segunda-feira, 11 de agosto de 2008

UM ÓTIMO TEXTO


Publicada em:10/08/2008

PATRULHANDO A MORAL ALHEIA

Miami (EUA) - Neste tempo de recesso na campanha eleitoral americana, por conta dos Jogos Olímpicos de Pequim, que tiveram uma cerimônia de abertura cinematográfica, a editoria de Política da imprensa elegeu um novo alvo: John Edwards.
O ex-candidato à indicação do Partido Democrata, John Edwards, que acabou desistindo de sua campanha e declarando apoio a Barack Obama, foi pego na mentira. A National Enquirer, uma publicação sensacionalista, divulgou, em outubro do ano passado, que o ex-senador da Carolina do Norte teve um caso com a Rielle Hunter, a mulher encarregada de produzir os vídeos para sua campanha eleitoral.
O político, que foi candidato à vice-presidente na chapa democrata encabeçada por John Kerry, em 2004, negou a infidelidade conjugal e deu apoio publicamente à esposa Elizabeth, que padece de câncer e saiu pelo país fazendo campanha com o marido.O que parecia ter caído no esquecimento voltou agora com mais força, após a National Enquirer ter publicado a informação de que a filha de cinco meses de Rielle Hunter tem Edwards como pai.
A notícia caiu como uma bomba para Edwards. Finalmente, teve de se retratar e confirmar que Rielle produziu muito mais coisas para ele do que vídeos eleitorais. Ele nega, porém, que os dois produziram uma filha.E tem tanta convicção disto que afirmou não ter nenhum medo de se submeter a um teste de DNA para confirmar não ser o pai da criança.
Aliás, outro integrante da campanha eleitoral de Edwards assumiu a paternidade da pequena Frances Quinn Hunter. Ou seja, o que despertou a atenção da mídia sensacionalilsta foi o fato da garota ter sido registrada num cartório da Califórnia apenas com o sobrenome da mãe, que decidiu ter a criança sozinha.
Agora, o advogado de Rielle declarou que sua cliente não quer participar de nenhum exame de DNA para determinar quem é o pai de sua filha, alegando ser isto um assunto pessoal e sem interesse para as demais pessoas.Aqui vale uma reflexão: a moça está certa. Se ela que poderia ser a principal interessada, não quer nenhum tipo de exame, para que insistir nisto? Como se vê, não é sequer uma interesseira que poderia se aproveitar da situação para extorquir dinheiro de seu amante famoso.
Quanto a John Edwards, outra reflexão: que interesse tem a mídia em vasculhar a vida privada dele? O homem não é mais candidato à presidente da República, e nem mesmo ocupa a cadeira de senador. Portanto, passou a ser um cidadão comum, que cometeu um deslize, mas que deve satisfações apenas à sua esposa e filhos. A se criticar, apenas o fato dele, Edwards, ter condenado a atitude de Bill Clinton, pego com a boca na botija, no caso Monica Lewinsky. O ex-presidente também negou o caso extra-conjugal e depois teve de admiti-lo, comprometendo sua carreira política.
Pelo menos, o caso de Clinton foi mais contundente por ter sido cometido nas dependências da Casa Branca e na época em que ele era presidente dos Estados Unidos.A imprensa que se especializa em se imiscuir na vida privada de celebridades – políticos, artistas, esportistas, empresários etc. – acaba muitas vezes prestando um desserviço. Isto quando não extrapola e leva a desatinos, como foi o episódio da morte da princesa Diana, vítima de um acidente de automóvel no qual o motorista imprimiu velocidade excessiva ao veículo para fugir dos paparazzi e acabou provocando o acidente que tirou a vida dela e de seu namorado Dodi Al Fayed.
Claro que o princípio da imprensa é informar, e muitas vezes não se pode esconder o fato. Mas divulgar casos extraconjugais é algo assim tão relevante? Os jornalistas têm o direito de serem patrulheiros da moral alheia? Isto é discutível, ainda mais quando muitos não são exatamente padrões de moralidade, como comentou certa vez Renato Gaúcho, técnico do Fluminense, ao criticar este tipo de comportamento por parte da imprensa esportiva que se preocupa mais com a vida extra-campo de muitos jogadores de futebol do que com o desempenho dos atletas em campo.
E ele próprio viu muitos coleguinhas de imprensa, casados, terem comportamentos pouco dignos quando viajvam a serviço de seus veículos de comunicação para cobrir eventos esportivos.Ou seja, é o típico exemplo do ditado: Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.


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