Bob Fernandes
A taxa de juros de 13,75% ao ano e seu principal fiador, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, subiram no telhado. Às vésperas da reunião do Copom, dias 9 e 10, para a decisão do descem pouco ou descem muito os juros, a situação de Meirelles já não é a mesma que foi ao longo desses 6 anos de governo.
Vamos aos fatos.
A mais de um interlocutor o presidente do BC, por mais de uma vez, relatou; com a impostação e pompa peculiares:
- Quando me convidaram eu disse que aceitava, mas que teria que ser do meu jeito. Todas as vezes em que foi necessário, recordei minhas palavras e mantive a mesma posição.
A mais de um interlocutor o presidente da República, Lula, tem dito, como se perguntasse a si mesmo; não exatamente com estas palavras e tom:
-... Eu fui eleito presidente da República e o presidente do Banco Central manda mais do que eu?
A frase-pergunta é reveladora de um estado de ânimo.
Lula sabe o que vem pela frente nos próximos meses, ainda que não se possa prever com exatidão a dimensão e alcance da tsunami econômico-financeira que varre o mundo. Assim como sabe o presidente da República, certamente mais do que ninguém, que o impressionante patamar de 70% de apoio popular no 6° ano de governo pode ser resumido numa palavra: prosperidade.
Prosperidade, no planeta Terra de dezembro de 2008, não rima com juros na casa dos 13% ao ano nem com o caminho e políticas que isso indica.
Há quem diga que por conta de seu estilo pessoal e do passado de sindicalista o presidente Lula se demora antes de tomar decisões.
Há quem diga que por conta de seu estilo pessoal e do passado de sindicalista o presidente Lula não costuma tomar decisões precipitadas.
Lá atrás, já há mais de meio ano, Lula pensava no caso. Deve - isso é apenas inferência, não informação - ter levado em conta o cenário externo, onde a crise há tanto anunciada, e então vazada no tal sub-prime, já era realidade para quem é do ramo. Deve, outra inferência, ter medido o custo de uma mudança de rumo quando tudo caminhava bem por aqui, mas já caminhava mal por lá.
Ali, primeiro semestre de 2008, havia tempo. Meirelles, de óbvias pretensões eleitorais, tão grandes quanto sua pompa, deveria se desincompatibilizar em abril de 2009.
O cenário e as circunstâncias mudaram, dramaticamente.
Ou Meirelles troca a pompa pela circunstância ou algo deverá se passar em breve.
Terra Magazine .
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