segunda-feira, 30 de setembro de 2013

E Dudu quer respeito


Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre


Eduardo Campos não para de dar pedrada na pomba socialista

Eduardo Campos, o governador de Pernambuco e que preside e controla o PSB quer respeito... É o que o “socialista” vai dizer nos programas eleitorais do PSB, partido que rompeu a aliança histórica com o PT e o PC do B, bem como foi um dos mais beneficiados pelos governos trabalhistas dos presidentes Lula e Dilma Rousseff. Pernambuco é o estado da Federação, juntamente com o Rio de Janeiro, que mais recebeu dinheiro para investimentos nos últimos 11 anos.

Apesar dessa inquestionável realidade, o candidato a presidente da República, Eduardo Campos, exige “respeito”. O respeito, diga-se de passagem, que o governador pernambucano sempre teve por parte dos governos trabalhistas, tanto é verdade que o atual mandatário do Palácio do Campo das Princesas se tornou um privilegiado em termos de obras de infraestrutura efetivadas e de acesso a programas sociais, que, indubitavelmente, melhoraram a qualidade de vida de centenas de milhares de pernambucanos.

Portanto, quando o governador Campos fala em “respeito” apenas tergiversa e dissimula, pois a intenção é se colocar no papel de vítima ou como uma pessoa que não é compreendida, mesmo quando trai seus correligionários e aliados e se transforma em um quinta-coluna e ainda tem a desfaçatez de afirmar em programa eleitoral que quer “fazer mais, diferente e bem feito”.

Ora bolas, Eduardo Campos recebeu dois prêmios da ONU porque teve acesso ao dinheiro federal administrado por seus aliados do PT. Pernambuco se transformou em um canteiro de obras, além de um estado economicamente forte e progressista por causa da aliança com o Governo Federal. Campos só pensa nele e se alia aos seus adversários históricos, bem como de seu avô, Miguel Arraes, a exemplo do ex-senador e banqueiro Jorge Bornhausen, homem emblemático da ditadura militar e que hoje controla, inacreditavelmente, o PSB de Santa Catarina.

Além disso, Eduardo Campos expulsou dos quadros do partido o presidente do PSB do Rio de Janeiro e prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, socialista histórico e atuante, bem como forçou a saída dos irmãos Ferreira Gomes, Ciro e Cid, ex-governador e governador do Ceará, que sempre marcaram posição pela manutenção da aliança do PSB com o PT e o PC do B.

O governador pernambucano promete “fazer mais, diferente e bem feito”... Quando? Porque pelo que se observa de suas palavras tal político, que teve apoio incondicional de Lula e Dilma durante uma década, está insatisfeito com a visível e concreta transformação que o Brasil vivencia e por isso ele quer mais. Só que ele se esquece que é parte dos governos trabalhistas e um dos políticos que cooperaram para que o Brasil mudasse e passasse a ser mais poderoso e respeitado pela comunidade das nações como nunca antes experimentado.

Eduardo Campos é a esquerda que a direita gosta. O pior disso tudo é que ele sabe disso, e não se importa. Os magnatas bilionários da mídia de mercado estão entusiasmados com as ações do governador de Pernambuco. E não seria para menos, afinal Campos também é associado à mídia, à imprensa, por intermédio de meios publicitários, com a intenção de ser blindado. Tanto quanto a Aécio Neves, do PSDB, Campos é um dos “queridinhos” da imprensa de negócios privados.

Não poderia ser diferente, porque Eduardo Campos faz em Pernambuco o que os tucanos paulistas fazem em São Paulo há 20 anos, pois são também associados à imprensa local, exemplificada em Globo, Veja, Estadão, Época e Folha de S. Paulo. Alguém tem dúvida sobre o que eu digo? Se há dúvida, então, afirmo: o Jornal do Commercio, o Diário de Pernambuco, a Folha de Pernambuco, a Rede Globo local e a revista Época publicam, sistematicamente, matérias positivas sobre seu governo, bem como é proibido veicular notícias negativas ou simplesmente questioná-lo politicamente, mesmo a ser o governador um agente público eleito pela maioria do povo pernambucano. Tudo isto tem um nome e um objetivo: publicidade do estado nas mídias locais e eleição para presidente da República, pois, evidentemente, que os barões da imprensa de Pernambuco apostam na divisão do Governo Federal e na derrota do PT em 2014. Afinal, os barões midiáticos são do campo da direita. Ao que parece, Eduardo Campos também.

