Para Mantega, PIB forte do 3º tri dá musculatura contra a crise
O Consumo das Famílias subiu 7,3% frente ao terceiro trimestre do ano passado. Neste quesito, o principal impulso veio da massa salarial real, que subiu 10,6% no trimestre, depois de uma alta de 8,1% no segundo trimestre.
Reuters - O ministro da Fazenda, Guiido Mantega, comemorou o desempenho da economia brasileira no terceiro trimestre, afirmando que os números dão musculatura ao país para enfrentar a crise financeira global. Ele admitiu, no entanto, que o resultado do quarto trimestre não será tão bom. "(Os números) nos colocam em condições mais favoráveis para o enfrentamento da crise", disse Mantega.
O IBGE informou nesta manhã que o PIB cresceu 1,8% no terceiro trimestre em relação aos três meses anteriores e 6,8% na comparação com igual período de 2007, bem acima das expectativas do mercado. Para Mantega, aqueles que estão falando em recessão no ano que vem estão "profundamente" enganados e um crescimento de 4% "é uma meta que temos que trabalhar para alcançar" em 2009. Neste ano, o ministro estima crescimento entre 5,0 e 5,5 por cento do PIB.
Investimento e consumo das famílias puxam PIB no terceiro trimestre - O aumento do investimento e o crescimento do consumo das famílias foram as principais alavancas do PIB brasileiro no terceiro trimestre pela ótica da demanda. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) cresceu 19,7% no terceiro trimestre na comparação com igual trimestre do ano anterior, atingindo o recorde da série histórica, iniciada em 1996. Na comparação com o segundo trimestre deste ano, a FBCF registrou alta de 6,7%.
A taxa de investimento ficou em 20,4%, a maior para um terceiro trimestre apurada pelo IBGE desde o início da série, em 2000.
Os investimentos foram puxados pela importação de máquinas e equipamentos, pela produção nacional e pela construção civil, esta última com aumento de 11,7% no terceiro trimestre, em mais um recorde da série.
Já o Consumo das Famílias subiu 7,3% frente ao terceiro trimestre do ano passado, igualando o melhor resultado da série, que havia ocorrido no primeiro trimestre de 1997. Neste quesito, o principal impulso veio da massa salarial real, que subiu 10,6% no trimestre, depois de uma alta de 8,1% no segundo trimestre.
O impulso aos investimentos veio do aumento de 42,1% do crédito de recursos livres para pessoas jurídicas, enquanto as operações de crédito do BNDES cresceram 23,1%, mesmo em um período em que a taxa de juros básica média da economia brasileira pulou de 11,5% ao ano no terceiro trimestre de 2007 para 12,9% no terceiro trimestre deste ano.
2007 revisado - O IBGE revisou para cima o crescimento da economia brasileira no ano passado. Segundo dados divulgados nesta terça-feira, o PIB do país cresceu 5,7% em 2007, acima dos 5,4% anunciados anteriormente. O IBGE revisou também o desempenho no primeiro trimestre deste ano. O PIB, segundo os novos dados, cresceu 1,7% entre janeiro e março de 2008 na comparação com o último trimestre de 2007, bem acima do 0,8% informado inicialmente. Já a expansão do segundo trimestre sobre o primeiro trimestre deste ano foi mantida em 1,6 por cento.
Todas as manchetes nos grandes jornais online dão conta de que o PIB cresceu acima do esperado, mas se espera que ele desacelere muito a partir de agora. Segundo os analistas, esse crescimento ainda não sofreu a influência da crise. A fatura é quase unânime.
Ou seja, a mesma matéria que reconhece os erros nas previsões dos analistas, quer nos fazer crer em novas previsões pessimistas destes mesmos analistas. No Estado de S. Paulo dessa terça, as previsões estavam entre 5,5% a 5,7% para o PIB do terceiro trimestre.
Uma das tarefas mais complexas para quem quer fazer previsões é transpor dados globais para a realidade local. Ou mesmo, reconhecer que a economia não pode ser avaliada sobre alguns aspectos específicos. Como num time de futebol, a economia pode vencer mesmo que um ou dois jogadores não joguem bem. É preciso avaliar o conjunto dos dados, e são muitas as variáveis a serem analisadas.
