247 exclusivo: emblema do
Grupo Abril, revista Playboy estará entre as publicações a serem
"descontinuadas" pela editora; circula há 35 anos; lista completa sai
nesta segunda-feira 10; feminina Contigo será vendida à Editora Caras; mensal
masculina virou máquina de dar prejuízos; cachês milionários, como o que foi
pago para a atriz Flavia Alessandra (acima), não garantiram mais vendas;
circulação que já superou 1,2 milhão está abaixo dos 150 mil exemplares;
público adolescente migrou para a internet na troca de ensaios estáticos por
cenas mais quentes e com movimento na rede; Gianca e Titi Civita não manterão
as aparências
Bastaram cinco minutos
no ar para chegar a 247 a confirmação do fechamento da certamente mais festejada
revista do País, a Playboy. A decisão dos irmãos Giancarlo, o Gianca, e Vitor
Civita Neto, o Titi, foi a de incluir a publicação na lista das revistas que
serão "descontinuadas" pelo Grupo Abril. A revista Contigo será
vendida para a Editora Caras. O rol completo de títulos a serem fechados
promete ser divulgado nesta segunda-feira 10 pela editora. A Abril publica
atualmente 52 títulos.
Abaixo, notícia de 247 a
respeito:
247 – Cortar até mil
funcionários, economizar R$ 100 milhões dentro de um faturamento, no ano
passado, superior a R$ 2,8 bilhões e superar a ausência de Roberto Civita. Tudo
isso não parece estar tirando o sono dos irmãos Giancarlo, o Gianca, e Victor
Civita Neto, o Titi, os novos maiorais do Grupo Abril. Afinal, na semana
passada eles já começaram as demissões por cerca de 70 jornalistas que ocupavam
cargos de direção nas muitas superintendências da editora. O que está
efetivamente preocupando a dupla é outra decisão a ser tomada: a de fechar ou
manter aberta a revista Playboy. A lista das revistas que serão
“descontinuadas” pela Abril sai nesta segunda-feira 10.
Um dos emblemas da Abril,
que publica a revista fundada por Hugh Heffner desde o final da década de 1970,
a Playboy virou uma máquina de dar prejuízos. A circulação da mensal sofreu o
maior tombo entre todas as fortes quedas verificadas na editora, com suas
vendas reduzidas em 38, 52%, caindo de 221,7 mil exemplares para 136,3 mil
exemplares vendidos no último mês. O preço de capa, hoje superior a R$ 10, se
deprecia rapidamente, com exemplares de apenas quatros meses atrás podendo ser
comprados em bancas que os guardam por menos da metade do preço, como revela o
pesquisador Leandro Mendes em seu blog Revista que Amamos. Como a Playboy não
tem as chamadas matérias quentes, mas ancora-se em fotos de mulheres famosas
nuas, essa depreciação é um dos elementos que acentua a queda da circulação.
Por que, afinal, comprar caro hoje o que se pode pagar barato logo em seguida?
O dilema da Playboy, no
entanto, é ainda mais profundo. Nascida com o apoio de um grande público
adolescente, a revista ressente-se hoje da migração desse público para a
internet, onde a oferta de fotos – e vídeos – sensuais, com mulheres de sonhos,
é ampla e franca. Por que comprar uma revista de papel, com ensaios estáticos,
se uma busca no google pode oferecer muito mais diversão a custo zero, é outra
pergunta que, ao que parece, os leitores da revista estão se fazendo.
Há mais. Para manter um time
de estrelas em suas capas, como a atriz Flavia Alessandra, entre outras, a
Playboy, mesmo sem concorrentes para seu antigo padrão de beletrismo, hoje
aviltado, usou contra si própria sua fórmula de glamour. Isto é: passou a
oferecer cachês altíssimos, que muitas vezes envolveram a concessão de
participação de até 50% no valor da capa da publicação para suas estrelas, além
de um pagamento fixo. Essas remunerações chegaram, muitas vezes, a mais de um
milhão de reais a cada mulher. No entanto, apesar de tanto dinheiro envolvido,
muitas capas encalharam, como a da, digamos, intelectual Fernanda Young, a que
se comentou na ocasião da publicação.
Pagando caro e, mesmo assim,
sem garantia de vendas, a Playboy passou a ter seu número de páginas reduzido.
Os ensaios comprados da revista americana, que contribuíram para o sucesso da revista,
desapareceram de suas páginas. As famosas entrevistas, onde se encontravam
revelações inéditas de personagens famosos, perderam a ‘pegada’, recaindo sob o
leito do tradicionalismo. Os antigos famosos diretores de redação foram
substuídos, com o passar dos anos, por jovens quadros de carreira da Abril. A
qualidade da publicação, é claro, se ressentiu.
Manter, pelas aparências, ou
fechar, em razão da contabilidade, a Playboy é a decisão mais difícil da nova
dupla de mandatários do Grupo Abril, onde a morte de Roberto Civita resultou
não na ascensão de quadros de carreira, mas simplesmente na passagem de comando
para seus filhos homens. O que eles fizerem será informado ao mercado como a
decisão mais correta. Lá dentro, sim, mas aqui fora a ótica é outra.
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