Além disso, para quem não sabe, o governante “socialista” que traiu seus aliados assinou termo de compromisso com a UNE, instituição política ligada ao PC do B, e prometeu destinar 100% dos royalties do petróleo para educação, ciência e tecnologia. Ato contínuo e contraditório, a bancada pernambucana do PSB na Câmara dos Deputados votou contra a destinação de 100% para a educação proposta pela presidenta Dilma Rousseff. Gonzaga Patriota, Ninho e Pastor Eurico, todos do PSB de Pernambuco, foram contrários à proposição da mandatária petista. Por sua vez, 11 deputados “socialistas” de outros estados votaram também contra a proposta da presidenta. Certamente, somente um ingênuo ou alienado acreditaria que o governador Eduardo Campos não sabia da conduta política de sua bancada, em Brasília.

Por isto afirmo e repito: Eduardo Campos é a esquerda que a direita adora! Sua firmeza ideológica é a mesma firmeza de uma gelatina quando cai, acidentalmente, no chão. Seu avô, Miguel Arraes, tal qual a Leonel Brizola, quando foi governador vivia a reclamar de discriminação contra o tradicional e histórico Estado de Pernambuco. Arraes criticava duramente a postura do presidente Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I —, que, solenemente, boicotava os estados e os governadores considerados adversários políticos e os deixavam à míngua, sem dinheiro e poder para mover a roda da economia. Realidade que jamais aconteceu com o Eduardo Campos, neto de Arraes, um dos políticos mais privilegiados nesses anos todos pelo governo do PT.

Com a conquista da Presidência da República por Luiz Inácio Lula da Silva, o tratamento aos governadores mudou, inclusive para os de oposição, que nunca foram prejudicados pelos governos populares do PT. Ao contrário, os governadores tucanos de São Paulo cansaram de recusar ajuda e cooperação, bem como empreenderam ações de boicote e sabotagem aos programas e projetos dos presidentes petistas. Os tucanos recusaram ajuda até para combater o PCC quando a organização criminosa levou terror à população paulista, como nunca se viu na história deste País. Quem duvida da conduta tucana, tenha paciência para pesquisar e leia as edições antigas da imprensa burguesa de caráter golpista.
 
A partir do Governo Lula, Pernambuco cresceu de forma exponencial, como nunca visto antes neste País. Então, repercuto alguns avanços e conquistas, em forma de desenvolvimento econômico e social, no importante estado nordestino, já que o governador “socialista” Eduardo Campos quer respeito, ao tempo que não respeita os seus correligionários e aliados:

1) Pernambuco recebeu a Refinaria Abreu e Lima, em parceria com a Venezuela, depois de uma luta de mais de 50 anos. O acordo foi fechado entre Lula e o ex-presidente Hugo Chávez;
2) Pernambuco recebeu o Estaleiro Camargo Correa, graças à influência de Lula junto ao empresário dono da empreiteira;
3)Pernambuco recebeu a Fiat, porque Lula conversou e negociou com o presidente da multinacional italiana, ao contrário do que diz o líder do PSB na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS);
4)Pernambuco recebeu a Hemobras, estatal importantíssima e estratégica, por causa da interferência e desejo de Lula;
5) Pernambuco realiza obras como a transposição do Rio São Francisco e a Transnordestina porque Lula e sua equipe perceberam que o parque industrial do estado cresceu e produz e vai produzir muito, e por causa disso necessita de estradas, ferrovias e água para atender às demandas que vão girar a economia pernambucana e brasileira;
6)Pernambuco há pouco tempo tinha como ministro da Infraestrutura o político Fernando Bezerra Coelho (PSB/PE), ou seja, o Governo do PT entregou ministério tão importante para o PSB de Eduardo Campos administrar. Afinal, Pernambuco se tornou um estado de empresas e obras de imensa importância;
7)Pernambuco recebeu de Lula o Estaleiro Atlântico Sul (EAS). A indústria construiu o maior petroleiro do Brasil, o navio João Cândido;
8)Pernambuco recebeu, a mando de Lula, as obras de construção e melhoria da BR-101, principal rodovia federal do estado e responsável maior pela circulação de cargas;
9)Pernambuco recebeu, por intermédio do Governo Lula, sete escolas técnicas federais, descentralizou e levou para o interior do estado cinco campus da Universidade Federal Rural;
10)Pernambuco recebeu R$ 30 bilhões do PAC, que financiou inúmeras obras de rodovias saneamento básico e bairros Maravilha; e
11)Pernambuco recebeu a expansão de programas, a exemplo de Projovem, Samu, Bolsa Família, Luz para Todos, Enem, ProUni, Sisu, além do Pronasci, que contribuiu, inegavelmente, com a diminuição da criminalidade no estado, até, então, um dos mais violentos do País.