Geralmente economistas têm fixação em determinados aspectos, em determinados dados conjunturais (câmbio, juros, gastos públicos etc.) super valorizando-os em detrimento de outros. Têm pouco jogo de cintura para uma visão mais ampla do cenário. E num ciclo virtuoso, essas variáveis costumam se contrabalançar.
Esses analistas acreditam que é simples relacionar a desaceleração nas principais economias do mundo aos dados econômicos do Brasil. Ocorre que esses países já desaceleram fortemente há alguns trimestres, desde que a crise começou a mostrar sua cara. São economias estáveis com pouco dinamismo e que já estavam crescendo pouco mesmo antes da crise. E estavam no olho do furacão.
Ao contrário, o Brasil vem numa aceleração constante há pelo menos cinco trimestres seguidos. O crescimento do consumo das famílias e dos investimentos garante que a contração no crédito externo será ultrapassada com mais rapidez do que se imagina. Como se diz lá na minha roça, "o Brasil só está relando o pé no freio". Não estamos vivendo uma deterioração dos fundamentos da economia, mas apenas sentindo os naturais reflexos no crédito e na demanda externa.
Tenho insistido que essa crise financeira terá como maior efeito, a precipitação de um movimento que já era objetivo do governo. Não é sustentável, no médio prazo, o Brasil crescer a taxas de 6,8% com investimentos na casa dos 20,4% do PIB. É preciso ter bases mais sólidas para garantir que o crescimento da demanda tenha respaldo na produção interna, no crescimento proporcional da oferta, sob o risco de criar um perigoso déficit nas contas externas. Para alguns, essa crise externa já está em andamento, com o aumento do déficit em conta corrente. Mas esse cenário está muito distante.
O mundo não está crescendo 6,8% e não tem um Índice de Preços ao Consumidor, medido em Novembro, em pleno turbilhão, de 0,56% (IPC-DI). Não adianta cobrar de nossas autoridades as mesmas soluções encontradas para economias em recessão; não adianta achar que o Banco Central prejudica o crescimento do Brasil com a Selic a 13,75%; assim como não adianta tentar vender a idéia de que a política fiscal está prejudicando o país.
No Jornal do Commercio de hoje, ...
... o presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, destoou do pessimismo em relação ao cenário econômico em 2009 demonstrado ontem pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. Sobre 2008, Steinbruch disse que o ano será encerrado como o melhor para o Brasil em termos políticos, econômicos e sociais, a despeito dos impactos da crise do sistema financeiro internacional no último trimestre.
"A crise não é um problema para o brasileiro. Estamos acostumados a crises e sabemos nos virar bem. Talvez não consigamos manter o ritmo de crescimento de 2008 em 2009", disse ele, durante almoço-debate sobre conjuntura econômica, na sede da Fiesp.
Steinbruch disse que o varejo ainda está vendendo bem itens como geladeiras, fogões e televisores e, se continuar nesse ritmo, a reposição desses produtos em janeiro será boa.
Para o jornal Valor Econômico, o mesmo Steinbruch, diz que 2009 "pode não ser tão ruim como o esperado". Ele observou que os preços da sucata no mercado americano e a demanda chinesa dão sinais de recuperação - dois indicadores de que EUA e China começam a reagir aos pacotes de ajuda financeira. Ele também observou que os bancos brasileiros já não aceitam aplicações de overnight, um sinal de melhora na liquidez.
"As indústrias tiveram um 2008 lucrativo, o país bateu recordes de emprego e renda e as contas do governo estão em ordem. O ano de 2008 foi o melhor para a indústria e isso não vai se repetir em 2009, mas ainda assim podemos ter um bom ano", afirmou Steinbruch. Se houver melhora na demanda externa até fevereiro, disse, a economia brasileira pode voltar a crescer em abril.
Mais do que nunca, é preciso deixar ideologias econômicas de lado e ter um pouco de humildade para reconhecer que os caras estão com crédito.
http://www.aleporto.com.br/blog.php?tema=6&post=1446
Enviada pela a amiga Nancy Lima as 4 últimas postagens.
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