quinta-feira, 2 de outubro de 2008

ATÉ TU, GABEIRA?

Gabeira nega ser candidato anti-Lula no Rio

Reuters


RIO - Único dos quatro principais candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro que não pertence à base política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Gabeira (PV) negou nesta quinta-feira ser o candidato anti-Lula nas eleições cariocas. "Não tenho nada anti-Lula, não sou anti-ninguém. Se eu fosse escolher ser anti-alguém, eu não seria anti-Lula", disse Gabeira ao participar de caminhada em Bangu, zona oeste do Rio.

A ascendência de Gabeira nas últimas pesquisas de intenção de votos e sua coligação com o PSDB despertaram preocupações em setores do PT de que uma possível vitória sua daria palanque importante ao candidato tucano às eleições presidenciais de 2010."Tenho divergências com ele, nunca deixei de explicitar essas divergências. E tenho até dúvidas sobre quem Lula acha o melhor candidato para o Rio de Janeiro. Se perguntarem, acho que ele vai vacilar", acrescentou Gabeira.
Apesar das alianças com adversários do presidente, que podem crescer com adesão do DEM no segundo turno, Gabeira evitou a pecha de candidato anti-Lula no momento em que o presidente desfruta de popularidade de 80 por cento, segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada na segunda-feira.O candidato do PV disse também que, no Rio, não há intenção de nacionalizar a campanha municipal nem de transformá-la "numa polarização idêntica à de 2010". Gabeira está certo de que Lula não participará da disputa carioca, como tem feito em São Paulo.
Para Gabeira, o Rio está em situação difícil, e envolver a eleição municipal com a sucessão presidencial de 2010 dificultaria a resolução dos problemas da cidade, para os quais defende cooperação e construção comum."Acredito muito que o Lula compreende isso", afirmou. "Ele não vai participar (da eleição). Eu sei quem ele é e ele sabe quem eu sou. Isso não tenho dúvidas. Então, dá para se entender".
Ponto fraco
Nesta quinta-feira, Gabeira investiu numa fatia do eleitorado vista como seu calcanhar de Aquiles: o público de menor renda, pouca instrução e morador de zonas periféricas da cidade.Em manhã nublada e com chuva, o candidato fez corpo-a-corpo com eleitores no calçadão comercial de Bangu. Segundo ele, acusado por adversários de ser "o candidato da elite" e de circular apenas pela Zona Sul, essa foi a quarta vez que fez campanha no bairro. Gabeira disse que os eleitores de baixa renda hoje o reconhecem e estão aderindo à sua candidatura."É um tipo de pessoa que você diria, naturalmente, que não é meu eleitor, que não me conhece, e hoje já conhece e acena. Acho que mudou muito e para melhor", comentou.
As duas entradas do calçadão de Bangu estavam ocupadas por cabos eleitorais e carros de som de Eduardo Paes (PMDB), líder isolado nas últimas sondagens eleitorais, embora o candidato estivesse em outro bairro. Além do apoio do governador Sérgio Cabral, o peemedebista conta com o maior orçamento de todas as campanhas cariocas.Com equipe reduzida, Gabeira chegou a Bangu com apenas um carro de som e um cabo eleitoral com alto-falante. Dos idosos que jogavam cartas e das pessoas que esperavam em fila da Caixa Econômica Federal, poucos se mostraram entusiasmados com a aparição do candidato."Ele entrou na favela cheio de segurança, porque tem medo. Vi isso na televisão.
Não vou votar nele", afirmou a aposentada Léa Silva, 60 anos, moradora de Padre Miguel, na zona oeste, e eleitora de Eduardo Paes, que já visitou sua comunidade.De acordo com o cientista político Cesar Romero Jacob, da PUC-Rio, Gabeira não tem a máquina partidária de Eduardo Paes para penetrar em áreas pobres da cidade com mais força. Entre outros aspectos dessas máquinas, estão as alianças com vereadores e líderes locais."Para ganhar eleição na cidade, o candidato precisa de discurso para a classe média escolarizada, na Barra da Tijuca, na zona sul e na Tijuca, e as máquinas nas áreas pobres, onde os serviços públicos não funcionam e prevalece o clientelismo", explicou o pesquisador.
Comentário.
Quem te viu quem te vê.
Gabeira, um dos líderes da oposição golpista, só falta dizer que nunca criticou Lula.
Daqui a pouco Lula vai governar sem ter oposição.

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