Todas essas obras e programas geraram milhares de empregos e, consequentemente, fizeram a economia pernambucana dar um salto de qualidade e poder jamais visto pelo povo pernambucano. O governador Eduardo Campos, aquele que se diz desrespeitado e por isto pede “respeito” é um quinta-coluna. Só isso e nada mais.

Não é possível o PT, o PC do B e muitos dos políticos e militantes do PSB engolir desfaçatez e insensatez dessa magnitude perpetrada por Eduardo Campos, que, na verdade, surfou na onda do desenvolvimento social e econômico de Pernambuco, coordenado e colocado em prática, inquestionavelmente, por Luiz Inácio Lula da Silva, presidente trabalhista e socialista, que levou não somente Pernambuco a um novo patamar de crescimento, bem como todo o Brasil.

Um amigo, morador de Recife, disse-me, recentemente, que conversou com um dono de cartório de notas, notório eleitor do DEM, partido dos usineiros e da “elite” pernambucana em geral.  O tabelião, obviamente, não é eleitor do PT. Ele afirmou que, de fato, o ex-presidente Lula governou Pernambuco por oito anos. A verdade é que o líder petista foi o responsável direto por levar um grande número de investimentos para Pernambuco, o que, irrefragavelmente, fez de Eduardo Campos o político do Nordeste com maior visibilidade, bem como o mais cortejado pelos empresários da região, além de passar a ser personalidade contumaz nas manchetes dos jornais da burguesia nordestina e brasileira. E tudo isto o senhor Dudu pode agradecer a Lula.

Eduardo Campos tem direito de ser presidente da República, mas não agora e dessa forma açodada, ingrata e estrategicamente um suicídio político. Antes de o Dudu Campos pensar em enfrentar uma candidatura forte como o é a de Dilma Rousseff, ele vai, primeiramente, ter de disputar votos, no campo da direita, com Aécio Neves, Marina Silva e talvez até José Serra, político tucano que tem voto e experiência. Serra pode roer, inclusive, não somente a corda de Eduardo Campos, bem como o do próprio candidato do PSDB, Aécio Neves. Basta o tucano resolver ser candidato e ir, por exemplo, para o PPS, do rancoroso e matreiro Roberto Freire, ou para o PSD, de Gilberto Kassab, dentre outros partidos, que estão aí para o que der e vier, a exemplo dos recém-criados PROS e Solidariedade.

A política é como as nuvens: muda de forma constantemente e é volátil. Para quem ainda não tem conhecimento, o PT e seus aliados, além do Governo Federal, é claro, publicaram anúncios nos três maiores jornais de Pernambuco sobre as obras de infraestrutura, além de mostrar dados sobre o desenvolvimento econômico e social acontecido nos últimos onze anos no estado.


O Governo Federal quer demonstrar que não é a gestão “socialista”, do PSB a única responsável pelo crescimento de Pernambuco. É evidente que os governos trabalhistas de Lula e Dilma despejaram um caminhão de dinheiro e de serviços em terras pernambucanas e, por conseguinte, o governador Eduardo Campos e seus secretários surfaram em ondas altas, largas e constantes. A onda que os surfistas chamam de deslizantes. E contra a verdade dos fatos nem os usineiros e a extrema direita pernambucana podem negá-la. Dudu quer respeito, mas antes tem de se dar o respeito. É isso aí.

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