segunda-feira, 6 de abril de 2015

Ou o Brasil regula as mídias ou as mídias regulam o povo e o governo



Há anos, incansavelmente, defendo, dentro dos limites que me cercam, que o PT, o Governo Trabalhista, a sociedade brasileira e suas instituições e entidades realizem, com a importante cooperação do Congresso Nacional, a regulação do sistema midiático brasileiro e a proibição, na forma da lei, que megaempresários, sem quaisquer compromissos com o Brasil e seu povo, transformem seus canhões midiáticos em verdadeiros partidos de oposição, ideológicos e alinhados à direita brasileira, a judicializar a política e a criminalizar os partidos políticos, como forma de desqualificar suas lideranças e não reconhecer os avanços e conquistas sociais que ocorreram no Brasil nos últimos 12 anos.

Todas as nações ditas civilizadas, além de muitos países que estão em busca de desenvolvimento, efetivaram a regulação das mídias, bem como não permitem que magnatas bilionários de imprensa, meramente de mercado, monopolizem esse setor tão importante da economia e se transformem em oligarcas do atraso e do retrocesso, ao ponto de "peitar" governantes eleitos, sabotar e boicotar seus governos e ainda convocar parte da população de perfil reacionário, com chamadas e manchetes de conotações golpistas e criminosas, para ir às ruas e vociferar pelo impeachment de uma mandatária legalmente eleita e que chefia um governo, apesar de suas contradições e leniências, que está a investigar e a prender os ladrões do dinheiro público, que vestem as peles de corruptos e corruptores.

Contudo, o Governo Dilma Rousseff, assim como o do ex-presidente Lula, são os que, efetivamente, abriram a caixa de Pandora, cortaram a carne da corrupção e estão a limpar o corpo que se encontra com sérias mazelas e por causa disso está ainda internado na CTI, mas com chances reais de sobreviver. Os dois mandatários realizaram, por intermédio da Polícia Federal, órgão subordinado ao Ministério da Justiça, mais de duas mil operações policiais, sendo que milhares de servidores foram afastados para o bem do serviço público, bem como os bilhões roubados dos cofres da União estão sendo, conforme os acordos firmados com instituições financeiras e governos estrangeiros, devolvidos, de acordo com a Presidência da República, o Ministério Público e notícias veiculadas até mesmo pela imprensa corporativa e de oposição.

Entretanto, não se compreende qual é o problema do Governo petista quando se trata de investigar as empresas dos magnatas bilionários de todas as mídias cruzadas e monopolizadas, cobrar-lhes duramente os impostos devidos ao Estado, denunciá-los ao povo brasileiro, pois se trata de bilionária sonegação de impostos, de contrabando de máquinas e equipamentos, de compras e concessões de canais de televisões e rádios de forma ilegal, que até hoje não foi devidamente questionado por quem de direito, o Estado nacional.

Isto mesmo, o Governo Federal, por intermédio do Ministério das Comunicações e de órgãos pretensamente reguladores, que não verdade agem e atuam em favor dos interesses dos magnatas bilionários, que deitam e rolam, bem como ficam a tripudiar da cara do povo brasileiro, porque quando se trata desse quase proibitivo assunto os governos e os governantes se tornam tíbios, fracos, acovardados, pusilânimes, permissivos e, irrefragavelmente, mequetrefes e rastaqueras. Não resta dúvida quando tal assunto vem à tona, os ministros das Comunicações dos governos Lula e Dilma tratam logo de mergulhar o mais fundo possível para não ter que discutir sobre a regulação do setor de mídias do Brasil.

Dessa forma vão a levar a vida os magnatas bilionários, como se vivessem em um País à parte, ou em uma sociedade construída somente para eles se darem bem, repercutir o que pensam ou deixam de pensar e, sobretudo, conspirar contra aqueles que não batem os tambores de suas bandas ou não seguem suas agendas políticas e econômicas, que esses bilionários midiáticos consideram, de forma autoritária, o "ideal" para o Brasil. Durma-se com um barulho desses.

É inacreditável, e por isso surreal, que em pleno século XXI, do terceiro milênio, a sétima economia do mundo, extremamente diversificada, com uma população de 210 milhões de habitantes, fique à mercê de meia dúzia de famílias politicamente reacionárias e doutrinadoras de gente mediana, que há mais de 60 anos recebem em seus lares a programação seletiva, partidária e ideológica de rádios e televisões controladas por um baronato midiático, que trata o Brasil como se fosse a extensão dos quintas das casas deles. São os "novos" coronéis, que fazem a vez dos antigos proprietários de escravos.

Os coronéis de todas as mídias, que tem a classe média como a principal consumidora de seus produtos de baixa qualidade, além de aliada política e parceira ideológica. São os coxinhas colonizados, completamente despolitizados e sem quaisquer noções e conhecimentos sobre a história e a cultura do País onde moram e vivem. Alienados, seguramente passaram por um processo de lobotomia coletiva, onde o principal tomo da lavagem cerebral é odiar o Brasil e seu povo, desprezá-los ao máximo, bem como dar a entender que aqui nada presta, vale a pena e tem valor. A imprensa alienígena é talvez a razão principal do complexo de vira-lata e do atraso brasileiro quando se trata de efetivar, de fato, a igualdade de oportunidades, o desenvolvimento socioeconômico e o tratamento isonômico, no que tange a todos os cidadãos serem iguais perante a Justiça — a Lei.

