sábado, 16 de agosto de 2008

PROTESTO CONTRA O DESPREZO DEM-TUCANO COM A EDUCAÇÃO






15 DE AGOSTO DE 2008 - 21h07

7 mil param SP contra descaso de Kassab e Serra com educação


Parte da Jornada Nacional de Lutas da UNE e da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), cerca de sete mil estudantes pararam, nesta sexta-feira (15), o centro de São Paulo. Eles protestaram contra o prefeito e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), e o governador, José Serra (PSDB), pelo descaso com a educação. Segundo a presidente da Umes-SP (União Municipal dos Estudantes Secundaristas), Ana Letícia Oliveira , mais de 300 escolas já fecharam durante os governos dos democratas (ex-PFL) e tucanos.


Centro tomado pela mobilização estudantil protesto iniciou às 9 horas no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na Avenida Paulista, seguindo para a Consolação e terminando, por volta das 11 horas, em frente à Secretaria Estadual de Educação. O trânsito ficou bastante lento no centro da capital, chamando a atenção para a força do protesto.


Além da UNE, Ubes e Umes, também a Upes (União Paulista dos Estudantes Secundaristas), mobilizou a jornada em São Paulo. Manifestações em comemoração ao Dia do Estudante, 11 de agosto, ocorreram nesta semana em Manaus, no Recife, em Porto Alegre e no Rio de Janeiro.


“Enquanto o governo federal amplia vagas nas escolas e universidades públicas, o que é muito bom, mas ainda insuficiente, os governos da capital e do estado fecham escolas e implementam uma gestão vergonhosa para a educação”, afirma Ana ao Vermelho.

Ela cita como exemplos do sucateamento da educação a aprovação automática nas escolas públicas, o fim das escolas técnicas municipais e a falta de estrutura, como laboratórios, bibliotecas e salas de aula. Segundo o presidente da Ubes, Ismael Cardoso, ''apesar de o estado de São Paulo ser o mais rico do País, a qualidade do ensino está muito aquém do necessário''.

“Acabamos de assistir a greve vitoriosa dos professores do estado. Os estudantes apoiaram todas as ações da greve porque sabemos que o sucateamento também passa pela falta de contratação de mais professores e pela valorização de seus salários”, disse a presidente da Umes.

Quando a escola acaba

Um dos vilões da educação paulista, o “jornal didático” – usado pelo governo estadual em substituição ao livro didático – recebeu fortes críticas. ''O material tira a autonomia do professor e diz até como ele deve se comportar em aula'', atesta Vitor Monteiro, diretor da Umes.


A escola municipal Derville Alegretti foi outro tema muito lembrado pelos estudantes. “A Derville é a única escola municipal com ensino fundamental, médio e técnico que havia sobrevivido ao sucateamento, mas agora, nem com ela podemos contar mais. Das 30 turmas de ensino técnico, 25 já foram fechadas sob a alegação de que ensino técnico é problema do governo federal”, lamenta Ana.


Outra escola que está por um fio, informa a liderança, é a escola estadual Brigadeiro Gavião Peixoto, uma das maiores do estado com cerca de quatro mil estudantes. “Já está em curso a proposta de dividir a escola em duas, o que na prática são menos vagas e o fim da escola.”

A escola Prudente de Morais, próxima à estação de metrô da Luz, já tem data para ser demolida. “Até 2010 o governo estadual vai demolir a escola para construir no lugar um anexo da Pinacoteca, mas obras para a reconstrução da escola não tem data para começar, além de o terreno atual ser muito maior do que ela ocupará”, denuncia Ana.

Mesmo com a dura realidade porque passa a educação na capital e no estado, Ana não desanima. “Não é fácil lutar contra tantas injustiças, mas agora nas eleições temos a oportunidade de denunciar a política dos democratas e tucanos nas salas de aula. Estamos fazendo uma ativa campanha para que os estudantes votem em candidatos comprometidos em mudar essa realidade”, finaliza.

Comemorações

A passeata de hoje teve tom de denúncia, mas também de comemorações. No Rio de Janeiro, na terça-feira (12), os estudantes receberam, pela segunda vez na história, a visita de um Presidente da República à sede das entidades estudantis (a primeira foi em 1962, com João Goulart).

Na ocasião, o presidente Luis Inácio Lula da Silva assinou um projeto de lei que indenizará as entidades pelo incêndio e demolição do prédio da Praia do Flamengo, 132, durante a ditadura. Caso seja aprovado pelo Congresso Nacional, as entidades poderão receber até R$ 36 milhões (seis vezes o valor do terreno, R$ 6 mil) de indenização.

O valor já tem endereço certo: a construção do novo prédio, elaborado e doado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, um prédio de 13 andares que abrigará um teatro, um museu e um cinema na sede das entidades estudantis.

“A passeata de São Paulo também comemorou a conquista deste projeto de lei e a volta das entidades a sua casa: a Praia do Flamengo, 132. Além disso, a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de proibir a cobrança de taxas de matrículas nas universidades públicas, uma luta histórica dos estudantes, se somou ao clima de comemorações”, avalia Lúcia Stumpf, presidente da UNE.

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