Mistério de Marta tem nome e sobrenom
Ricardo Kotscho
Não houve, nos últimos dias, nenhum grande fato novo na campanha eleitoral em São Paulo, nada que justificasse mudanças bruscas nas pesquisas.
A campanha dos principais candidatos segue na mesma modorra, com o povo alheio às escaramuças, só tomando conhecimento deles em suas peripatéticas pregações da política movida a café e pastel de feira.Por isso, surpreendeu a todos a disparada de Marta Suplicy na pesquisa Ibope divulgada na noite de sexta-feira pela TV Globo, acompanhada da queda do seu principal oponente, Geraldo Alckmin.
Não houve, nos últimos dias, nenhum grande fato novo na campanha eleitoral em São Paulo, nada que justificasse mudanças bruscas nas pesquisas.
A campanha dos principais candidatos segue na mesma modorra, com o povo alheio às escaramuças, só tomando conhecimento deles em suas peripatéticas pregações da política movida a café e pastel de feira.Por isso, surpreendeu a todos a disparada de Marta Suplicy na pesquisa Ibope divulgada na noite de sexta-feira pela TV Globo, acompanhada da queda do seu principal oponente, Geraldo Alckmin.
Marta subiu sete pontos, chegando a 41%, enquanto Alckmin caia cinco, para 26%. Com 15 pontos de diferença entre os dois primeiros colocados, pela primeira vez abre-se a possibilidade da eleição municipal de outubro ser decidida no primeiro turno em São Paulo.Qual o mistério, se a campanha eleitoral no horário gratuito do rádio e da televisão só vai começar na próxima semana?
Até agora, Marta e Alckmin fazem campanhas rigorosamente iguais, caminhando pelos bairros, prometendo mais e melhores serviços públicos, dando aqui e ali alguma estocada no adversário.
Com a disputa reduzida aos dois, já que o prefeito Gilberto Kassab, o preferido do governador José Serra, caiu mais dois pontos, para 8%, um abaixo do inamovível ex-prefeito Paulo Maluf, fiquei quebrando a cabeça de ontem para hoje tentando entender o que aconteceu.
Como aprendi a respeitar o resultado das pesquisas dos principais institutos porque sei como funcionam e conheço o rigor dos seus métodos, só encontrei uma explicação para o mistério, com nome e sobrenome: João Santana.
O marqueteiro de Marta, conhecido por “Tio Patinhas”, baiano que fala pouco e não gosta de festa, silenciosamente como de costume, em poucas semanas reforçou os pontos fortes da candidata _ empatia com a população mais carente e sua ligação com o muito bem avaliado presidente Lula _ e amenizou os pontos fracos _ sua imagem de arrogante cultivada na classe média, que não vota nela porque não vai com a cara dela.
Surpreendidos pelo Ibope, alguns colegas alckmistas e kassabistas resolveram brigar com os fatos, colocando em dúvida o resultado da pesquisa, já que também eles não encontraram um fato novo que justificasse tamanha diferença entre os dois principais candidatos.Melhor fariam se olhassem para seu quintal e procurassem nas suas próprias hostes as razões para explicar as campanhas empacadas de Alckmin e Kassab.
À parte o racha na velha aliança PSDB-DEM (ex-PFL) em São Paulo, que já é notícia velha, meus colegas analistas demo-tucanos hão de convir que não é normal o governador José Serra, desaparecido da campanha, viajar justamente agora para um périplo de dez dias pelo Japão.
O fato de ele marcar esta viagem bem na semana em que se iniciam os programas eleitorais a campanha no rádio e na TV, sem deixar gravada qualquer participação no programa do candidato do seu partido, deixa clara sua disposição (ou falta de) participar da campanha do PSDB.
Claro que o quadro pode mudar nas próximas semanas e virar as pesquisas de cabeça para baixo, se fatos novos acontecerem, mas não será só porque a campanha estará no ar na mídia eletrônica.
Como escreveu outro dia na “Folha” o Ney Figueiredo, um estudioso de campanhas e pesquisas eleitorais, há muito que os programas dos horários políticos gratuitos deixaram de decidir eleições.
Depois que inventaram a internet e a grande rede se disseminou, chegando hoje à maior parte do eleitorado, outros fatores serão decisivos para decidir o voto em outubro.
Noticiário de jornal e horário gratuito no rádio e na TV já não fazem, sozinhos, a cabeça do brasileiro como vimos na reeleição de Lula em 2006 (campanha também comandada pelo “Tio Patinhas).
O multimídia João Santana parece ter descoberto esta novidade, colocando suas fichas em variadas possibilidades para ganhar o jogo, mas ele não conta a receita para ninguém.
Em tempo: leio neste domingo de manhã na “Folha” que na última hora o governador José Serra resolveu mudar de idéia e descer do muro. “Serra grava depoimento para campanha de Alckmin na televisão antes de viajar”.
Será que ele leu a minha coluna de sábado e achou que ficaria chato se omitir na campanha do correligionário tucano? Até o pessoal de Alckmin ficou surpreso, conforme a matéria da “Folha”: “Até sexta-feira, segundo alckimistas, o comando da campanha do ex-governador não contava com essa participação de Serra, que também gravou depoimentos para candidatos do partido em outras cidades”.
Esta é outra vantagem de escrever na internet: a gente pode sempre corrigir e atualizar os textos. É bom para quem escreve e para os leitores _ às vezes, eles próprios me alertam para corrigir informações erradas ou erros de português.
Comentários.
Tudo bem, um bom marqueteiro faz a diferença.
Agora, não perder de vista que Kassab e Alckimin, quase na mesma semana, anunciaram uma medida que bate no bolso da classe média. Refiro-me à criação de pedágios proposto por ambos.
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