segunda-feira, 18 de agosto de 2008

PARA DESGOSTO DA DIREITA GOLPISTA

Evo obteve maior votação da história boliviana em referendo

A contagem oficial da justiça eleitoral boliviana sobre o referendo revogatório de 10 de agosto está prestes a ser declarada encerrada. Mas com 99,9% dos votos apurados, já é possível declarar que o presidente boliviano, Evo Morales, atingiu o índice de respaldo eleitoral mais alto da história do país ao obter o apoio de 67,41% dos eleitores.

O referendo ratificou em seus cargos Evo e seu vice-presidente Álvaro García, além de seis dos oito prefeitos que submeteram seus mandatos para aprovação do eleitorado.

Os prefeitos de La Paz e Cochabamba, de oposição, tiveram mandato revogado. Os de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija, que buscam a autonomia de suas regiões em aberta rebeldia contra o governo central, também foram confirmados, mas nenhum deles alcançou a aprovação que Evo conquistou.

Somente o prefeito de Potosí, Mario Virreira, apoiador de Evo, teve aprovação superior a do presidente: 79%.

Com esses resultados, Evo sai fortalecido do referendo e agora vê sua influência ampliar-se de dois para quatro Estados, enquanto a oposição caiu de sete para cinco. A prefeita de Chuquisaca, Savina Cuéllar, que é de oposição, não passou pela consulta popular por ter sido eleita em junho.

O referendo foi planejado pelo presidente para por um fim em um prolongado confronto com seus opositores.

559 mil votos a mais

O aumento da popularidade e da influência política de Evo pode ser medido também pela ampliação no número de votos obtidos no referendo em relação à eleição presidencial de dezembro de 2005. O apoio da população ao presidente cresceu 559.358 votos, enquanto a oposição perdeu 312.435 votos. A informação é a Agência Boliviana de Informação (ABI).

Os dados da Corte Nacional Eleitoral (CNE) são baseados em informações enviadas até ontem pelos cortes departamentais (estaduais), com 99,99% dos votos apurados. Dos 4.047.706 bolivianos habilitados a votar, 3.370.783 foram às urnas no referendo.

Em 2005, Evo foi eleito presidente com 1.544.374 votos, o equivalente a 53,74% dos 2.873.801 votos válidos. No referendo, recebeu 2.103.732 votos, 67,41% dos 3.120.724 votos válidos. Já a oposição conseguiu 1.329.427 votos em 2005 (46,26%), contra 1.016.992 no referendo (32,59%).
Nos nove departamentos (estados) bolivianos, Morales venceu em seis (Chuquisaca, La Paz, Cochabamba, Oruro, Potosí e Pando), perdeu em dois (Santa Cruz e Beni) e houve empate técnico em Tarija.

Sem consenso

Mas uma semana depois de suas amplas vitórias no referendo revogatório, o presidente Evo Morales e os prefeitos opositores deixaram de lado a busca de consenso e buscam implantar seus modelos opostos de mudança constitucional na Bolívia.

Com o respaldo de 67% dos eleitores e sem que os oposicionistas tenham se sensibilizado com o apelo de Evo para uma repactuação nacional, o governo declarou sua decisão de colocar em vigor de imediato a nova Constituição como única saída política.

O presidente e seus aliados estudam adiantar o referendo constitucional ou promulgá-la por decreto, embora, segundo a lei, não possa haver duas consultas populares a nível nacional em uma mesma gestão.

''Os dois terços de apoio ao presidente não significam outra coisa senão o aprofundamento e a continuação do processo de mudança por meio da nova constituição'', disse o vice-ministro de Descentralização, Fabian Yaksic.

Por sua vez, os prefeitos de oposição se apóiam também em suas vitórias no domingo e aplicam seus regimes autônomos ilegais. ''Com o governo ou sem o governo de Morales, a autonomia vai adiante'', anunciou Rubén Costas, prefeito de Santa Cruz, que convocou uma eleição de uma assembléia legislativa para criar seus próprios órgãos de segurança pública e fiscalização financeira.
Fonte: Portal Vermelho.

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