Não há como um governo de esquerda conseguir democratizar a riqueza e a renda no Brasil, se antes não se realizar duas coisas: 1º) a reforma política; e 2º) a regulação do setor midiático. Ponto. O primeiro item é o maior responsável pela corrupção nos setores públicos e privados, mas a imprensa familiar, a exemplo da revista Época (Globo), insiste na defesa do financiamento privado de campanhas eleitorais, responsável maior pelo alastramento da corrupção e pelas crises institucionais, que paralisam os governos e fomentam o jornalismo de fofocas, que tem por finalidade, se possível, derrubar do poder presidentes eleitos, que não convergem com os ideários da imprensa de negócios privados.

O segundo item, tão importante quanto o primeiro, dispõe sobre a regulação das mídias, setor que está à solta, como vivesse em um mundo paralelo, livre e isento das leis do País, a fazer o que quer e o que lhe aprouver, inclusive a elaborar ou editar um jornalismo meramente declaratório, sem observar os contrapontos e o que é do contraditório, porque se recusa a ouvir os dois lados, pois só quer se ater à versão que o beneficia, a não relevar os acontecimentos, porque divorciado dos fatos, e, por seu turno, propiciar a manipulação e a distorção da verdade, conforme o interesse político e econômico que rege a pauta dos patrões da imprensa e de seus empregados.

Sabujos, estes, que se esforçam para serem piores do que os magnatas bilionários, responsáveis maiores pela baixa autoestima que os brasileiros ricos e de classe média sentem por si e pelo País onde ganham dinheiro e vivem bem. Somente, em 2014, os brasileiros deixaram nos Estados Unidos 10,5 bilhões de dólares. Valores de escala estratosférica. E depois dizem que o Brasil está em crise, quando a crise, na verdade, tem apenas um nome: imprensa! É ela que faz com que grande parte da sociedade fique presa a um contexto psicológico de desolação, pessimismo, autoestima baixa e negatividade, combustíveis diabólicos, porque faz com que uma pessoa despolitizada e mentalmente colonizada se transforme em um coxinha de classe média feroz, intolerante, a verbalizar todo seu ódio, preconceito e ignorância contra aqueles que não compartilham com seu pensamento fascista, elitista e pernicioso.

Enquanto isso, o PT e o Governo Trabalhista continuam a caminhar em círculos, e, obviamente, não chegam a lugar algum, ainda mais quando se trata de fazer a reforma dos meios de comunicação, ou seja, a Lei dos Meios — a regulação das mídias. Trata-se de uma questão estrutural de enorme importância, tanto quanto a reforma política. Volto a afirmar novamente: não sei qual é o problema de o Governo Federal não fortalecer e investir pesadamente na comunicação estatal, inclusive a comprar também os direitos de transmitir jogos de futebol, eventos artísticos e culturais, telejornalismo aos moldes da BBC de Londres, além de realizar debates sobre assuntos políticos, econômicos, financeiros, esportivos, culturais, bem como propiciar ao povo brasileiro o acesso a filmes, tudo isto em canais abertos, de forma que a concorrência se desenvolva e o povo brasileiro passe a ter realmente uma televisão de boa qualidade, além de se democratizar a comunicação e a informação.

Creio que a classe média, falo da banda conservadora, não vai se posicionar contra uma tevê estatal de qualidade. Afinal muitos de meus conhecidos e amigos que votaram no PSDB nas últimas cinco eleições admiram as televisões estatais inglesa, francesa, espanhola, italiana, alemã e portuguesa. É fato. Essas televisões fazem parte dos pacotes de tevê a cabo que eles são assinantes. E elogiam... Bastante. Ou eu estou equivocado? Quero melhor dizer que talvez essas pessoas somente consideram e aceitam televisões estatais de boa qualidade apenas para os outros — os estrangeiros —, por causa de seus inenarráveis e incomensuráveis complexos de vira-latas. É isto? É, sim. No Brasil é assim que a banda toca.

Temos um Governo Trabalhista, que está há mais de 12 anos no poder e não faz nada quanto a efetivar o marco regulatório para as mídias, bem como um código de ética para a imprensa dos magnatas bilionários, que enfrentam, ousadamente e autoritariamente, um governo que teima em tergiversar quanto às suas responsabilidades por tibieza e covardia. Não é possível o povo brasileiro ter de se submeter aos ditames de um empresariado atrasado, que aposta, diuturnamente, no retrocesso político, social e econômico. Antes diziam, "Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil". Então poderíamos afirmar também: "Ou o Brasil regula as mídias ou as mídias é que vão regular para sempre os governantes e o povo brasileiro". É isso aí.


Davis Sena Filho

Davis Sena Filho é editor do blog Palavra Livre

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