Dois anos antes das
denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de que o governo Lula
repassa recursos financeiros a parlamentares e partidos da base aliada, o
Supremo Tribunal Federal (STF) já conhecia o empresário Marcos Valério
Fernandes e o seu esquema de irrigação de campanhas políticas. Em 2003, uma
denúncia por improbidade administrativa contra o ex-governador de Minas Gerais
Eduardo Azeredo (PSDB) e seu candidato a vice nas eleições de 1998, Clésio
Andrade (hoje senador pelo PMDB), levou ao Supremo o que viria a se chamar mais
tarde de “mensalão mineiro” ou “valerioduto tucano”. Na ação cível, aquela que
permite a reparação do prejuízo ao erário, o Ministério Público pede que os
acusados devolvam aos cofres públicos R$ 12 milhões.
De lá para cá, o
Supremo tomou conhecimento do mensalão petista, julgou e condenou 25 dos seus
réus. Também recebeu a denúncia criminal do mensalão mineiro. Mas nada fez em
relação à ação cível. Uma demora que o ex-procurador-geral da República Cláudio
Fonteles, responsável pela primeira denúncia, põe na conta do ex-ministro Ayres
Britto.
Cláudio Fonteles
acusa Ayres Britto de “deitar” no processo do mensalão mineiro e questiona por
que o ministro não imprimiu a esse caso a mesma celeridade que deu ao mensalão
petista, cujo julgamento criminal foi pautado por ele como presidente do
Supremo. Ayres Britto nega ter usado dois pesos e duas medidas no caso. Segundo
ele, por se tratar de ação criminal, passível de prescrição, era preciso correr
com o mensalão mais famoso. Um risco que a ação cível do processo mineiro não
corria, afirma o ministro aposentado.
Há oito anos o caso
está parado porque o Supremo não examinou um recurso do então senador e agora
deputado Eduardo Azeredo, que pedia que o caso, remetido anteriormente à
Justiça de Minas Gerais, tramitasse na corte. Sem decisão sobre esse recurso do
tucano, a ação não sai do lugar.
Sem contrato,
cheques de estatais foram parar na conta da agência de publicidade SMP&B,
de Valério, que organizava um enduro de motocross e participava da campanha e
do governo de Azeredo, segundo a denúncia do Ministério Público. Um desvio de
R$ 3,5 milhões. O hoje senador Clésio Andrade, que foi sócio da de Valério na
agência, diz que não sabia dos repasses. Já Azeredo afirma que nunca houve
mensalão em Minas e que não tinha conhecimento da contratação da empresa. O
tucano sustenta que a denúncia atende a interesses do PT. As informações são do
Congresso em foco
Nenhum comentário:
Postar um comentário