ 1,9 milhão. Leia, abaixo, na coluna de Vera Magalhães:
FHC no mercado
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, 81 anos,
constituiu uma empresa de investimento imobiliário com seus ex-ministros Pedro
Parente e Celso Lafer, o historiador Boris Fausto e mais seis sócios. A Sarlat
Empreendimentos e Participações Ltda. foi criada em maio, com capital de R$ 1,9
milhão. FHC disse à coluna que aplicou R$ 222,3 mil na empresa porque o
rendimento no mercado financeiro é baixo. "É difícil encontrar
investimento em renda fixa que dê alguma coisa."
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Foco O objetivo da sociedade, segundo FHC, é
investir o dinheiro do grupo na construção de um único empreendimento
imobiliário, que ainda será escolhido.Brasil247
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