terça-feira, 9 de dezembro de 2008

ÍNDICE DE POBREZA CAI NA AMÉRICA LATINA, O BRASIL É O GRANDE DESTAQUE

Fonte: BBC Brasil

Índice de pobreza cai na América Latina, diz Cepal


O índice de pobreza caiu quase um ponto na América Latina e no Caribe em 2008, passando de 34,1% em 2007 para 33,2% neste ano, com um total de 182 milhões de pobres, segundo o relatório Panorama Social da América Latina 2008, divulgado nesta terça-feira pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal).


A pobreza extrema ou indigência subiu levemente, de 12,6% (68 milhões de pessoas) no ano passado para 12,9% (71 milhões) neste ano, segundo o documento da Cepal, que faz parte das Nações Unidas e tem sede em Santiago, no Chile.

De acordo com o relatório, que analisou dados de 18 países e foi apresentado pela secretária-executiva da Cepal, Alicia Barcena, a pobreza e a indigência tiveram um "comportamento menos favorável" do que no período 2002-2007.

Naquele período, o número de pessoas na pobreza caiu 9,9% (37 milhões menos), e o número abaixo da linha de pobreza teve redução de 6,8% (29 milhões).

Alimentos

Segundo a Cepal, a inflação registrada a partir de 2007 em diversos países contribuiu para o resultado de 2008. A alta de preços de alimentos, acrescenta o relatório, foi o principal fator para esse quadro. Entre os países que registraram fortes altas nos preços dos alimentos, mesmo antes do agravamento da crise internacional, estão Venezuela, Bolívia, Chile e Argentina, por exemplo.

México, Brasil e Peru, nesta ordem, estão entre os que tiveram menor inflação - total e de alimentos. A secretária-executiva da Cepal disse à BBC Brasil, por telefone, que a alta de preços em 2007 impediu que 4 milhões de pessoas saíssem da pobreza.

Em 2008, segundo Barcena, 11 milhões caíram da pobreza para a indigência devido ao aumento nos preços.

Na Venezuela, apesar da alta de inflação de alimentos, a pobreza caiu devido aos programas sociais, de acordo com a secretária-executiva da Cepal.

Brasil

A secretária-executiva da comissão também comentou os avanços sociais registrados pela entidade no Brasil.

"Entre 2002 e 2006, o Brasil conseguiu reduzir a pobreza em 1,5 ponto percentual. E entre 2006 e 2007, reduziu a pobreza em 3 pontos percentuais", disse Barcena. "O Brasil é um exemplo de como a pobreza pode ser combatida."

"O Brasil fez esforços muito importantes, e o programa Bolsa Família foi um dos de maior sucesso para esse avanço social", acrescentou.

Segundo Barcena, a tendência de melhoria social também foi registrada em 2008. "Mas, em 2009, não sabemos o que vai acontecer", disse.

"Acreditamos que países como Brasil estão bem posicionados, porque o emprego aumentou e a produção foi diversificada", afirmou. "O País fez esforços para ter crescimento econômico, mas combatendo a desigualdade social."

Crise internacional

De acordo com a Cepal, a situação social pode piorar no ano que vem devido à crise internacional. "A Cepal prevê que a desaceleração econômica mundial vai se refletir na região com menor demanda de bens de exportação e menor investimento no setor produtivo, além de queda nas remessas de dólares dos imigrantes", diz o relatório.

O documento afirma que o emprego deverá "estancar durante 2009" e que os salários reais poderão se manter ou até diminuir levemente. Os mais afetados, diz a Cepal, deverão ser os trabalhadores que não têm carteira assinada e trabalham por conta própria.

Por isso, diz o relatório, a expectativa é de que a pobreza e a indigência "subam levemente" no ano que vem, ampliando o resultado negativo que começou a ser detectado neste ano.

No entanto, a Cepal afirma que a crise internacional não afetará todos os países igualmente. Segundo a comissão, serão mais afetados aqueles com menor nível de remessas (de dólares enviados pelos imigrantes), caso do Paraguai.

Também serão afetados países com conexão direta com o mercado dos Estados Unidos e que tenham estrutura de exportação menos diversificada ou sistemas fianceiros mais fracos, diz o documento.

Para evitar os efeitos sociais da crise internacional, a secretária-executiva da Cepal diz que é preciso "reforçar a assistência social" aos mais vulneráveis, desde cestas básicas até programas de emprego e de combate à desnutrição infantil, e ampliar o seguro-desemprego.

Concentação de renda

O relatório afirma que a concentração de renda continua sendo um drama na região, a mais desigual do planeta.

O documento diz ainda que o desemprego vem caindo desde 2002 na maioria das áreas urbanas, mas ainda é alto. A taxa de desocupação permanece mais alta entre pobres, mulheres e jovens, diz a Cepal.

O Panorama Social aborda também a violência juvenil e familiar na América Latina. "Essa violência se nutre de diversas formas de exclusão social, como a desigualdade de oportunidades e a falta de acesso ao emprego", diz o relatório.

"A essas questões, somam-se a violência das quadrilhas e o recrutamento de jovens nas redes de crime organizado e conflitos armados", completa.
Comentário.
Vão sifu, cambada de urubu!

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